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Revista L - Motors

Da brincadeira ao colecionismo

O universo das réplicas de carros em miniatura, do ponto de vista de três colecionadores apaixonados

Por Isabella Holouka

03 de setembro de 2021, às 08h29

O reencontro com a infância e a adolescência, através de uma BMW M3 amarela da Hot Wheels, foi o que reacendeu no analista de sistemas de 38 anos, Matheus Destefani, o amor pelo colecionismo de réplicas de carros em miniatura. Foi a partir do carrinho perdido que o morador de Sumaré recomeçou sua coleção, que hoje tem mais de 500 unidades.

Matheus e sua coleção com mais de 500 unidades – Foto: Diego Dusso – O Liberal

“Quando eu encontrei esse carrinho, lembrei de quando era criança. Deixei de lado alguns carrinhos da escala de 1:24 que eu já tinha, até porque são mais caros. Peguei esse carrinho da escala 1:64, comecei a pesquisar essa questão de escala, e me aprofundar no colecionismo, conhecendo e aumentando a minha coleção”, conta.

Conhecimento sobre o colecionismo é importante, segundo o Matheus, pois ajuda a evitar compras aleatórias. Ele diz que o universo das réplicas é como um “buraco sem fundo”, com uma diversidade imensa de carrinhos, e muitas variações de um mesmo modelo, inclusive.

A Hot Wheels é a líder global, marca mais conhecida e acessível deste universo no Brasil, mas não é a única. Matheus cita Maisto, M2 Machines e Greenlight, e há ainda as fabricantes Jada Toys, Welly, Bburago, Kinsmart, Saico, MotorMax, e muitas outras ao redor do mundo.

As marcas produzem miniaturas com diversas escalas, em relação aos automóveis reais, que permitem diferentes níveis de detalhamento. Neste sentido, quanto maior a réplica, mais detalhada ela costuma ser. No caso de um Hot Wheels, os carrinhos medem 8 cm, sendo 64 vezes menores que seus equivalentes reais – vem daí a escala 1:64.

A marca da Mattel lançada em 1968 tem três linhas principais na produção de carrinhos. A primeira é a “Mainline” (“linha principal”, na tradução do inglês), com modelos produzidos em maior quantidade e, portanto, mais fáceis de serem encontrados.

Com maior nível de sofisticação, vem em seguida os “Treasure Hunts” (“caças ao tesouro”, na tradução do inglês), também chamados de “THunts”, carrinhos produzidos em menor quantidade e identificados com selo. Já os “Super THunts” são como a nata dos “THunts”, modelos cuja produção é ainda mais rara e que costumam levar materiais especiais.

Apesar das diferenciações, Matheus explica que as réplicas da Hot Wheels têm sempre o mesmo custo nas lojas, variando de R$ 10 a R$ 15. Contudo, a raridade de alguns modelos impulsiona um mercado paralelo pela internet, em que as miniaturas mais valorizadas entre os colecionadores costumam custar entre R$ 50 e R$ 700 na revenda, podendo alcançar valores muito maiores.

“No Brasil, modelos muito requisitados pelo colecionismo são da Volkswagen, Fuscas, Kombis. No caso de uma Kombi, de um modelo bem raro e específico, já vimos pessoas vendendo a R$ 10 mil”, conta o colecionador.

Uma tendência forte entre os colecionadores, e que também movimenta o mercado de miniaturas, são as customizações. “Normalmente vem rodinhas de plástico, mais simples.

Trocamos por modelos mais detalhados e fazemos uma pintura estilizada. Dependendo da customização, torna a miniatura única, e isso tem o seu preço. Um carrinho comprado a R$ 10, chega a ser vendido por até R$ 200”, detalha Matheus, citando a pinça e a lupa como ferramentas indispensáveis para tarefas tão minuciosas. Com a coleção se multiplicando, ele decidiu focar nas picapes, e continua em uma busca empolgada por modelos que chamem a sua atenção. “É o meu momento. Não fico brincando, mas só de pegar para fazer a customização, ter um tempinho ali para cuidar dos carros, é um passatempo que eu gosto, passo horas ali, olhando os detalhezinhos”, finaliza.

PASSATEMPO. Na coleção de André Frota Contreras Faraco, arquiteto e urbanista de 27 anos, as réplicas em miniatura em madeira – que beiram o artesanal – são as queridinhas em uma coleção que tem pelo menos 200 carinhos na menor escala, 1:64, e outros 60 em escalas maiores. O morador de Santa Bárbara conta ter ganhado em 1996, aos 2 anos de idade, a Fórmula 1 em madeira que é seu grande xodó. Ela, e outras miniaturas em madeira, tem um espaço especial reservado nas estantes de André.

André coleciona miniaturas desde a infância, quando os carrinhos eram seus brinquedos – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal

“Eu era criança e os meus brinquedos, desde sempre, foram réplicas de carrinhos e barcos, principalmente carrinhos. Um dos primeiros que eu tenho lembrança é um carrinho de Fórmula 1 de madeira, que ganhei do meu pai, e era maior do que eu. É um dos meus xodós, e desde então a coleção só aumenta”, conta.

Atualmente, no colecionismo de André, ganham espaço as réplicas realistas, evitando os modelos muito futuristas ou inventados, com detalhes que fujam da realidade. “Quando eu encontro um carrinho, uma réplica bem feita, que reproduz os detalhes do carro original, aí eu compro. Eu gosto muito das réplicas de carros antigos, mas meu critério de seleção é pelo mais próximo possível do carro real. Nada de inventado, e até por isso eu não faço personalização dos carrinhos”, afirma.

Assim como o André, Johny Willian Ribeiro, controlador de acesso de 34 anos, resgata o menino que vive em si mesmo através da paixão pelos carrinhos. Colecionador desde os 12 anos, época em que a família não tinha condições financeiras para comprar variadas miniaturas, Johny tem hoje mais de 60 unidades e foco nos carros tunados – modelos rebaixados, com rodas grandes e bastante personalizados. Ele conta que, no início do colecionismo, chegou a ser criticado por “gastar dinheiro com brinquedo”, uma má impressão que logo ficou para trás quando as pessoas ao redor dele perceberam que o amor era genuíno.

Johny, colecionador desde os 12 anos, resgata o menino que vive em si mesmo através da paixão pelos carrinhos – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal

“Tenho uma paixão por carros e por motos, pelos motores. Isso me atraiu, eu sempre quis esses brinquedos quando criança, então quando eu tive acesso fui comprando e aumentando a coleção”, finaliza. 

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