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Cultura

No centro das atenções

Na única novela inédita da Globo, Guilhermina Guinle vê “Salve-se Quem Puder” como momento histórico da teledramaturgia nacional

Por Márcio Maio - Tv Press

05 de junho de 2021, às 08h51

Se tem algo que Guilhermina Guinle sabe sobre “Salve-se Quem Puder” é que, com certeza, a novela das 19h da Globo ficará marcada para sempre em sua memória e carreira. Afinal, nem em seus piores pesadelos imaginou que, um dia, veria os trabalhos de uma novela ser interrompido por conta de uma pandemia.

Agora, já vendo os capítulos da segunda temporada da trama no ar, a atriz se sente participando de um momento histórico. “Fomos uma das primeiras novelas a voltar a gravar, nesse momento tão delicado”, analisa a atriz, que interpreta a ardilosa Dominique no folhetim de Daniel Ortiz.

A volta aos estúdios, porém, não foi fácil. Em meio a várias medidas de segurança, Guilhermina viu seu trabalho passar por adaptações, para cuidar da sua própria saúde e também dos colegas. “Só era permitido, no máximo, três atores em cena. Foi algo bem novo”, recorda. Essa limitação acabava exigindo ainda mais técnica do elenco. E também memória.

“Para a gente, foi uma dificuldade presente. As cenas focavam muito no diálogo. Então, tinha muito texto pra decorar”, conta. No entanto, também teve um lado bom nisso. “Ao mesmo tempo que é complexo, é muito legal porque você desenvolve muito a relação com aquele ator com quem contracena”, defende a atriz, que também está no ar como a descolada Luísa de “Ti Ti Ti”, no ar no “Vale a Pena Ver de Novo”, da Globo.

De cara, foi inevitável sentir um clima estranho, diante das medidas de isolamento adotadas durante as gravações. Além disso, foram cinco meses de paralisação em um trabalho que, no retorno, precisou voltar exatamente de onde tinha parado. “Foi como voltar naquele mesmo minuto, daquela cena que gravamos há tantos meses. A gente ficou falando que engordou, que o cabelo cresceu. Como fazer aquela ponte? Lembro muito desse momento”, confessa. No final, porém, tudo passou. “Essa retomada foi uma experiência maravilhosa. Foi difícil voltar e pegar o tom. Mas foi um ótimo aprendizado”, avalia.

Por outro lado, os capítulos da parte final de “Salve-se Quem Puder” reservaram diversos momentos de ação e, com isso, reforçaram a veia criminosa de Dominique. Uma característica, aliás, que mexeu bastante com Guilhermina. Mas de uma forma bem positiva. “Vilã é sempre mais divertida de se fazer. É delicioso, a gente faz coisas que não faria na vida, diz coisas que não diria. É um desafio”, valoriza. Nessas horas, a atriz assume, aproveitou para colocar para fora coisas que já teve vontade de falar, mas não podia. “Tem de fazer a linha chique e elegante. A Dominique era o lugar em que eu colocava tudo para fora”, entrega.

Gravação feita no susto
Guilhermina passava um final de semana em Búzios, na Região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro, às vésperas do fim das gravações da primeira temporada de “Salve-se Quem Puder”, quando foi surpreendida. Assim que decidiu prolongar sua estada na cidade, foi chamada para uma gravação especial. O próprio autor ligou para ela e avisou: seria a sequência que encerraria a primeira temporada do folhetim. “Eu e a Juliana fomos as últimas a, realmente, sair dos Estúdios Globo. Uma externa noturna, à 1h da manhã. Era terça-feira, porque ninguém mais entraria lá na quarta”, explica.

Quando soube da paralisação, a atriz assume que teve um choque. Ela sabia que muitas atividades parariam, na tentativa de conter o avanço da Covid-19 no Brasil. Mas não acreditava que isso pudesse afetar seu próprio trabalho. “Eu pensava: ‘A novela não vai parar, não tem como parar’”, diz. Mesmo assim, hoje, é motivo de orgulho perceber que, enquanto muita gente estava trancada em casa, a arte ganhava mais espaço na vida das pessoas. “Esse momento mostrou a importância de ver um bom filme, ler um bom livro, ouvir uma boa música… Foi o que segurou boa parte das pessoas. E elas podem até não ter percebido, mas é cultura”, frisa.

Quando as gravações de “Salve-se Quem Puder” voltaram, muitos profissionais ainda não tinham conseguido retomar a rotina normal de atividades. Nesse período, um momento ficou bastante marcado na memória de Guilhermina. “Lembro de estar indo gravar, em um dia lindo de sábado, e fiquei feliz. No meio daquele caos, era uma pessoa privilegiada, podendo fazer o que eu amo, exercendo minha profissão e sendo paga para isso”, reconhece.

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