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Americana, 149 anos

Da orla das praias à Avenida Brasil: como foi e como é o lazer do americanense

Com o passar das décadas, idas a clubes e cinemas deram lugar a noites em barzinhos

Por Jucimara Lima

27 de agosto de 2024, às 10h00 • Última atualização em 27 de agosto de 2024, às 11h30

Comer um lanche no Restaurante Garoto, tomar um chopp no Zico, conferir as últimas novidades em vinil no Grilo Disco, alugar um filme no Shopping Vídeos, comprar material escolar na Apolo, tomar um sorvete no Bode, conferir as roupas da Boutique do Valdir… Se você é de Americana e tem pelo menos uns 35 anos, sabe que alguns desses costumes ficaram apenas na memória, assim como tantas outras recordações.

Na cidade, nadar na Praia Azul ou na Praia dos Namorados era algo comum em outras décadas, mas impensável nos dias atuais. Durante muito tempo, assistir filmes no Cine Glória, Cine Brasil, Cine Cacique, Cine Comendador e no Welcome Center era a diversão preferida da juventude.

Praia dos Namorados era um dos locais mais frequentados – Foto: Arquivo / Liberal

Em tempos de plataformas de streaming, americanense que quiser curtir a telona tem de ir a alguma cidade vizinha. “A gente ia assistir filme no Cine Comendador ou Cine Cacique e depois ia no Bié Lanches”, relembra Marco Mastrodi, de 60 anos, administrador e corretor de imóveis.

Passar a tarde pegando sol – e sem protetor solar – na piscina do Rio Branco Esporte Clube, na antiga sede social, demolida no início dos anos 2010, também era um programa para muitos. “Ficávamos armando o encontro da domingueira”, comenta o corretor de imóveis Marcelo Curi Boldrini, de 59 anos.

A piscina do Rio Branco, na década de 80 – Foto: Arquivo / Liberal

O Balão do Arno, a Pizzaria Tio Pedro e a Lanchonete Maçã Verde eram os points da galera. “Final de semana era em frente à Maçã Verde. A rotatória da [Rua] Fortunato Faraone estava sempre cheia. Era, sem dúvida, um ponto de encontro com amigos”, recorda Rosi Garcia, 55, autônoma.

Famosos nos anos 70 e 80, os bailinhos de garagem atraíam dez entre dez jovens a partir dos 12 anos. “Não podia faltar a dança do chapéu ou da vassoura. Ótimos tempos de encontros, lazer e socialização”, relembra a professora Aline Braggion Cella, 46. “No meu tempo tinha muito bailinho de garagem. Tomávamos cuba libre, que é Coca-Cola com um pouco de rum. Era muito divertido”, confirma a dona de casa Didi Trevisani, 67.

OS DONOS DA PRAÇA

A Praça Comendador Müller, na região central de Americana, foi por muito tempo o lugar da paquera, onde os jovens faziam o “footing”, com homens de um lado e mulheres do outro.

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Já no final da década de 70, a Praça Rotary ganhou o coração da juventude, como palco de famosas disputas de carrinho de rolimã e do icônico “Som do Verde Vale”, um festival de música que aconteceu em Americana entre 1979 e 1987, inspirado no Woodstock.

“As pessoas curtiam a informalidade do evento, porque era feito em praça pública e tinha muita diversidade musical”, lembra o produtor cultural Marcel Barbosa, 64, um dos organizadores do festival.
Bem-humorado, ele brinca que, além de tudo, a Praça Rotary, no Bela Vista, era um excelente lugar para namorar. “Era escurinho”, diverte-se.

LUGARES DA MODA

Entre as décadas de 80 e 2000, de tempos em tempos, um endereço em Americana se tornava popular entre os jovens de 16 a 30 anos.

As ruas Fernando de Camargo e Fortunato Faraone, a Avenida Cillos e, claro, a Avenida Brasil, todas tiveram seu tempo.

Para o gerente comercial Marco Antônio Valiengo, 49, que veio de São Paulo para Americana no final da década de 80, “os melhores rolês eram na Rua Fortunato Faraone”.

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Embora muitas avenidas tenham tido suas fases, nenhuma caiu tanto no gosto dos jovens quanto a Avenida Brasil. Além de ser um cartão-postal da cidade, ela foi e continua sendo cenário de muitas histórias. Importante para a mobilidade urbana, ela também é uma via simbólica e emotiva de ligação entre gerações, afinal, testemunhou o desabrochar da juventude de muitos moradores.

“Passávamos a tarde na Avenida Brasil, com o carro parado ou passeando. Ligávamos o som, enquanto uns desfilavam com seus automóveis e outros ficavam conversando, bebendo alguma coisa”, recorda o empresário Cal Prajo, 53, referindo-se à década de 90.

Contemporânea de Prajo, a auxiliar contábil Bárbara Elaine, 49, frequentava a avenida entre 1995 e o início dos anos 2000. “Nossa diversão era ficar na avenida, encontrar os amigos, ou mesmo usar como esquenta para uma balada legal.”

A fachada do Cine Cacique, cinema que marcou a história de Americana – Foto: Liberal

PONTO DE VISTA HISTÓRICO

Segundo o historiador americanense André Maia, 49, a Avenida Brasil passou a ser o point da juventude a partir da década de 90. “Antes, o fervo era na Fernando de Camargo”, recorda.

Para ele, um dos motivos que tornaram a avenida popular entre os jovens foram os bares da moda, como o Píer 33 e outros estabelecimentos que surgiram. “O Píer, por exemplo, era uma casa linda. A Brasil tinha aquele lance das pessoas irem e ficarem paradas na avenida, mas depois acabou tendo esses lugares, que eram badaladíssimos”, recorda.

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Embora os anos tenham passado, a avenida mantém seu charme e continua sendo um espaço que, além de bares e restaurantes, atrai jovens que a utilizam para reencontrar amigos, se exercitar ou mesmo para aproveitar os estabelecimentos gastronômicos.

“Acho que hoje, apesar de a Avenida Brasil ser muito voltada para gastronomia e lazer, ela também é um ponto de encontro para quem gosta de correr, se exercitar ou praticar algum tipo de esporte, já que temos o CCL (Centro de Cultura e Lazer)”, comenta a estudante Maria Júlia Gonçalves, 22.

“Meus amigos costumam frequentar a Avenida Brasil para ir ao Açaí. É um lugar onde todo mundo acaba indo hora ou outra”, afirma a estudante Maria Luísa Vaz Rodrigues, 17.

PARA TODOS OS ESTILOS

Casas noturnas, bares, restaurantes, baladas ou shows. O jovem americanense pode até não ter mais os saudosos bailes, 

como o da Arara Vermelha ou A Noite é Azul, nem mesmo lugares emblemáticos como o Chaparral ou Paulinho Drinks, contudo, pela quantidade de alternativas, não dá para dizer que não há opções.

O Píer 33, lanchonete que marcou época na Avenida Brasil – Foto: Arquivo / Liberal

O produtor de eventos Anderson Longhi, 32, defende que Americana oferece opções para todos os estilos.

“Nossa cidade tem muitas opções, tanto de bares quanto de baladas. Isso facilita os encontros, que costumam iniciar na quinta e só terminam no domingo”, argumenta.

Para os fãs de rock, por exemplo, o John Gow Irish Pub, no Jardim Girassol, é uma ótima alternativa. Já para os amantes de uma boa balada, locais como o Royal Garden, no Werner Plaas, e o Villa 75, no Jardim Nossa Senhora de Fátima, dividem a atenção dos mais ecléticos, oferecendo desde pagode até sertanejo, passando por apresentações de DJs.

Os mais undergrounds encontram suas tribos em lugares como a Vibes, Estúdio Mutante, HUP ou Porão.

Isabella Oliveira, no Dal Giardino – Foto: Arquivo Pessoal

Por outro lado, para quem curte um ambiente mais tranquilo, mas com um pouco de badalação e shows ao vivo, espaços como Sr. Adolpho, Bar Noventa e Chopperia Marés são as escolhas favoritas.

Por último, para aqueles que optam por bater um papo e valorizam mais a gastronomia – algo que é tendência da nova geração –, os restaurantes acabam sendo as escolhas mais comuns.

“Particularmente, gosto de frequentar lugares mais tranquilos, como o Armazém 110 e a Casa Florindo”, comenta a estudante Maria Júlia Gonçalves, 22.

A jovem Isabella Oliveira, 23, empreendedora da área da beleza, compartilha da mesma opinião, e é fã do Dal Giardino. “Gosto de sair para tomar bons drinks e experimentar pratos novos”.

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