26 de julho de 2024 Atualizado 20:37

Notícias em Americana e região

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Celebridades

Força do tempo

Laila Garin fala sobre modernidade e maturidade na pele da aguerrida Norma de “Fim”, série do Globoplay

Por GERALDO BESSA - TV PRESS

04 de dezembro de 2023, às 12h44 • Última atualização em 04 de dezembro de 2023, às 12h46

Laila Garin sempre coloca sua intensidade a serviço de suas personagens. É por isso que histórias de alto teor dramático costumam ser as preferidas da atriz. Em “Fim”, a elogiada série baseada no livro homônimo de Fernanda Torres que chegou recentemente ao Globoplay, Laila não só empresta sua densidade como também é atingida pelas complexidades do papel, onde se joga sem rede de proteção para viver a batalhadora Norma, uma mulher comum dos anos 1970 que se descobre à frente do seu tempo ao ter que enfrentar a opressão social por ser desquitada.

“Norma me fez pensar no esquema antigo dos casamentos, na criação dessa imagem de família de comercial de margarina, com todo mundo sorridente e feliz apenas por fora. Ao se livrar de uma união difícil, ela também sofre com o preconceito de não ser mais uma mulher casada, como se não tivesse mais validade. Ela precisa ser muito forte para encarar isso de frente”, avalia.

Na trama, a personagem viu no pedido de casamento do hedonista Silvio, papel de Bruno Mazzeo, a chance de deixar o interior de São Paulo e viver no Rio de Janeiro. Prestativa e amigável, ela até tenta ajudar o marido a enxergar um pouco mais da vida e ir além de uma rotina pesada de vícios e inconsequências, mas acaba concluindo que a missão é impossível. “Toda família tem pessoas parecidas com o Silvio. A série discute a questão do machismo de forma muito interessante, mostrando um período da história onde atitudes absurdas eram vistas como normais e sem chances de qualquer mudança. O texto mostra o que ficou para trás e causa espanto”, avalia.

A tragicomédia acompanha a jornada de nove protagonistas, um grupo de amigos do Rio de Janeiro que faz parte de uma geração que acreditava na utopia da felicidade eterna e foi atropelada pela revolução de costumes das últimas décadas. A trama atravessa o período entre 1968 e 2012 e é dividida em quatro fases que abrangem a juventude, o início da vida adulta, a maturidade e a velhice dos personagens. Ao longo das décadas, eles compartilham amores, traições, mágoas, alegrias, manias, loucuras e frustrações.

“A passagem do tempo é algo muito determinante neste trabalho. A cada nova fase de caracterização e figurinos, os personagens ganhavam outros contornos e posturas. A maturidade vai deixando Norma cada vez mais moderna, por exemplo”, explica.

Sob a direção de Andrucha Waddington e Daniela Thomas, o rejuvenescimento e envelhecimento dos protagonistas foi alvo de muito cuidado nos bastidores. Tudo para evitar exageros e uso de efeitos visuais nas sequências. Com uma intensa rotina de maquiagem e o auxílio de fios para esticar ou envelhecer o rosto, o resultado estético era sempre motivo de surpresa e inspiração para Laila. “Estou acostumada a esses processos, mas o cuidado que envolvia a concepção das cenas nesta série foi realmente diferente. Mesmo com todos os problemas por conta das pausas nas gravações, esse apuro se manteve”, conta.

Com um longo período de ensaios e preparação no segundo semestre de 2019, as gravações de “Fim” acabaram sendo atropeladas pela pandemia logo no início de 2020. Nos anos seguintes, a equipe se manteve unida a cada retomada do trabalho. Apesar de confuso, o processo fortaleceu a amizade entre o elenco principal – formado por nomes como Fábio Assunção, Marjorie Estiano, David Júnior e Heloísa Jorge, entre outros –, e adicionou nuances aos sentidos de vida e morte que permeiam o roteiro.

“Foi um trabalho de muita delicadeza. Os personagens têm seus defeitos e contradições. Só mesmo o tempo e a finitude conseguem dimensionar o impacto dessa convivência na trajetória de cada um. O mosaico desses casais principais é fundamental na identificação do público com a história”, acredita.

Baiana de Salvador e formada em Artes Cênicas, Laila morou muitos anos em Paris e São Paulo até fixar residência no Rio de Janeiro. Sempre pautando sua vida pelo teatro, ela chamou a atenção ao viver a cantora Elis Regina em “Elis – A Musical”. Apesar do foco nos palcos, a visibilidade acabou abrindo portas na tevê. Sem se prender a uma emissora, canal ou serviço de streaming, ela já esteve em novelas como “Babilônia” e “Rock Story”, da Globo, viveu as fortes emoções de “Dom”, do Prime Video, e também se aventurou pela futurista “3%”, da Netflix.

“Sou muito curiosa e cheia de desejos. Ainda tenho muitos papéis para viver, além de autores e diretores com quem quero trabalhar”, destaca. Cantora inspirada, Laila lançou recentemente um álbum em dupla com o cantor e compositor Chico César e, no momento, celebra o retorno de “Elis – A Musical” para uma turnê comemorativa de 10 anos. “A cabeça não descansa nunca. A gente vai planejando, fazendo e vivendo”, detalha, entre risos.

“Fim” – Globoplay – episódios inéditos às quartas.

Publicidade