Bem-Estar
A importância de um plano alimentar para grávidas, tentantes e mulheres que estão amamentando
Nutricionista clínica funcional explica que nutrição e a fertilidade estão estritamente relacionadas e faz algumas recomendações
Por Yasmin Santos - Broto Comunicação
08 de maio de 2024, às 14h09
Link da matéria: https://liberal.com.br/mais/bem-estar/a-importancia-de-um-plano-alimentar-para-gravidas-tentantes-e-mulheres-que-estao-amamentando-2169824/
O Dia das Mães se aproxima e nos preparativos para quem deseja engravidar, já está gestante ou em fase de amamentação, um assunto não pode ficar de fora: o plano alimentar exclusivo para essas três fases da vida da mulher e da criança. De acordo com a nutricionista clínica funcional, Dra. Gisela Savioli, autora do livro Nutrição, Saúde e Fertilidade, novas descobertas científicas trouxeram à tona a importância da programação metabólica, ou seja, o conhecimento sobre os impactos das escolhas alimentares na fertilidade, na evolução da gravidez e também na qualidade do aleitamento materno.
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“Primeiro, é importante alertar que a alimentação é fundamental já na fase de pré-gestação, especialmente para quem lida com obstáculos nessa área. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a infertilidade atinge 1 em cada 6 pessoas no mundo todo; no Brasil, cerca de 8 milhões de pessoas lidam com a dificuldade de engravidar”. De acordo com a Dra. Gisela uma dieta equilibrada e rica em certos nutrientes pode melhorar tanto a fertilidade masculina quanto a feminina, além de contribuir para uma gravidez saudável.
Programação metabólica na pré-gestação
Hoje, com o advento da epigenética, isto é, a influência do meio-ambiente na manifestação de saúde ou de doença, sabe-se que antes mesmo da mulher engravidar, ela já pode fazer toda a diferença no futuro bebê por meio de adoção de hábitos e da nutrição. “Para isso, nada melhor do que fazer uma programação metabólica, em que é possível recuperar e diminuir todas aquelas vias inflamatórias que prejudicam tanto a mãe quanto o bebê”, afirma a médica.
“Programação metabólica nada mais é do que ter a dimensão do quanto os hábitos de vida, especialmente os nutricionais, influenciam para que o bebê seja concebido e gestado em um ambiente favorável para a saúde. E isso começa, ou deveria começar, antes mesmo da gestação, como eu abordo em meu livro Nutrição, Saúde e Fertilidade. Mesmo para as mulheres já gestantes, também a alimentação e os hábitos relacionados à boa qualidade de vida são essenciais, pois os impactos sempre são positivos no desenvolvimento e no controle de problemas como diabetes gestacional e pressão alta”, comenta a nutricionista.
Segundo Dra. Gisela, já se sabe que a alimentação colorida e também composta por alimentos anti-inflamatórios são determinantes para controlar e atenuar problemas que têm como origem a inflamação crônica e nem sempre são identificados nos exames, como endometriose por exemplo. Além disso, ao oferecer ao organismo o que ele precisa para funcionar de forma adequada e mais otimizada, todo o ambiente intra-uterino é melhorado, facilitando tanto a concepção como a evolução da gestação.
Mas existe “dieta” na gestação?
Dra Gisela alerta que nunca falamos em dieta ou regime quando abordamos a saúde nutricional de uma grávida. Mesmo que uma mulher engravide em situação de sobrepeso ou obesidade, o indicado não é uma restrição calórica pura e simples.
O foco é garantir uma melhora do aporte nutricional como um todo, em uma melhora da oferta da qualidade do alimento consumido. “Comer por dois” também não é algo que significa simplesmente dobrar o que habitualmente é consumido.
“Quando participo de um planejamento nutricional de uma gestante, normalmente calculo 500 calorias a mais por dia, desde que sejam calorias de boa qualidade, e não calorias vazias. Tudo para ela poder fazer um patrimônio de boas gorduras ao longo da gestação, em que depois ela vai passar essa gordura para o bebê durante a amamentação”, esclarece a profissional.
Suplementação e gestação
Um dos aspectos atualmente muito bem documentados na literatura científica é com relação ao consumo de Ômega-3 em quantidade adequada e suficiente durante a gestação e a amamentação, especialmente a fração DHA. As fontes naturais de ômega 3 são especialmente os peixes. Mas hoje, com orientação individualizada, também é possível suplementar Ômega 3 e DHA.
Muitos estudos científicos relacionam o DHA ao desenvolvimento e proteção do cérebro, sendo importante desde a concepção até os 21 anos de idade, pelo menos. Além do Ômega 3, também abordo com as gestantes e lactantes a importância da Vitamina D3, hormônio que conseguimos via exposição solar adequada e suplementação. Ter dosagens otimizadas de vitamina D3 é importante para todas as fases do desenvolvimento e é providencial discutir o assunto com o profissional de saúde que acompanha o pré-natal.