20 de maio de 2024 Atualizado 11:53

Notícias em Americana e região

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

ROTA DO TRÁFICO

Preso e investigado em megaoperação usa hangar no Aeroporto de Americana

Piloto e empresário é apontado como um dos responsáveis pelo tráfico aéreo de drogas em investigação da Polícia Federal de PE

Por Leonardo Oliveira

06 de dezembro de 2020, às 12h41 • Última atualização em 06 de dezembro de 2020, às 12h42

Ação da Polícia Federal de Pernambuco fez apreensões na região - Foto: Denny Cesare - Código19

O piloto e empresário Victor André Holanda Pessoa, preso em agosto deste ano pela Polícia Federal na Operação Além-Mar, que investiga o tráfico internacional de drogas, mantém um hangar no Aeroporto Municipal de Americana. O local é apontado como rota do tráfico em relatório da PF de Pernambuco ao qual o LIBERAL teve acesso.

Victor é suspeito de fazer parte de organizações criminosas que enviavam toneladas de cocaína para a Europa. Em agosto, a operação bloqueou judicialmente R$ 100 milhões das contas dos acusados de integrarem o esquema e apreendeu aeronaves, helicópteros, caminhões e diversos imóveis supostamente ligados ao tráfico.

O caso segue em sua fase intermediária e ainda não há uma sentença condenando ou absolvendo suspeitos. Depois do relatório da PF, o Ministério Público Federal apresentou uma denúncia, com prazo para que a defesa se manifeste.

Victor é natural de Belém (PA), piloto e proprietário de empresas de táxi aéreo. Além de Americana, ele utiliza um hangar em Tomé-Açu (PA). Em abril de 2018, a PF apreendeu pouco mais de meia tonelada de cocaína em Santa Maria da Serra (SP) e prendeu três suspeitos. Segundo a polícia, essa droga seria levada para o Pará, passando primeiro pelo hangar em Americana.

“É comum a preparação do ambiente para ocultação da droga, seja criando paredes falsas, compartimentos ocultos sobre o piso ou encobertas por móveis, o que, em tese, justifica os serviços realizados simultaneamente nos hangares de Americana e Tomé-Açu, ambos de propriedade de Victor André Holanda Pessoa, que receberiam a cocaína apreendida pela Polícia Federal nos eventos citados”, diz um trecho do documento policial.

De acordo com a Polícia Federal, Victor assumiria função na logística do tráfico, atuando no recebimento e armazenamento para exportação da droga pelo mar.

Três meses depois da prisão em flagrante de três investigados, Victor finalizou os trâmites para registrar uma empresa de importação e exportação no Pará, apontou o relatório.

Ele figura ainda como proprietário de quatro empresas, diz a PF, entre elas a Helicopter Aviation Support Serviços e Comércio Ltda. É através do CNPJ dessa companhia que ele conseguiu uma concessão da Prefeitura de Americana para atuar no aeroporto da cidade.

Segundo o site da Receita Federal, a empresa consta como ativa e com sede no hangar 23-C2, em Americana. A reportagem esteve no local na tarde de sexta-feira e o encontrou fechado. Funcionários de outros hangares disseram que ninguém vai até o galpão da Helicopter Aviation há “algum tempo”.

Victor está preso preventivamente desde o dia 18 de agosto, por um mandado de prisão cumprido no município de Ananindeua (PA). Ele está custodiado na Cadeia Pública para Jovens e Adultos, no Complexo de Americano, em Santa Izabel (PA).

A reportagem questionou a prefeitura sobre a situação do hangar e se houve alguma fiscalização desde a prisão de Victor. Não houve resposta até a publicação desta reportagem.

O aeroporto é apontado como rota do tráfico internacional de drogas em investigações policiais. Após a repercussão das apurações, a prefeitura decidiu instalar câmeras de segurança.

‘Não existe nada contra ele’, argumenta defesa

Em entrevista ao LIBERAL, o advogado Adrian Silva, responsável pela defesa de Victor Pessoa, afirmou que não há provas contra seu cliente.

“Na investigação da PF não existe nada contra ele. Até agora não tem nem perícia nesse hangar, não foi encontrada nenhuma droga no hangar, não ficou comprovado em nenhum momento que droga alguma teria entrado ou saído daquele lugar. O hangar não é propriedade do Victor, é produto de uma concessão da Prefeitura de Americana”, defendeu.

“O que tem, na verdade, são conjecturas, suposições idiossincráticas que povoam o imaginário dos investigadores e dos acusadores, muito mais preocupados em dar uma resposta à sociedade do que de fato respeitar a constituição”, acrescentou.

A defesa, por argumentar que não existem provas e que o réu é primário, tenta fazer com que ele consiga responder ao processo em liberdade. Por isso, entrou com um pedido de habeas corpus, que foi negado pela Justiça Federal.

Publicidade