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TRATAMENTO

Autistas voltam a ter terapia ABA cortada e são direcionados para o Núcleo de Especialidades de Americana

Situação já aconteceu em julho deste ano e rendeu cobranças de mães; prefeitura diz oferecer o suporte necessário para as crianças

Por Gabriel Pitor

19 de outubro de 2024, às 08h19

A Prefeitura de Americana voltou a cortar nas últimas semanas o custeio da terapia ABA (Análise do Comportamento Aplicada, traduzido do inglês) para crianças autistas e tem direcionado esses pacientes, que vinham sendo atendidos pela Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), para o Núcleo de Especialidades.

Os encaminhamentos, assim como em julho deste ano, estão sendo apoiados por decisões do TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo).

As famílias de crianças diagnosticadas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) pela rede pública e em situação de vulnerabilidade social precisam entrar com ação para ter acesso à terapia ABA sem precisar pagar.

Quando a decisão é favorável à família, que precisa apresentar à Justiça o laudo médico, o paciente é encaminhado para uma instituição conveniada ao Executivo, que subsidia o tratamento.

No caso de Americana, a prefeitura tem contrato com a Apae, com duração de cinco anos e investimento de R$ 3,2 milhões por ano.

Porém, a administração tem ingressado com agravos de instrumento nesses processos, pedindo efeitos suspensivos e alegando que a terapia ABA não está prevista na tabela do SUS (Sistema Único de Saúde).

O TJ-SP tem concedido à prefeitura o direito de afastar a disponibilização desse tipo de terapia e oferecer um tratamento convencional com equipe multidisciplinar — como terapeuta ocupacional, psicólogo e fonoaudiólogo. Por isso, as crianças estão sendo direcionadas ao Núcleo de Especialidades.

Carine Sena, uma das líderes do Grumaa (Grupo de Mães Acolhedoras do Autismo) – Foto: Leonardo Matos/Liberal

Ao LIBERAL, uma das líderes do Grumaa (Grupo de Mães Acolhedoras do Autismo), Carine Sena, afirmou que ao menos duas mães relataram nos últimos dias o corte da terapia ABA. Ela ainda contou as famílias estão preocupadas com essa situação.

“O que a gente sabe é que não teve aumento [no número de crianças atendidas com terapia ABA]. Todos que conseguiram o acesso à terapia pela Justiça recentemente estão sendo enviados para o núcleo e os que estavam sendo atendidos pela Apae estão cortando”, apontou.

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‘Lamentável’

O presidente da Apae, Roberto Cullen Dellapiazza, confirmou a situação e disse que, embora ele reconheça que “os processos trazem altos custos para a prefeituras e plano de saúde”, a Prefeitura de Americana tem tomado uma atitude “lamentável.”

Ainda segundo Roberto foi criada uma grande estrutura para atender à demanda da administração, inclusive com cumprimento de exigências, e que os custos desse serviço são repassados por valores “dois terços menores” ao total.

“A evolução das crianças é fantástica com a terapia ABA, sou testemunha ocular. A prefeitura criou o núcleo, está dando uma carga horária, até onde eu sei, de 30 minutos e isso não vai trazer evolução alguma para as crianças, então as mães têm de estar preocupadas mesmo”, comentou Roberto.

“O que nós da Apae estamos sentindo: não estão trazendo mais demandas, eles deixaram aqueles que já estavam e aos poucos estão tirando. Daqui a pouco nós não vamos ter ninguém lá”, completou.

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Após alguns cortes em julho deste ano, o prefeito Chico Sardelli (PL) chegou a determinar a manutenção do custeio de terapia ABA pela instituição conveniada e anunciou a medida em um vídeo publicado nas redes sociais.

No entanto, nesta sexta (18), o Executivo americanense afirmou que “não está havendo nenhum corte, mas sim, a oferta da assistência no Núcleo de Especialidades, visto que a terapia ABA não está contemplada pelo SUS, portanto, sem custeio do Estado e da União.”

“O município vem oferecendo o suporte necessário como alternativa ao tratamento ABA”, apontou.

Além disso, foi dito que o poder público está se mobilizando para construção de uma clínica específica para o tratamento, mas que isso “requer tempo e planejamento”.

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