03 de maio de 2024 Atualizado 14:15

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Pet

Ataques de pit bull reforçam estereótipo agressivo; especialistas analisam

Os últimos casos chocaram o País, mas profissionais da área não correlacionam ataques com a raça

Por Stela Pires

22 de abril de 2024, às 09h25

Os recentes casos de ataques de cães envolvendo a raça APBT (American Pit Bull Terrier) chocaram a sociedade e reforçaram a ideia de que esses animais podem ser perigosos. Especialistas em comportamento animal e adestramento, no entanto, apontam que a agressividade não está ligada diretamente à raça, mas sim à criação do cão.

As ocorrências de mais destaque estão relacionadas à escritora carioca que acabou perdendo um braço após o ataque de três cães, e de um morador de Mogi Mirim que acabou sendo morto pelo próprio cachorro depois de uma crise convulsiva em casa.

📲 Receba as notícias do LIBERAL no WhatsApp

Esses casos não são únicos e isolados. Em uma rápida pesquisa é possível encontrar inúmeras notícias em relação a ataques envolvendo a raça. 

“Para saber a causa exata de qualquer caso de agressão de cães contra seres humanos é necessária uma avaliação minuciosa de todo o contexto”, disse o médico veterinário comportamentalista Reinaldo Muller Bertier, de Americana. 

O comportamento do pit bull pode estar relacionado à forma como ele foi criado – Foto: Adobe Stock

Esse contexto abrange desde como o cão é manejado e criado, até se ele tem algum distúrbio comportamental.

De acordo com o especialista, a maioria dos ataques não são da raça American Pit Bull Terrier, mas sim de cães mestiços. “Essa mestiçagem ocorre através de cruzamentos errôneos e de pessoas sem conhecimento na área, o que acaba gerando cães instáveis emocionalmente”, apontou.

Reinaldo, que também trabalha com reprodução de raças, conta que um criador ético deve seguir um protocolo de cruzamentos criterioso, no qual os filhotes seguem uma linha de características comportamentais.

Siga o LIBERAL no Instagram e fique por dentro do noticiário de Americana e região!

Segundo o médico veterinário, existe um “mito” em torno da raça, assim como já existiu para outras tantas em décadas passadas. Exemplos são o Dobermann, com a ideia de que o crânio do animal apertava o cérebro, e o Rottweiler, considerado “traiçoeiro”.

“O American Pit Bull Terrier, mais conhecido como Pit Bull, não tende a ser agressivo com pessoas. Porém, como todo cão, independente do tamanho, deve ser acompanhado por um profissional”, disse.

Ele aponta que, independente da raça, o aconselhado é que os tutores tenham a orientação de um profissional qualificado, principalmente para aqueles que são inexperientes na criação de cães.

“Antes de uma pessoa adquirir um APBT é preciso ter em mente que é uma raça que dificilmente vai viver com outros animais, que necessitam de atividades físicas e mentais constantes”, disse. 

Além disso, Reinaldo reforça que a raça não é adequada para pessoas sem experiências anteriores com cães com alto grau de energia, assim como o pit bull.

Faça parte do Club Class, um clube de vantagens exclusivo para os assinantes. Confira nossos parceiros!

De acordo com a adestradora Claudia Morais, de Americana, o adestramento é imprescindível para essa raça. “É importante para que ele aprenda a se comportar, trabalhar a obediência e a socialização”, disse.

Ela aponta que alguns ataques são provenientes da falta de preparo do cão para algumas situações do dia a dia. Neste âmbito, é necessário que este cachorro passe por um treinamento, com comandos básicos de “fica” e delimitando o “não”, que evitará problemas de fuga, por exemplo. 

Esse adestramento pode começar antes mesmo das vacinas estarem completas, segundo Claudia. O treinamento de comandos, delimitação de espaço para necessidades e criação de costume com guia podem ser realizados dentro de casa.

Claudia também orienta que a criação de uma rotina com o cão é essencial, além do gasto de energia e uma boa alimentação.

O treinamento em três fases

A fase da comunicação
Neste período os tutores vão aprender a se comunicar de forma clara e objetiva com o cão, pois a principal forma de comunicação de um cão não é a verbal.

Educação do cão
Em seguida serão estabelecidos limites, estipulando horários e determinado quem gerencia os recursos que provêm a sobrevivência do animal.

Adestramento
Por fim e não menos importante, o adestramento propriamente dito. Nesta etapa está inclusa a obediência, ensinando o cão a sentar, deitar, ficar, vir ao chamado e etc. Também é trabalhada a chamada “obediência avançada”, na qual o cão aprende truques mais sofisticados.

Fonte: médico veterinário comportamentalista Reinaldo Muller Bertier 

As notícias do LIBERAL sobre Americana e região no seu e-mail, de segunda a sexta

* indica obrigatório

Publicidade