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Entrevista

Uma rainha de riso elegante chamada Glória Menezes

No ar em “Totalmente Demais”, Glória Menezes se diverte com lições de etiqueta da glamurosa Stelinha

Por Geraldo Bessa / TV Press

29 de julho de 2020, às 09h48

“Totalmente Demais” tem um lugar especial no coração de Glória Menezes. Exibida originalmente em 2015, e reprisada na atual faixa das sete por conta da pandemia, a comédia romântica assinada por Paulo Halm e Rosane Svartman mostrou à atriz que intérpretes com longa experiência ainda têm seu valor dentro das novelas.

“Tinha acabado de fazer 80 anos e estava insegura sobre encarar um folhetim. Adorei o texto e topei. Para minha sorte, a equipe me tratou como se fosse uma rainha e a personagem tinha história própria e muito humor. Tenho visto a novela todos os dias e me sinto feliz de ter feito parte deste projeto”, valoriza.

Gaúcha de Pelotas, Glória é de uma geração onde a profissão de atriz não era vista com bons olhos pela sociedade. Com a paixão pelas artes cênicas maior do que qualquer intimidação social, fez parte do elenco da primeira novela brasileira, “2-5499 Ocupado”, exibida pela extinta Excelsior, em 1959. Foi neste mesmo trabalho, inclusive, que conheceu e se apaixonou por Tarcísio Meira, com quem casou em 1962 e está junta até hoje.

“São mais de cinco décadas juntos e ele continua sendo minha melhor companhia”, derrama-se. Uma das maiores atrizes do País, Glória tem uma vasta coleção de personagens icônicas, como a intensa Lara de “Irmãos Coragem”, a exagerada Rosemeire de “Brega & Chique”, a perversa Laurinha de “Rainha da Sucata” e, mais recentemente, a iludida Irene de “A Favorita”. “É muito legal quando chego em um estúdio cheio de atores mais jovens e eles vêm falar dos meus antigos trabalhos. Me dá a sensação de dever cumprido”, ressalta.

Glória Menezes fez parte do elenco da primeira novela brasileira, “2-5499 Ocupado”, exibida pela extinta Excelsior, em 1959 – Foto: Gama / Divulgação

Você já viveu algumas vezes o papel de grã-fina na tevê. O que a Stelinha de “Totalmente Demais” tem de diferente de suas outras “peruas”?
Acho que o tom de humor. Eu realmente vivi muitas mulheres sofisticadas nas novelas. Algumas foram para o lado do drama e boa parte delas eram vilãs. Stelinha chegou à história para adicionar um pouco mais de humor ao núcleo do Arthur (Fábio Assunção) e foi uma participação especial deliciosa. A novela tinha um elenco jovem promissor e que acabou confirmando seu talento ao longo do tempo.

Como você recebeu a notícia de que a trama seria reprisada?
Fiquei radiante. Acho que a emissora fez a escolha perfeita. A história tem uma mensagem de alegria e esperança que pode ajudar a amenizar as incertezas do cotidiano atual. Estou me divertindo muito com a reprise e, inevitavelmente, bate uma saudade enorme dos estúdios.

Quais suas principais lembranças dos bastidores de “Totalmente Demais”?
Recebi tratamento de Rainha. Estava com 80 anos quando fiz este trabalho e, nesta idade, qualquer intérprete tem de pensar muito antes de se aventurar em uma novela. Entrei com a história já bem desenvolvida e logo vi que o elenco já tinha virado uma grande família. Rapidamente, virei mesmo a “vovó”, a “mamãe” de todos eles. O carinho da equipe, do elenco e dos diretores tornou tudo mais especial.

Aos 85 anos, como tem sido sua rotina durante a quarentena?
Todo cuidado é pouco na minha idade. Me cuido e ainda cuido do Tarcísio (Meira) (risos), meu companheiro há 58 anos. Tenho aproveitado os dias para cuidar das minhas plantas e observar a natureza. “Totalmente Demais” foi a última novela que participei e estou esperando uma vacina para as coisas se normalizarem e, quem sabe, voltar a trabalhar. Estou sempre trabalhando muito e pensando em possíveis férias, mas na hora em que preciso ficar em casa, fico com saudade de trabalhar (risos).

Do alto de toda a sua experiência de vida, como você imagina o mundo pós-pandemia?
Acredito que o coronavírus vai mudar o mundo e o comportamento das pessoas. Tenho a impressão de que teremos mais solidariedade, pois estamos nos dando conta da fragilidade que é a vida. Quando o planeta inteiro, simultaneamente, vive um isolamento por conta de um vírus, é preciso repensar nossas atitudes e relações.

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