“Gente Ansiosa”, de Frederik Backman, é perfeito para ser lido nessa época do ano. Não só porque a história se passa às vésperas do Réveillon, mas também porque desperta sentimentos que combinam com o espírito natalino e o desejo de começar um novo ciclo.

O livro conta a história de um assaltante de banco que mantém um grupo de reféns em um apartamento à venda. Toda a obra gira em torno do desenvolvimento dos personagens e suas relações dentro dessa situação.

A trama é muito simples, mas tem algumas camadas e conexões inesperadas. O escritor até brinca com as coincidências que costura no livro, mas mesmo as mais absurdas não soam ruins, porque estão ali com um propósito – que não é a verossimilhança.

A história é contada de uma forma muito especial. O narrador sabe criar empatia e durante a leitura senti como se ele fosse um amigo. Ele te aproxima dos personagens do jeito certo, mas delicadamente coloca o dedo em feridas que todo mundo sente, como insegurança e ansiedade. Já me apaixonei por personagens muitas vezes ao longo da minha vida de leitora, mas essa foi a primeira vez que isso aconteceu com o narrador.

Além disso, todos os personagens são muito complexos, e as relações decorrentes da situação de reféns são tocantes. Um dos temas do livro é o suicídio, e o autor consegue despertar compaixão sem nunca deixar de ter responsabilidade. O livro apela para as emoções em alguns momentos, mas isso nunca soa forçado. Fiquei muito tocada em algumas partes e lágrimas rolaram – não de tristeza, mas de emoção.

Nunca tinha lido tantos lançamentos quanto em 2021. Li 12 livros que chegaram às livrarias brasileiras esse ano, e “Gente Ansiosa” foi o preferido. No meu ranking pessoal, ele desbanca o excêntrico “Mar sem estrelas”, de Erin Morgenstern, e até mesmo “Belo mundo, onde você está”, de Sally Rooney, que ganhou o Goodreads Choices Awards 2021 como melhor livro na categoria ficção.

“Gente Ansiosa” será transformado em minissérie na Netflix, com lançamento em 29 de dezembro. Mas fica aqui a recomendação da leitura, que é muito especial e vale cada página.

“Dizem que a personalidade de uma pessoa é a soma de suas experiências. Mas não é verdade, pelo menos não inteiramente, porque, se nosso passado fosse tudo que nos define, nunca seríamos capazes de nos suportar. Precisamos nos permitir reconhecer que somos mais do que os erros que cometemos ontem. Que somos todas as nossas próximas escolhas, todos os nossos amanhãs”, Frederik Backman em “Gente Ansiosa”.