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MEIO AMBIENTE

Americana e região já têm segundo ano com maior número de focos de incêndio desde 1998

Dados do Inpe mostram avanço das queimadas pela Região do Polo Têxtil neste ano

Por Gabriel Pitor

30 de setembro de 2024, às 07h39

Em maio, fogo atingiu vegetação em área da Praia dos Namorados, em Americana - Foto: Marcelo Rocha/Liberal

Mesmo faltando três meses para terminar 2024, a RPT (Região do Polo Têxtil) já tem o segundo ano com maior número de focos de incêndio desde 1998, de acordo com a série histórica da plataforma Terra Brasilis, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Até as 17h de sexta-feira, haviam sido contabilizados 573 pontos de fogo, número menor apenas do que em todo 2020, quando foram registrados 621.

Das cidades da região, Santa Bárbara d’Oeste é a que teve a maior quantidade de focos de incêndio, até então: 168. Na sequência, vem Sumaré com 130, Americana com 104, Hortolândia com 101 e Nova Odessa, com 70.

No caso de Hortolândia foi alcançado o recorde desde 1998, superando 2018 e 2021 que contabilizaram 40 — ou seja, a maior marca até então correspondia a menos da metade do número já registrado neste ano.

A tendência, nos próximos meses, é que a região bata o recorde de pontos de fogo, já que de 1º de janeiro a 27 de setembro de 2020, parte do ano do atual recorde, foram 393 aferidos.

Os focos de incêndio levam às queimadas, que afetam a vegetação atingida, a fauna que vive no local e também a qualidade do ar, uma vez que várias partículas ficam dispersas no ambiente e são inaladas pelas pessoas.

Esses focos podem ter duas origens: a natural, por meio de fatores do próprio meio ambiente que contribuem para a formação, e a criminosa, que é resultante da ação humana em incendiar um local ou algum objeto descartado e com capacidade para alastrar as chamas.

Incêndio atinge área às margens da Rodovia Luiz de Queiroz, em Nova Odessa – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

Segundo Bruno Bainy, meteorologista do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), as queimadas naturais levam em consideração a falta de chuvas, a umidade relativa do ar, as temperaturas altas e o vento.

“Esses índices expressam o quão favorável está a condição atmosférica para que, uma vez que a gente tenha uma fonte de ignição, o fogo se consolide. O número de dias com características parecidas aumenta essa possibilidade”, disse.

O meteorologista ainda cita que a quantidade de focos de incêndio tem possibilitado um fenômeno curioso, que já tem sido registrado no oeste do Estado de São Paulo, no qual tempestades são formadas a partir da fumaça.

Já a professora da FAM (Faculdade de Americana), advogada e doutora em sustentabilidade, Mônica Yoshizato Bierwagen, notou um aumento atípico na quantidade de queimadas neste ano e que isso tem impactado na qualidade de vida das pessoas devido a problemas respiratórios.

Céu alaranjado em Santa Bárbara, afetado por incêndios no Estado – Foto: Leonardo Matos/Liberal

“Nós já estamos chegando em um ponto limite da regeneração. Fazer alguma coisa hoje para obter um resultado amanhã é praticamente impossível. Mas é preciso pensar de maneira mais ampla em políticas públicas, o governo federal tem pensado bastante nisso”, pontuou Mônica.

“A gente também precisa pensar nas mudanças climáticas, porque não são apenas as queimadas, mas também tivemos, por exemplo, as enchentes no Rio Grande do Sul, as secas no Norte do Brasil. Então, precisamos pensar na sustentabilidade”, completou.

Ainda de acordo com professora, pontualmente é preciso pensar tanto na prevenção quanto na repressão das queimadas criminosas, inclusive com atuação sobre quem manda pessoas colocar fogo em vegetações.

Ela ainda explica que provocar incêndio pode levar de 2 a 4 anos de reclusão e multa, assim como provocar culposamente o fogo tem pena de 6 meses a um ano de reclusão, e fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam ocasionar incêndio de 1 a 3 anos de detenção e, ou, multa.

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