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Bem-Estar

Gordofobia na quarentena

Ju Ferraz alerta para o preconceito disfarçado de preocupação ou humor

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31 de julho de 2020, às 10h26

Passamos por um período de isolamento que já dura mais de 80 dias, e com ele, você já deve ter se deparado com brincadeiras nas redes sociais, como “antes e depois da quarentena” e “até o final da quarentena me tornarei um caminhão”, que comparam biotipos físicos.

Apesar do tom humorístico, a reprodução dessas publicações banalizam transtornos alimentares e prejudicam a saúde mental de pessoas que se sentem oprimidas por estarem fora dos padrões estabelecidos socialmente.

A influenciadora e executiva Ju Ferraz, que defende o movimento body positive, alerta sobre o impacto dessas publicações. “Infelizmente, algumas pessoas não têm clareza do seu valor, no sentido de entender que seu corpo não vale mais do que o que você é de verdade, dos que seus princípios e valores, fazendo com que se sintam humilhadas. Então, não é o momento de propagarmos conteúdos que causem essa sensação”, alerta.

Empresária e defensora do movimento body positive destaca que posts de cunho cômico, porém preconceituosos, ganharam força nas redes sociais – Foto: Divulgação

Atualmente Diretora de Novos Negócios e RP da Holding Clube, uma das principais agências de live marketing do Brasil, Ju Ferraz foi diagnosticada com Burnout há cerca de dois anos. Durante o processo de cura, a empresária engordou alguns quilos, e decidiu compartilhar suas dores e angústias por meio de artigos e cartas abertas em suas redes sociais.

Após se sentir acolhida por seus seguidores e pessoas próximas, ela decidiu usar seus canais pessoais para disseminar conteúdos que abraçam a diversidade e alertar sobre práticas gordofóbicas. “As pessoas precisam entender que estamos vivendo um momento muito maior. É o momento de olharmos para o outro com respeito, de ajudar, e não de julgarmos alguém por usar 36 ou 46”, conta.

Os conteúdos de tom pejorativo, todavia, não surgiram durante a quarenta, mas se fortaleceram. Períodos festivos, como Natal e Ano Novo, são outras ocasiões que resultam em publicações comparativas e preconceituosas. “Todos sabemos que esse conteúdo já existia, mas estamos passando por um momento muito delicado, e as redes sociais são a nossa distração, o canal para nos mantermos perto, mesmo estando longe. Por isso, damos mais atenção, por estarmos mais conectados e sentirmos que a preocupação maior agora é em engordar, do que nos curarmos”, destaca Ju.

Junto ao conteúdo disseminado nas redes sociais, há expressões usadas no cotidiano que trazem um tom provocativo e intolerante, e mesmo usadas inconscientemente ofendem pessoas com corpos gordos, dentre as mais comuns: “parabéns pela perda de peso”, “acima do peso ideal”, “gordice”, “bonita de rosto”, “cheinha”, “excesso de gostosura”, entre tantas outras. “Estamos falando também de saúde mental. Fazer brincadeiras com o corpo de uma pessoa, seja ele como for, não é piada”, ressalta.

AJUDA

A executiva aponta para a necessidade da mudança de foco frente ao momento que vivemos, e a importância de não contribuirmos com uma sociedade opressora. “O que mais precisamos agora é ajudar uns aos outros, um momento que já traz uma instabilidade mental não deve ser alimentado com gatilhos que só pioram a situação”, afirma.

“Precisamos buscar referências, saber quem somos, nossos valores, nos amar como amamos os outros, e principalmente nos cuidarmos. Que nada atrapalhe os nossos sonhos, porque o corpo é um templo sagrado, mas ele não diz tudo sobre nós”, conclui Ju, que indica instagrams como o de Rita Carreira, Alexandrismos e Lettícia Muniz para inspiração e conhecimento sobre autoestima.

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