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PROBLEMAS

Moradores do Zincão, em Americana, sofrem com esgoto e buraco sem solução

Alternativa apresentada pela prefeitura é o deslocamento das pessoas para outro local

Por Gabriel Pitor

27 de outubro de 2024, às 08h34 • Última atualização em 27 de outubro de 2024, às 08h35

A aposentada Rosimary Camargo, de 63 anos, moradora do Zincão - Foto: Gabriel Pitor/Liberal

A aposentada Rosimary Camargo, de 63 anos, aproveitou a ida do LIBERAL na última semana à favela do Zincão, no Parque da Liberdade, em Americana, para mais uma vez mostrar os problemas da comunidade onde reside. Ela levou a reportagem até um buraco, em uma viela paralela à Avenida Serra do Mar, e ainda apontou um despejo de esgoto in natura ao lado do barraco 103.

“Nós estamos abandonados aqui, ninguém olha para a gente. Quando tudo cair ou algum morador ficar doente, aí alguém vai vir conversar, mas vai ser tarde demais”, disse a idosa.

As dificuldades enfrentadas pelos moradores da favela não são uma novidade nem para a prefeitura nem para as pessoas que acompanham o noticiário local.

Por exemplo, em dezembro de 2023, a reportagem noticiou a mesma erosão apontada por Rosimary na última semana. Na época, foi informado que a Defesa Civil do município iria analisar a situação.

Entretanto, os problemas são vistos como “sem solução” e a única alternativa apresentada é o deslocamento das pessoas para outro local. Porém, o procedimento é demorado e, enquanto não resolve, os residentes temem por tragédias.

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“Chegaram a me dizer que iriam limpar o buraco e jogar terra. Era para dar uma melhorada, não para resolver. Só que não fizeram nada. A gente continua com medo, porque o que está ao redor já está sendo puxado para dentro do buraco e quem mora lá embaixo tem dificuldade para subir”, contou Rosimary.

Essa dificuldade foi citada pelo aposentado Manoel Micia de Andrade, 60, que tem uma hérnia ainda não tratada e sente dores para escalar a erosão até a Avenida Serra do Mar.

No entanto, o maior incômodo dele é o despejo de esgoto ao lado do seu barraco, de número 103. O LIBERAL constatou que um encanamento leva o efluente até a área, que já está com cor escura, preta.

“O cheiro sobe. Às vezes a gente está almoçando ou jantando e fica esse cheiro de esgoto aqui do lado. É bem ruim e piorou, porque os canos estão quebrando, aí vaza para todo lado”, relatou.

À reportagem, a prefeitura afirmou que o buraco é causado pela passagem de águas pluviais e que a Defesa Civil realiza visitas periódicas ao local, “não sendo possível uma medida paliativa.”

Já quanto ao despejo, o DAE (departamento de Água e Esgoto) informou que trata-se de um dos três pontos que serão “cessados com as construções das estações elevatórias em linha, sendo que duas estão previstas para o primeiro semestre de 2025”.

Porém, esse ponto no Zincão só poderá ter a obra após o encaminhamento das famílias que habitam o local devido ao espaço físico para implantar a estrutura.

“Ressalta-se que o coletor de esgoto recentemente executado na Rua Florindo Cibin interceptou grande parte do volume de esgoto que era direcionado para este ponto, restando apenas os efluentes gerados por duas quadras a montante do Zincão”, comunicou o DAE.

Benefícios

Outra situação relatada por residentes da favela é a dificuldade de acesso a benefícios como cestas básicas e Bolsa Família – programa do governo federal.

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Também durante a visita nesta semana um grupo de oito mulheres abordou o LIBERAL para reclamar sobre o não recebimento de alimentos. Porém, segundo a prefeitura, toda a demanda foi atendida e a orientação é que procurem o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) caso não tenham recebido.

Grupo de mulheres reclamou sobre problemas sociais vividos na favela – Foto: Gabriel Pitor/Liberal

Por sua vez, Manoel perdeu o benefício do Bolsa Família e não sabe o motivo. Ele tentou atualizar o seu cadastro, mas foi informado que outra pessoa estava sendo contemplada no mesmo endereço onde ele reside.

De acordo com a administração municipal, o cadastro do aposentado está sendo averiguado. O governo federal, responsável pelo procedimento, não deu informações por conta da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Incêndio

No último dia 20, um incêndio destruiu completamente cinco barracos da favela e famílias tiveram de procurar acolhimento com parentes, embora a administração tenha oferecido abrigo. Nenhum morador ficou ferido.

Segundo o coordenador da Defesa Civil de Americana, João Miletta, na próxima terça-feira (29) estão previstas doações, como fogão, sofá, roupas e cestas básicas.

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