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Cultura

‘The Stand’, minissérie baseada em Stephen King, é um sopro otimista

Por Agência Estado

03 de janeiro de 2021, às 07h10 • Última atualização em 03 de janeiro de 2021, às 08h28

Originalmente, Stephen King lançou A Dança da Morte, sobre uma pandemia que dizimou a população da Terra, em 1978. Corta para 2020, quando uma nova adaptação para a televisão está chegando, com o mundo sob ataque da Covid-19. “Foi surreal terminar de rodar quando a pandemia já estava acontecendo”, disse em entrevista com participação do jornal O Estado de S. Paulo Estado Benjamin Cavell, criador ao lado de Josh Boone da minissérie The Stand, que estreia dia 3 no serviço Starzplay, com novos episódios aos domingos. “Mas o tema de The Stand para nós nunca foi a pandemia, e sim a luta subsequente entre as forças da luz e as da escuridão”, completou ele.

De fato, a série começa após a morte de mais de 99% dos seres humanos, com o desenrolar do contágio visto apenas em flashbacks. “No livro, a doença é apenas um mecanismo para esvaziar o mundo e abrir espaço para um Senhor dos Anéis nos Estados Unidos, com nossos heróis caminhando em direção a Mordor”, disse Cavell, explicitando a vontade de King de fazer uma versão do romance épico de J.R.R. Tolkien em solo americano.

Os sobreviventes, imunes ao vírus, recebem chamados em seus sonhos, seja de Mãe Abigail (Whoopi Goldberg) ou de Flagg (Alexander Skarsgaard). Ela representa as forças do bem, a serem reunidas em Boulder, Colorado, sob uma democracia. Ele é o símbolo das forças do mal, baseadas em Las Vegas, Nevada, uma autocracia. No primeiro grupo está Stu (James Marsden), presente no posto de gasolina no Texas que foi o ponto zero da infecção fora da instalação militar onde o vírus foi criado.

“Stu é um herói, um cara que tem opiniões fortes sobre o bem e o mal. Ele acredita em dever, lealdade, decência”, disse Marsden. “Crê em fazer a coisa certa mesmo quando ninguém está olhando. É um bom líder.”

O ator afirmou que mais do que nunca o mundo precisa de exemplos como este, mesmo na ficção. “Não quero entrar em política, mas precisamos de seres humanos mais decentes nas nossas lideranças. Engraçado que, um tempo atrás, no mundo do entretenimento, todo o mundo estava fascinado por personagens sombrios, como Batman. E eu acho que hoje a gente precisa de séries como esta, que celebram a bondade, a compreensão, a paciência, a disposição de ouvir.”

Nick Andros é outro desses personagens. Surdo-mudo, ele é capaz de estender a mão a quem o feriu. “Ele tem uma habilidade infinita de perdoar e de ver a bondade nas pessoas”, disse Zaga. “Nick me fez pensar muito em como eu reagiria se a vida tivesse me oferecido só hostilidade.”

Mas, mesmo em Boulder, há outros muito mais ambíguos, do intelectual cínico Glen (Greg Kinnear) ao músico arrogante Larry (Joven Adepo), passando por Harold (Owen Teague), um jovem obcecado por Frannie (Odessa Young), sua ex-babá, e pela misteriosa Nadine (Amber Heard). Nem todos são o que parecem. “Ela é sedutora, mas também cheia de vulnerabilidade”, disse Heard. “No fundo, é uma sobrevivente e usa as armas que tem para enfrentar um mundo que olha para ela e tem certas expectativas. Nadine não confia nos outros, não está acostumada a ser tratada com compaixão e empatia.”

E, claro, do outro lado estão os aliados de Flagg, um ditador que crucifica quem o contraria. Para o ator Brad William Henke, que faz Tom Cullen, um homem com problemas mentais, o livro e a minissérie colocam uma questão fundamental: num momento de terror, para que lado você vai? “Você gravita para o bem ou para o mal? Você segue as pessoas que dizem só o que você quer ouvir? Acho que podemos aprender muito com isso, porque estamos vendo acontecer agora mesmo nos Estados Unidos”, afirmou.

Mas, por mais pontos em comum com a realidade, The Stand é, claro, uma obra de ficção. “Vou deixar a cargo do espectador se a série se parece com o que estamos passando nas nossas vidas”, disse Cavell. “Mas eu acho que, por pior que esteja sendo, a Covid-19 não é a doença conhecida como Capitão Viajante. E em última instância o material original é esperançoso no futuro da humanidade.” A decisão de não mostrar todo o desenrolar da pandemia certamente contribui bastante para isso.

Segundo Cavell, Stephen King deu sua bênção para as mudanças e inclusive contribuiu com elas, escrevendo o último episódio, um adendo que vinha planejando fazia 30 anos. Ou seja, mesmo quem leu as mais de mil páginas do romance original vai ter a chance de ver algo diferente – e com a aprovação do próprio autor e de seu filho, Owen King, que estava no time de roteiristas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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