28 de abril de 2024 Atualizado 12:36

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Americana

Associação vai fazer muro em volta de abrigo para proteger moradores de rua

Medida foi tomada, segundo presidente de organização que cuidará do local, por conta de ofensas e ameaças de vizinhos

Por George Aravanis

26 de setembro de 2019, às 08h04

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal.JPG
Abrigo vai funcionar em um prédio público cedido à associação

O presidente da Organização Vinde à Luz, Luiz Augusto Roberto, disse ontem que vai mandar construir um muro em torno do abrigo para moradores de rua que será instalado na Rua Paissandu, na Vila Galo, em Americana, com o objetivo de protegê-los. Vizinhos organizaram um abaixo-assinado contra a iniciativa.

Segundo Roberto e a vice-presidente da associação, Lúcia Helena de Assis Roberto, uma moradora já fez ofensas a eles e outro vizinho proferiu ameaças aos futuros moradores, com frases como “só matando mesmo esse povo” – os dois citados negam.

“Eu não ia nem colocar muro na frente, lá é um alambrado. Depois dessa situação a gente pediu até para o engenheiro pôr no projeto um muro para fechar, para tirar a visão dela [uma das vizinhas, que teria feito a ofensa]”. Roberto diz não acreditar que os moradores correrão risco, mas afirma que precisa protegê-los porque são pessoas fragilizadas. O abrigo vai funcionar em um prédio público cedido à associação, que foi contratada pela prefeitura para o serviço. Serão dez vagas para homens. Quatro são para pessoas que já moram em outro local há quase 20 anos e têm deficiência mental. As outras seis são para homens que querem deixar a rua e passarão por triagem da prefeitura. Roberto afirma que dependentes químicos não irão viver lá, já que antes teriam de passar por um tratamento.

A jornalista Silvia Basque encabeçou o abaixo-assinado que, segundo ela, tem 300 assinaturas. O secretário de Ação Social, Ailton Gonçalves Dias Filho, diz que são 120. Questionada sobre a diferença, Silvia disse, então, que não sabia o número exato. “Que diferença faz a quantia, se é 120, se é 300? Ele está argumentando com coisa que não tem importância, ele quer que a gente consiga mil?”

O abaixo-assinado foi levado à prefeitura pelo vereador Thiago Brochi (PSDB). A mãe é vizinha do futuro abrigo. Brochi diz que não é contra a iniciativa. Ele afirma que foi procurado por Silvia e que fez a intermediação para que a prefeitura possa esclarecer o assunto.

A jornalista diz temer pela segurança, por que acredita que os moradores de lá vão receber drogas, beber, “sentar fora do local”.

“Eu não tenho nada contra abrigo, só que a gente sabe que perfil de pessoas que vivem em abrigo”, diz Silvia. “Dependente químico, ex-presidiário, morador de rua. Gente que trabalha e paga os impostos é que não é, né, meu querido”. Ela afixou cartazes no local contra a iniciativa.

Tanto o presidente da associação quanto o secretário de Ação Social dizem que a moradora está enganada. “Os moradores que vão estar lá são pessoas vulneráveis, é mais fácil eles serem vítimas de violência do que eles praticarem qualquer ato de violência”, afirmou o secretário. Roberto lamentou a situação. “Acho um crime, por que aquilo ali é discriminação.”

Segundo Roberto, Silvia xingou e gritou com outros membros da associação, mas ela nega qualquer ofensa. O homem que Roberto diz ter falado em “dar tiro” também nega. Diz apenas que pediu o telefone dos responsáveis pela associação para eventuais problemas.

Publicidade