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Saúde

Número de casos de aids dobra em Americana entre 2017 e 2018

Perfil dos infectados pela doença está mais jovem, segundo especialistas; distribuição de preservativo tem sido irregular no País desde o ano passado

Por Marina Zanaki

18 de julho de 2019, às 07h18 • Última atualização em 18 de julho de 2019, às 13h29

Os novos casos de aids em Americana dobraram em 2018 em relação a 2017, e a contaminação tem ocorrido principalmente entre os jovens. O número de pessoas com a doença passou de 16 para 34 no período, segundo dados da Vigilância Epidemiológica. Em 2019, já são nove registros.

Responsável pelo centro de testagem e aconselhamento do SAE (Serviço de Assistência Especializada) da Secretaria Municipal de Saúde, Marinilze Giubbina credita o aumento ao descuido em relação à prevenção e à ampliação na oferta de exames.

Foto: Marina Zanaki / O Liberal
Em fevereiro, faltou preservativo em unidade de saúde de Americana

“Quanto mais facilitarmos a oferta dos testes à população, melhoraremos o diagnóstico e as notificações e, principalmente, o diagnóstico precoce”, defende a profissional.

Segundo levantamento histórico da Vigilância, as duas faixas etárias com maior concentração de casos de HIV positivo de 1987 a 2019 é dos 31 aos 40 anos (33%) e de 21 a 30 anos (31%). Contudo, nos últimos dez anos a tendência tem mudado.

Assistente social da Aephiva (Associação Ecumênica dos Portadores de HIV de Americana), Raquel Oliveira aponta um crescimento de casos entre os mais jovens.

“O Ministério da Saúde tem focado as campanhas na população de 14 a 29 anos, justamente a faixa etária em que tem crescido os casos. Por mais informações que se tenha, ainda existe um comportamento de risco muito grande”, explica.

Professor de Infectologia da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Botucatu, Alexandre Naime Barbosa apontou que desde o início da década se vê a concentração de infecção por HIV entre aqueles que estão iniciando a vida sexual.

“Há uma sensação de que a aids não é uma doença tão grave porque tem um tratamento mais efetivo atualmente, que promove estabilização da expectativa de vida igual a quem não tem infecção por HIV”, afirma o médico. “Mas essa informação chegou de forma inadequada aos jovens, que pensam ‘se eu me contaminar não tem problema porque tem tratamento e não vou morrer’”, conclui. Desde o início do ano, cinco pessoas morreram com aids em Americana. No ano passado, foram 13 mortes.

PROTEÇÃO

Forma mais eficaz de prevenção ao HIV, a camisinha tem o abastecimento com problemas em todo o País desde o ano passado.

Segundo a Prefeitura de Americana, o fornecimento está “irregular” por parte do Ministério da Saúde. Na cidade, a campanha de distribuição de preservativos no carnaval foi prejudicada pela baixa nos estoques.

O ministério diz que o fornecimento ao Estado de São Paulo está “regular” e lembrou que a distribuição de preservativos é uma responsabilidade compartilhada com os estados e municípios.

Infecção pelo HIV é ‘roleta russa’, diz especialista

O professor Alexandre Naime Barbosa, da Faculdade de Medicina da Unesp, em Bauru, compara a possibilidade de contaminação por HIV a uma “roleta russa”. O médico defende a realização do teste rápido por pessoas que já tenham feito sexo sem preservativo e que não conheciam a sorologia do parceiro.

Foto: Editoria de Arte / O Liberal
Aids em Americana:  Número de casos nos últimos dez anos variou entre 16 e 53 registros, segundo dados da Vigilância Epidemiológica do município

“Você pode transar sem camisinha uma, duas, três, quatro, cinco vezes e não acontecer nada. Mas vai chegar o momento que você vai acabar se infectando. A melhor forma de prevenir é a camisinha, mas se você não estiver fazendo uso existem técnicas adicionais e alternativas”, orienta Alexandre.

O médico lembrou da profilaxia pós exposição, que deve ser administrada nos casos em que houve risco de contaminação, e também da profilaxia pré-exposição. Esta última é indicada para pessoas que se expõem de forma prolongada ao risco de se contaminar. Ambas as medicações são fornecidas mediante análise médica e social.

A profilaxia pré-exposição passou a ser oferecida em Americana neste ano, mas ainda não há pacientes utilizando o medicamento.

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