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Santa Bárbara

Foragido, acusado de matar mulher asfixiada vai a júri em Santa Bárbara

Homem que é acusado de matar mulher asfixiada em frente ao filho, em rodovia entre Nova Odessa e Santa Bárbara, vai a júri após 6 anos

Por Leonardo Oliveira

31 de julho de 2019, às 07h44

A família de Ana Paula Zorzenon Queiroz da Silva ainda espera por justiça seis anos após ela ser morta pelo próprio marido, em frente ao filho, em Santa Bárbara d’Oeste. Foragido desde então, Marcelo da Silva será submetido a júri popular na manhã desta quinta-feira.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, o réu matou a mulher, na época com 28 anos, por asfixia, e a deixou desacordada na Estrada Rodolfo Kivitz, que liga Santa Bárbara a Nova Odessa. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu dois dias depois no Hospital Municipal de Americana.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Marcelo e Ana Paula: marido não aceitava término de relacionamento

“Você cria um filho, batalha, e depois, no final da história, você tem uma perda tão brutal, tão violenta. São seis anos de sofrimento, de angústia. Ela era uma menina doce, muito boa. O que a gente espera é que façam a Justiça”, disse a mãe da vítima, Fátima Zorzenon Queiroz, ao LIBERAL, nesta terça.

Neste período, muita coisa mudou para a família, que ainda carrega as cicatrizes deixadas pela tragédia. Os pais dela, Fátima e Daniel Queiroz, detém a guarda do filho de Ana Paula. Eles se mudaram recentemente para um bairro de chácaras de Sumaré para dar mais tranquilidade a ele.

A infância do menino foi conturbada. Teve que passar por cinco médicos diferentes ao mesmo tempo e até hoje faz acompanhamento com um psicólogo. O filho lembra vividamente da tragédia: foi dele o depoimento decisivo para que a denúncia fosse apresentada.

Ele contou às autoridades que havia ido com os pais a um shopping de Campinas no dia 17 de novembro de 2013. Na volta, Marcelo parou o veículo na estrada, passou uma corda no pescoço da mulher, amarrando-a no encosto do banco do veículo. Depois, apoiou os pés na lataria da caminhonete para apertá-la. Em seguida, fugiu do local, deixando o filho no carro. O réu teria cometido o crime por não aceitar o término do relacionamento.

Marcelo ainda teria ameaçado o filho, na época com seis anos, que também estava no veículo, dizendo: “fique quieto, senão será o próximo”. O irmão do réu afirmou em depoimento que recebeu uma ligação dele logo depois do ocorrido, em que Marcelo dizia que havia acabado de matar a esposa.

Após seis anos, o réu segue foragido e não há sinal de seu paradeiro, desde então. Seu advogado, Waldiner Alves da Silva, diz que tem contato só com a família dele, e que não acredita que Marcelo vá se apresentar no julgamento.

“Se ele está com um mandado de prisão, e só tem contato com a família, essa possibilidade é zero. Se ele se apresentar, também serei surpreendido”, disse ao LIBERAL.

A Promotoria pede a condenação por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima). A pena, nesse caso, varia entre 12 e 30 anos de prisão. O julgamento está marcado para as 10h desta quinta, no Fórum de Santa Bárbara.

Modesta, família relata drama e luta por filho

Para criar o neto, Fátima, de 60 anos e Daniel, de 58, se desdobram diariamente na tentativa de dar a ele as melhores condições que uma criança precisa ter. Enquanto o avô recebe uma aposentadoria modesta e gasta quase toda ela em remédios, a avó realiza faxinas esporadicamente.

O tio da criança, João Paulo Zorzenon, mora junto com eles em uma chácara de Sumaré, mas no momento está desempregado. O que “salva” o mês é a pensão por morte recebida pela criança.
“Meu salário é pouco, e a gente ali, na luta, batalhando pra poder conseguir dar o que ele tem. O que a gente puder fazer até o último respiro, é para o bem dele”, disse Daniel ao LIBERAL.

Hoje com 12 anos de idade, o menino tem no tio e no avô as figuras paternas que seu pai deixou de ser em 2013. “Tento ser o melhor amigo dele, ser tudo pra ele. Meu pai e minha mãe são avós, mas voltaram a ser pais de novo”, contou João.

Embora tenham seguido a vida, mesmo em meio a todo sofrimento, a família diz que não ficará em paz até que o culpado pelo crime seja responsabilizado.

“Você não vive tranquila, não sabe o que o cara pode fazer”, diz Fátima. De acordo com eles, um dos maiores medos da criança é encontrar com o pai.

Ele [Marcelo] foi na casa do meu pai pra pedir pra namorar com ela. Aí, tirar aqui de casa, e trazer em um caixão, não existe isso. Ele tem que ser preso, tem que pagar”, finalizou João Paulo.

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