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Revista L - Motors

A vez dos veículos elétricos sobre duas rodas

Bicicletas, motos e patinetes elétricos têm visto a demanda disparar nos últimos meses, e projeção é de crescimento ainda maior para esse ano

Por Marina Zanaki

02 de setembro de 2021, às 08h46

Veículos elétricos como bicicletas, motos e patinetes viveram uma explosão de demanda nos últimos meses. A crise econômica provocada pela pandemia de Covid-19 e a disparada no preço dos combustíveis chamaram a atenção da população para a funcionalidade desses modelos elétricos de pequeno porte, muito mais econômicos.

Pesquisa da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas indica que houve um crescimento de 28% nas unidades de bicicletas elétricas no mercado brasileiro no ano passado. As projeções para 2021 vão de 23% a 34% de incremento nas vendas.

Empresário Henrique Trevisan viu procura pelos veículos elétricos disparar – Foto: Marcelo Rocha – O Liberal.JPG

O principal fator que chama atenção nesses veículos de duas rodas é a economia. Cerca de R$ 7 em recarga de eletricidade possibilitam 450 quilômetros rodados, uma estimativa de R$ 0,02 por quilômetro. A conta é tentadora, principalmente diante do preço do litro da gasolina atualmente, sempre acima dos R$ 5.

A estimativa foi feita pelo proprietário da Trevisan Motors, Henrique Trevisan. O empresário, que comercializa bicicletas e motos elétricas, contou que observou um aumento de 40% nas vendas no último ano.

“Ao contrário do que todo mundo pensa, não é o público classe A. Hoje, 95% das minhas vendas são para pessoas que tinham dois carros, veio a pandemia e precisaram vender um, pessoas que estão gastando muito com combustível. Hoje, só 5% é para lazer”, revelou o empresário sobre o mercado.

A rede possui cinco lojas e recentemente bateu a marca das mil motos elétricas vendidas. Henrique acredita que o setor ainda está engatinhando e tem muito espaço para crescer nos próximos anos.

A aposta são motos elétricas mais potentes e que podem andar em rodovias. A Trevisan trabalha com veículos que fazem até 45 quilômetros por hora, e, portanto, não são autorizados a rodar em pistas.

SUSTENTABILIDADE. Essa limitação não é um problema para os sócios Fabio Teixeira, 42 anos, e Renan Dias Jorge, 27. Os arquitetos possuem um escritório em Americana e resolveram comprar scooters para deslocamentos relacionados ao trabalho, que ocorrem principalmente dentro da cidade. Visitas a clientes, obras e depósitos têm sido feitos com as scooters há cerca de três meses.

 Os arquitetos Fabio e Renan trocaram os carros pelas scooters no dia a dia do trabalho consciência ambiental pesou – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal.JPG

Ao lado da redução expressiva de custos, a consciência que o veículo não emite gases poluentes também pesou na decisão. “Eu gastava bastante com gasolina, agora reduzi de 40% a 50% meu custo com locomoção. E como somos arquitetos, a sustentabilidade é algo que temos que pensar”, disse Renan. Outra vantagem foi promover uma reeducação no trânsito. “A scooter não desenvolve grandes potências, tem força e velocidade limitadas. 

Não adianta ir com pressa, ela vai naquela constância, tenho que sair no horário. De carro você acelera, fica nervoso, com a scooter você entra num estado consciente que não vai ultrapassar, tem que ir com calma”, contou Fabio.

PATINETE. A empreendedora Vitória Pavan Stucchi, 28, se desloca desde 2019 com um patinete elétrico. Todos os dias ela sai da Rua São Gabriel, próximo ao Portal de Americana, até o Centro da cidade. Além da economia, ela destaca a praticidade. Se consegue uma carona, é só dobrar o patinete e seguir ao destino.

Vitória se desloca diariamente da Avenida São Gabriel até o Centro de Americana usando seu patinete elétrico praticidade e economia – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal.JPG

Vitória destacou que é preciso estar muito atenta ao longo do trajeto.

“É complicado porque carros não respeitam. Se já não respeitam bicicleta e gente, os carros não vão respeitar patinete. Também é bem ruim a rua, o asfalto tem muitos buracos, remendos, tenho que olhar para o chão o tempo todo. Qualquer buraquinho eu caio”, ponderou.

A empreendedora disse que aderiu à ideia de veículo elétrico para a vida. O sonho é um dia comprar um carro elétrico, mas avalia que ainda é muito caro. Enquanto isso, planeja um patinete mais potente.

CONTEMPLAÇÃO. A auditora Letícia Nayara de Oliveira Rodrigues, 21, cruza Americana todos os dias no caminho para o trabalho com sua bicicleta elétrica. Moradora do Jaguari, ela trabalha na Avenida Cillos.

Ela fazia o trajeto dividindo o Uber com uma colega, e gastava cerca de R$ 330 por mês. Desde que investiu na bicicleta, há três meses, viu o gasto mensal com deslocamento cair para cerca de R$ 30, registrados na conta de energia da casa.

“Estou em processo de tirar minha habilitação, mas pretendo continuar usando minha bicicleta para ir trabalhar, está sendo muito econômico. E eu adoro esse momento, sentir o ar no rosto, observar tudo à minha volta no trajeto. Dá para chegar em tempo e observar, não é rápido o suficiente para passar despercebido”, contou a auditora. 

Perguntas e respostas

  • É preciso ter habilitação?
    Para a maioria dos modelos não. Há exceções, dependendo do tamanho.
  • Precisa recolher IPVA?
    No geral, não. Mas há exceções, também dependendo do modelo.
  • É preciso usar capacete?
    Sim, é item obrigatório.
  • Quanto custa uma moto ou bicicleta elétrica?
    O preço varia, mas fica geralmente entre R$ 4 mil e R$ 15 mil.
  • Possui garantia?
    Sim, mas bastante curta. Os modelos geralmente têm de três meses a um ano de garantia.

Dicas para cuidar de um elétrico de pequeno porte

Moradora do Jaguari, Letícia cruza Americana todos os dias no caminho para o trabalho com sua bicicleta elétrica – Foto: Ernesto Rodrigues – O Liberal.JPG

O coração de um veículo elétrico é a bateria. Junto com o motor, ela representa cerca de metade do preço do produto. Portanto, os cuidados preventivos são essenciais para garantir uma vida longa desse item.

Proprietária da Tech Move Assistência em Mobilidade Elétrica, Juliélen Cristina Lima deu algumas dicas de como cuidar bem da bateria de veículos elétricos. A empresa realiza manutenções de bicicletas, motos e patinetes elétricos a domicílio na região.

“Por ser de lítio, a bateria tem uma durabilidade maior. Mas não pode deixar o veículo parado por 15 dias, um mês, pois ocorre perda da bateria quando não está em rotação constante. Sempre orientamos os clientes a fazerem uso contínuo e recarregar. Se ela ficou muito tempo parada, não pode ser recarregada 100%, a primeira recarga deve ser com 80%”, orientou Juliélen sobre o desempenho.

Ela estima que as baterias durem entre seis meses e dois anos, dependendo dos cuidados e do uso do veículo elétrico pelo motorista. De maneira geral, a queixa mais frequente ouvida pela empresária são barulhos nos freios. Juliélen explicou que, como é um veículo silencioso, muitos condutores escutam sons na frenagem e procuram a oficina em busca de reparos. Na maior parte das vezes, contudo, pequenas manutenções são suficientes para acabar com os barulhos encontrados.

A chuva é uma grande preocupação dos donos de veículos elétricos. Juliélen explicou que, quando a bicicleta ou moto molhar, é preciso secá-la. Outra dica é manter pequenas revisões em dia, como aperto de parafusos e também a calibragem dos pneus.

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