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Análise

‘A Noite É Nossa’ tem formato batido

Programa da Record junta tanta gente no palco que convidados ficam até sem função

Por Márcio Maio / TV Press

10 de fevereiro de 2021, às 07h50

Há tempos, a Record abriu mão de exibir programas de auditório em sua linha de shows noturna. Mesmo os apresentadores que antes eram usados nessas produções, como Xuxa e Marcos Mion – que já não fazem mais parte do casting da emissora – foram deslocados para os formatos de reality, muito explorados pelo canal nos últimos anos.

Por isso mesmo, causa espanto a aposta no “A Noite É Nossa”, que estreou no último dia 20, sob o comando de Geraldo Luís. Ainda mais porque, apesar de o Brasil ainda enfrentar a pandemia do novo coronavírus, reservaram espaço para uma plateia real no estúdio.

A plateia aparece de máscara e separada por lugares individuais – são 30 no total, em um estilo meio “cada um no seu quadrado” – Foto: Divulgação

A ideia é justamente homenagear o formato de programas de auditório, que já fez muito sucesso na faixa noturna e, atualmente, é mais utilizado nos finais de semana – principalmente aos domingos – por nomes como Faustão na Globo, Eliana e Celso Portioli no SBT e Rodrigo Faro na própria Record.

Para isso, Geraldo conta com convidados especiais, banda e até reportagens externas. E, pelo menos por enquanto, vem homenageando pessoas e clássicos da televisão brasileira. Sempre com uma pegada bem popular e, surpreendentemente, com pouco ou quase nenhum distanciamento entre os presentes.

A aglomeração que se vê no palco pode gerar algum incômodo em quem assiste. A plateia aparece de máscara e separada por lugares individuais – são 30 no total, em um estilo meio “cada um no seu quadrado”.

Os convidados especiais, porém, dispensam os acessórios de proteção facial. Alguns chegam a se abraçar na frente das câmeras, como aconteceu entre Sônia Lima e Neguinho da Beija-Flor, que participaram do episódio que homenageou o “Show de Calouros”, programa de Silvio Santos, e também o jornalista Wagner Montes, marido de Sônia, que morreu em janeiro de 2019.

O fato de “A Noite É Nossa” ser transmitido ao vivo certamente prejudica esse controle, é verdade. De qualquer forma, é preciso que a equipe esteja atenta e oriente os participantes a evitarem esse tipo de situação. Geraldo chegou a mencionar, poucos minutos depois, que são realizados testes nos convidados. Mesmo assim, cabe à televisão servir de exemplo ao público, sem estimular comportamentos que não estejam em acordo com as recomendações dos especialistas em saúde em um período tão delicado quanto o atual.

DEDÉ SANTANA

Nesse sentido, causou estranheza, por exemplo, a presença de Dedé Santana no palco, no episódio de estreia, homenageando Renato Aragão. O próprio eterno Didi, aos 86 anos, concedeu a entrevista em casa. E, para isso, recebeu uma equipe de, pelo menos, quatro pessoas – foi o que deu para ver, nas cenas. Algo que já não é muito indicado nesse momento.

A entrevista poderia ter sido dada remotamente, como a maior parte dos programas tem feito. De qualquer forma, com Dedé, a situação foi bem mais complicada. O “trapalhão” pouco espaço teve, apesar de estar disponível no estúdio.

Mesmo que seja difícil calcular o tempo em um programa ao vivo, não dá para deixar alguém com mais de 50 anos de carreira na tevê completamente sem função no palco de um programa. Não se trata apenas de uma questão de saúde, por conta da pandemia. É um descaso que beira a falta de respeito.

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