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ASSISTÊNCIA

Sem dados e ações, prefeitura cria programa para imigrantes em Americana

Projeto tem como objetivo reunir secretarias municipais para elaborar iniciativas para os estrangeiros

Por Maria Eduarda Gazzetta

25 de maio de 2022, às 08h13

A Prefeitura de Americana lança nesta quarta-feira (25) o MigraRe (Programa Municipal de Atenção e Promoção aos Direitos Humanos de Imigrantes, Migrantes e Refugiados) e dará posse ao Comitê Gestor Intersetorial. O lançamento será realizado na sede do Creas (Centro de Referência Especializado da Assistência Social), na Vila Louricilda.

Ao LIBERAL, a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Juliani Hellen Munhoz Fernandes, disse que o objetivo da ação não é criar benefícios ou serviços extras, mas organizar as políticas públicas para atender aos estrangeiros na cidade. Será criado um comitê, formado por responsáveis de diversas secretarias municipais, além de representantes de empresas privadas.

“Vamos realizar um diagnóstico e elaborar um plano municipal para os imigrantes e refugiados. Precisamos abrir oportunidades para que todos tenham acesso à saúde, cultura, educação, e ajudá-los a estabilizarem na nossa cidade”, explicou Juliani.

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Ainda de acordo com ela, dados do Cadastro Único de Americana apontam que há 436 estrangeiros no município. O número pode ser ainda maior, já que muitos não têm documentação regularizada.

Para a historiadora, professora universitária e doutoranda em ciências médicas na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Denize Ramos, o município é carente de dados oficiais sobre estrangeiros e políticas voltadas para esse público, principalmente para os que vieram da Venezuela, Haiti e Bolívia.

Bolivianos estão entre os grupos de estrangeiros mais presentes – Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

Ela conversou com a reportagem e disse que já percorreu órgãos públicos e nenhum deles tem treinamento para atender ou receber estrangeiros, principalmente por conta do idioma e da cultura dos países. “Agora finalmente saiu essa pauta, realmente escutaram a necessidade disso no município, conversei com muitos secretários sobre esse problema ‘invisível’ que temos na cidade”, comentou Denize.

Ainda de acordo com a historiadora, há muitos estrangeiros ilegais no município e o desafio será alcançar e registrar essa população. “Muitos deles vêm com coiotes, por terra, e chegam pelo norte do País. De lá, eles vêm para cá e se instalam por aqui ou, até mesmo, usam de trampolim para outro país”, finalizou.

HAITIANOS. O professor de marketing, empreendedorismo e estratégia e coordenador da extensão universitária do Unisal (Centro Salesiano Universitário de São Paulo), Flávio Rossi, relatou que há cinco anos começou um programa de capacitação da língua portuguesa para haitianos, que foi realizado de 2016 a 2018.

“Percebi a quantidade de haitianos que estavam pela cidade e me aproximei deles. Então fizemos uma pesquisa de levantamento de demanda e uma das principais estava relacionada ao idioma”, explicou.

Flávio ainda criou, junto com alunos de administração, palestras sobre o mercado de trabalho e a cultura neste setor. “Antes da pandemia fizemos capacitação para empreendedorismo. Alguns haitianos que participaram montaram seus negócios, temos haitianos contratando pessoas”, comentou.

Ele adiantou que há aproximadamente de 150 a 200 haitianos em Americana, principalmente no bairro Antonio Zanaga.

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