26 de abril de 2024 Atualizado 16:08

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Prevenção ao suicídio

Setembro Amarelo: conscientização da saúde emocional

Segundo psicanalista ouvida pelo LIBERAL, terapias são fundamentais para a prevenção ao suicídio e são indicadas a todos

Por Isabella Holouka

18 de setembro de 2020, às 17h23 • Última atualização em 18 de setembro de 2020, às 17h26

O mês de setembro é marcado pela conscientização sobre a prevenção do suicídio desde 2015, após a criação da campanha Setembro Amarelo, pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

A cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Uma pessoa atenta contra a própria vida a cada três segundos. A estimativa é que ocorram cerca de 1 milhão de casos de morte por suicídio por ano, em todo o mundo.

Setembro amarelo: realização de terapia ainda é um tabu – Foto: Divulgação

A média anual de suicídios no Brasil é superior a 13 mil, segundo divulgado no ano passado pelo Ministério da Saúde. Os índices, contudo, são bem maiores, devido à subnotificação e também porque muitas mortes de suicidas são atribuídas a outras causas, como politraumatismo e atropelamento.

O suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos, prioritariamente do sexo masculino.

A decisão de tirar a própria vida é impulsionada, em mais de 90% dos casos, por distúrbios mentais e transtornos de humor, entre os quais a depressão se destaca, já que afeta 5,5% da população, ou um total de 11,5 milhões de brasileiros.

Contudo, nove em cada dez mortes desse tipo podem ser evitadas, ainda de acordo com a OMS. “É importante lembrarmos que as pessoas que pensam em cometer suicídio não querem morrer,  na verdade estão tentando lidar com uma fratura emocional com a qual elas não encontram saída para amenizar a dor”, explica a psicanalista clínica Elisabel Gomes Castro, especialista em programação neurolinguística e inteligência emocional.

“As tentativas de suicídio são construídas ao longo do tempo. Podemos ter situações de abandono vivenciadas que se somatizam, e o pensamento de morte começa a ser construído. Em um momento de desespero, vêm as tentativas”, pontua.

QUADRO PSIQUIÁTRICO

A tendência suicida está ligada a falta de tratamento adequado a um quadro psiquiátrico. Um estudo internacional feito com prontuários de 15.629 pessoas de todo o mundo que tinham se suicidado revela que 96,8% tinham algum quadro psiquiátrico. Dessas, 35,8% tratavam transtornos afetivos ou de humor; 22,23% faziam uso ou abuso de álcool e outras drogas; 11,6% tinham transtornos de personalidade; 10,6% apresentavam quadro de esquizofrenia; 6,1% sofriam transtorno de ansiedade.

“Às vezes uma pessoa está sorrindo ao nosso lado, e amanhã acaba tentando o suicídio. Como podemos perceber? A única forma é ouvindo o que as pessoas falam e observando o comportamento, incluindo aquilo que elas não estão dizendo. Uma coisa é estar triste por algum motivo, outra é ser triste com a vida”, afirma a psicanalista.

PRECONCEITO

Segundo a psicanalista clínica Elisabel Gomes Castro, o preconceito em relação à terapia ainda é uma grande dificuldade na busca pela saúde mental, já que a maioria das pessoas continua associando a procura por um psicólogo ou psiquiatra a “coisa de gente maluca”.

“Na verdade, se a gente for levar ao pé da letra, a ciência diz que todo ser humano é neurótico, ninguém é normal. A terapia é diálogo, não tem medicação. Fazemos exercícios para trabalhar o emocional e o racional, para controlar a ansiedade. Simples, no consultório”, explica a psicanalista.

“Somente o fato de a pessoa ouvir o que ela mesma diz já é bastante, a nível terapêutico. À medida que um terapeuta responsável e competente insere possibilidades, coloca luz, direção e ressignificação, nós temos a alteração completa de um quadro psicológico”, pontua Elisabel.

DIVERSAS POSSIBILIDADES

“Hoje em dia temos um leque muito grande de especializações. A Psicanálise é o processo terapêutico através do diálogo. Na Programação Neurolinguística reprogramamos o cérebro para uma administração diferente sobre um processo vivenciado. Já a Inteligência Emocional é a alfabetização emocional”, explica a psicanalista, que cita ainda a psicologia comportamental e a própria psiquiatria como possibilidades de tratamento.

“Eu acho que as pessoas precisam estar abertas, em especial para o autoconhecimento e a auto responsabilidade. Eu diria que todos nós, sem exceção, precisamos de terapia”.

CVV

No Brasil, o CVV atende voluntária e gratuitamente, sob total sigilo, todas as pessoas que desejam conversar sobre o suicídio. O atendimento é por telefone, e-mail, chat e voip e funciona 24 horas, todos os dias.

A ligação para o CVV, que atua em parceria com o SUS (Sistema Único de Saúde), por meio do número 188, é gratuita e pode ser feita de qualquer linha telefônica fixa ou celular.

Publicidade