27 de abril de 2024 Atualizado 00:38

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Cultura

Emanuel Jacobina cria canal de diálogo com papo jovem

Com três décadas de carreira, Emanuel Jacobina celebra os 25 anos de “Malhação” à frente da atual temporada

Por Caroline Borges / TV Press

28 de julho de 2020, às 16h52

Um singelo e doce gesto, ainda na infância, fez com que Emanuel Jacobina descobrisse sua trajetória profissional. Foi uma carta escrita para sua mãe, aos oito anos de idade, que revelou ao escritor seu interesse pelas palavras.

Com 30 anos de carreira, Jacobina, que assina a atual temporada de “Malhação”, usa seus textos como um canal de diálogo com a sociedade. “Escrevo para falar de mim, de como eu percebo o mundo e para mandar mensagens que julgo urgentes à humanidade. Tem horas que eu travo e perco a vontade. Principalmente pelo medo de não fazer bem feito, de estar repetindo clichês, ou de não estar conseguindo expressar de um jeito interessante o que eu penso e sinto. Mas nada como um dia atrás do outro de trabalho para nossa escrita ficar cada vez melhor”, ressalta.

Ao longo dos anos de exibição de “Malhação”, Jacobina atuou em várias temporadas, como autor principal ou colaborador – Foto: Rodrigo Lopes / Divulgação

Além das três décadas de carreira, Jacobina, que participou da criação do formato de “Malhação” ao lado de Andréa Maltarolli, também tem outros motivos para celebrar. Em 2020, a novela infantojuvenil completa 25 anos no ar. Ao longo dos anos de exibição da franquia, Jacobina atuou em várias temporadas, como autor principal ou colaborador. “Eu fiz muitas (temporadas), mas, por conta do horário, quase não vi. Mas várias (temporadas) entre 2002 e 2010 foram bem legais. A trama da Vagabanda tem de ser destacada”, afirma Jacobina, referindo-se ao enredo da temporada de 2004, protagonizada por Guilherme Berenguer, Marjorie Estiano e Juliana Didone.

Teve alguma história que, ao longo dos capítulos, você sentiu que merecia mais espaço na novela?
Acho que os romances em geral, tanto os dos adultos quanto os dos jovens, ganharam mais espaço ao longo da trama pela química dos casais: Jaqueline e Thiago, Cleber e Anjinha, Marco Rodrigo e Carla, Lígia e Madureira, Serginho e Guga, Regina e Max… todos os casais funcionaram muito, mas nenhuma mais do que Filipe e Rita, naturalmente. Além dos romances – meu tema é Amor. O problema da milícia e dos assassinatos de negros pobres nas periferias brasileiras.

Como é sua rotina de trabalho?
Acordo às sete da manhã, tomo café, trabalho até uma da tarde, almoço, tenho “personal” 16:30 e de 18 horas até 22 ou 23 horas sigo trabalhando. Mas isso tem variações, dependendo de reuniões ou alguma atividade social. A manhã é sempre, pois estou com a cabeça mais limpa, os sonhos da noite anterior já tendo ajudado na faxina mental.

Em 2020, “Malhação” completa 25 anos. Para você, qual o motivo para o projeto ser tão longevo na grade da Globo?
Durante todo esse tempo “Malhação” segue sendo o único horário de dramaturgia diária que tem o jovem brasileiro como seu principal foco. Achava que “Malhação” duraria muito, mas nem desconfiava que duraria tanto. “Malhação” é dramaturgia diária, realista e de qualidade sobre o ponto de vista de jovens e adolescentes brasileiros.

As gerações mais jovens estão em constante evolução. É um desafio dialogar há tanto tempo com uma geração que muda de gostos e de pensamentos tão rápido?
Tenho estado sempre próximo de jovens por causa dos meus filhos. Isso, de certa forma, facilita que eu tenha elementos de linguagem e entenda a prosódia do jovem brasileiro. Para mim, é um grande prazer porque, quando você fala do jovem, está falando de energia e alegria. O que o distingue, de uma maneira geral, de pessoas mais velhas é a disposição e o entusiasmo pela descoberta da vida, o inusitado das experiências. O jovem energiza você e traz alegria. É sempre muito bom escrever sobre ele.

Atualmente, as séries e os serviços de streaming estão em crescimento constante e mudando o hábito dos espectadores de verem tevê. De que forma essa transformação irá afetará as novelas?
Acho que o Brasil se reconhece Brasil na novela. Acredito que o Brasil discute o Brasil vendo novela. Acho que o Brasil muda o Brasil vendo novela. Acho que a novela não vai acabar tão cedo, não. Não vejo nada que sequer levemente faça um contraponto a isso nas séries.

Publicidade