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Revista L - Motors

Unidos pela paixão

Clubes, passeios e eventos reúnem apaixonados pelo motociclismo, off-road e carros antigos em Americana

Por Isabella Holouka

05 de setembro de 2021, às 08h36

O fascínio pela cultura do motociclismo é o que instiga a criação de moto clubes em todo o Brasil, e com o Nosferatu Moto Clube não seria diferente. O grupo de Americana, fundado há cerca de 20 anos, começou com o intuito de reunir amigos com essa paixão em comum para a organização de encontros de motos.

O clube Nosferatu conta com 28 membros comboio de motos na estrada, com amigos e simpatizantes – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal

“Eu conhecia pessoas que participavam e percebi que era tudo aquilo que eu gostava, andar de moto e conhecer gente. Nos uníamos para ir a outras cidades prestigiar os eventos dos outros moto clubes e conhecer pessoas. O mais legal é continuar agregando, não necessariamente como membro, mas como amigo”, conta Jaime Fernando Sanchez Moreira, servidor público de 41 anos e atual presidente do Nosferatu MC, que pilota uma Harley-Davidson, quase sempre na companhia da esposa e de sua filha.

O clube conta com 28 membros e costumava se reunir todo segundo sábado do mês no Mercado Municipal de Americana, além das idas a encontros de motos promovidos na região e eventuais viagens – sempre abertas a não membros. “Formamos um comboio de motos na estrada, com amigos e simpatizantes”, resume Jaime sobre a paixão.

Na atualidade, por conta das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a mobilização do grupo acontece especialmente em função de campanhas do agasalho, arrecadação de alimentos, produtos de higiene e remédios para instituições da cidade.

Rosa de las Mercedes Sanchez Gallarte Alves Moreira, de 70 anos, e Jair Alves Moreira, 69, são os veteranos no grupo. “Meu marido e eu sempre tivemos moto, desde os 18 anos, na década de 1970”, conta Rosa. “Naquele tempo antigo íamos para Serra Negra, Monte Sião, Águas de São Pedro, São Pedro, Águas de Lindóia, andávamos por aí, Guarujá, São Vicente, Ubatuba, sempre em encontros de motos. Com o tempo, e com a aposentadoria, começamos a viajar mais. Fomos para a Bahia, para o Sul do Brasil, em Foz do Iguaçu, para o Ushuaia (Argentina), Deserto do Atacama (Chile), Machu Picchu (Peru)”, lembra a garupa. O casal já teve diversas motos, Jawa, Yamaha, e hoje tem uma BMW R 1200 GS.

Rosa, 70 anos, e Jair, de 69, são os veteranos no grupo Nosferatu – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal

Presidente do Extrema Liberdade Moto Clube, também de Americana, Wagner Batista dos Reis, empreendedor de 45 anos que pilota uma Honda CB450, ressalta que a ideia é que o moto clube seja como uma grande família, com convivência e parceria intensas. “Ainda mais entre os mais antigos do clube, permanecemos e acabamos criando um vínculo muito grande”, afirma ele, sobre o grupo que hoje é formado por 12 pessoas e iniciou há cerca de 15 anos.

Além dos dois grupos, Americana possui outros motoclubes, como Cães de Zorba, Sociedade de Malta e Nossa Senhora do Asfalto. Eles se multiplicam pela região: Santa Bárbara Moto Clube, Trauma e Motoclube Santa Fé, em Santa Bárbara; Batman Moto Clube, em Nova Odessa; Espírito Livre, em Sumaré, e por aí vai…

Presidente do Extrema Liberdade, Wagner ressalta que a ideia é que o moto clube seja como uma grande família, com convivência e parceria intensas – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal

‘BAD BOYS’ DO BEM. Por trás do visual roqueiro de seus membros, com botinas e jaquetas de couro, os moto clubes não escondem apenas uma face solidária, mas também ordem e critério na aceitação de novos membros.

Os clubes costumam ter regras distintas, mas a dinâmica é simples: além de ser convidado por um membro, o novato precisa ganhar a confiança dos demais, durante um período de testes em que é apelidado de “próspero”. Encontros de motos são exceção à regra, pois estão sempre abertos ao público geral, mesmo a quem não está motorizado ou sobre duas rodas. “O clube traz benefícios como confraternizações, ter pessoas próximas para te ajudar inclusive se você tem alguma dificuldade com a moto. Mas temos muitas regras de conduta, de respeito ao próximo, à legislação de trânsito, às diferenças entre as pessoas, isso é rígido nos moto clubes. O pessoal também respeita muito a hierarquia”, descreve Jaime.

Ao longo deste período de adaptação, o novato vai conquistando os patches – emblemas bordados aplicados no peito ou nas costas – com brasão e nome do moto clube. No Nosferatu a introdução ao grupo leva um ano; já no Extrema Liberdade, dois anos.

OFF-ROAD É EMOÇÃO. Quanto pior o caminho, melhor o passeio. Essa é a mentalidade dos Coyotes Off-Road quando reúnem jipeiros de Americana e região para as trilhas. “É uma coisa animal, passamos por buracos, por árvores que caíram, às vezes usamos guincho para sair, lugares que têm buraco dentro de buraco. São trilhas pesadas, que requerem bastante conhecimento de quem está dirigindo, e só entra quem conhece”, descreve Jaime Bortoletto Júnior, engenheiro mecânico de 55 anos, idealizador do clube e integrante da administração, proprietário de uma Toyota Bandeirante.

Jaime, idealizador do Coyotes Off-Road, é proprietário de uma Toyota Bandeirante – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal

Quem tem a viatura mais devagar vai à frente, e dita a velocidade do grupo, que costumava reunir cerca de 20 carros semanalmente para as trilhas, antes da pandemia da Covid-19. As trilhas muitas vezes levam mais de 5 horas para serem completas, sábados inteiros, e são feitas em propriedades privadas nas cidades da região.

Já os passeios, que normalmente envolvem as famílias dos jipeiros, costumam ter um destino final. “Vamos até Brotas e, ao invés de pegar as rodovias, vamos por terra. Existem caminhos em meio a plantações, e vamos por elas. Levamos o dobro, às vezes o triplo do tempo para chegar, mas encontramos uma poça d’água, uma árvore que fazemos piquenique embaixo, e assim vamos”, conta Bortoletto.

O primeiro e o último jipe vão sempre com as rádios ligadas, comunicando-se entre si – especialmente quanto às paradas no meio do caminho, para fotografar, fazer um pit-stop, ou em caso de urgência. “O objetivo não é chegar, mas sim o que vamos contar de história nesse período, entre sair de casa, quando começa o passeio, e voltar”, aponta o idealizador do grupo.

Atual presidente do clube, Wonei Nardario, empresário de 57 anos que dirige um Jeep Willys, diz que o Coyotes Off-Road, fundado nos anos 2000 em Americana, tem hoje cerca de 90 membros de toda a região, e a principal maneira de ingresso é através de convite. Os integrantes não precisam ter um carro 4×4, podem participar ativamente das trilhas como “Zéquinha”, apelido colocado sempre no carona.

Atual presidente do Coyotes Off-Road, Wonei Nardario, empresário de 57 anos que dirige um Jeep Willys – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal

Por conta da pandemia, todos os encontros estão suspensos, e o trabalho filantrópico junto à comunidade passou a ser prioridade. Entretanto, continua o orgulho de ser Coyote.

“Temos orgulho e vestimos a camisa. Nossos membros têm que ter um espírito Coyote de quem entra no barro até o joelho para ajudar um amigo atolado, ou socorre um amigo que está com o carro quebrado, chama um guincho, ou reboca ele mesmo. Mantemos a unidade, somos amigos, assim nasceu o nosso grupo lá atrás”, conclui Bortoletto.

AMOR PELO ANTIGO. Fuscas, Kombis, Brasílias, Variants, Chevettes e Opalas de um lado. Dodges, Galaxys, Landaus e caminhonetes do outro.  A paixão pelos modelos que têm décadas de existência é combustível para o Encontro de Carros Antigos de Americana, evento anual que acontece desde meados de 2010 com a organização de Thiago Martins, atual presidente da Câmara Municipal de Americana.

O evento iniciou na Fidam (Feira Industrial de Americana) e nos últimos anos tomou o CCL (Centro de Cultura e Lazer) e a Avenida Brasil. Segundo o organizador, em 2019 foram mais de 500 automóveis e 18 mil visitantes, durante todo o dia do evento.

O encontro de Americana é o terceiro maior do Estado, ficando atrás do evento promovido em Águas de Lindóia e do paulistano Encontro da Luz, na Estação da Luz. Em 2020 e 2021 não ocorreu devido às medidas contra a disseminação do novo coronavírus (Covid-19).

Além da exposição de carros, o evento conta com praça de alimentação, estandes com miniaturas ou itens relacionados ao mercado automobilístico e mercado de pulgas — oportunidade para os proprietários encontrarem peças ou acessórios para seus carros antigos.

“A paixão pelo automobilismo está no brasileiro. Sempre gostamos de carro, de Fórmula 1, e esse segmento dos antigos é de pessoas que têm histórias com seus veículos. Tem gente que acompanha desde o primeiro evento, estão com saudades e querem logo a próxima edição”, afirma o vereador.

Gilson Rogério Teixeira, coordenador de segurança de 46 anos, é um dos apaixonados que mal podem esperar pelo próximo Encontro de Carros Antigos em Americana. Enquanto isso, ele trabalha em modelos para apresentar ao público assim que possível: uma caminhonete Ford F-100 de 1959 e um Volkswagen Brasilia de 1978, que estão em sua oficina, além de um Chevrolet Suburban de 1951 e um Ford Anglia de 1941 em processo de pintura em funilaria especializada.

Apaixonado por carros antigos, Gilson não vê a hora de poder expor sua caminhonete Ford F-100, de 1959, em eventos pela região – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal

Reformar e restaurar os carros são passatempos de Gilson, que depois de todo o trabalho costuma vender os automóveis. “Eu fui mecânico durante 18 anos, então sei bastante, e também tenho amigos, ajudamos um ao outro. Demora no mínimo 2 anos para fazer um carro porque trocamos tudo, tentamos colocar uma mecânica moderna”, conta ele, que já reformou pelo menos 12 automóveis antigos.

Os encontros são oportunidades de mostrar os carros, conquistar ofertas, e se o veículo for premiado, impulsionar o preço de venda. Mas Gilson também destaca a diversão: “Reunimos amigos, todos apaixonados por carros antigos, assim já fomos em 70 carros para um evento, todos juntos. Era de parar a rodovia”, lembra. 

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