PCC
Justiça manda quatro a júri popular por ‘tribunal do crime’ em Americana
Suspeitos são acusados de integrarem o PCC e promoverem sequestro, tortura e tentativa de homicídio contra um suposto estuprador no Jardim dos Lírios
Por João Colosalle
02 de novembro de 2019, às 07h33 • Última atualização em 04 de novembro de 2019, às 08h47
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/justica-manda-quatro-a-juri-popular-por-tribunal-do-crime-em-americana-1099501/
O Fórum de Americana deve receber nos próximos meses um júri popular cujos réus são suspeitos de integrarem o PCC (Primeiro Comando da Capital) na cidade.
A Justiça determinou na semana passada que quatro pessoas sejam julgadas pelo sequestro, tortura e tentativa de assassinato de um jovem de 21 anos que teria abusado da própria irmã, de 2, situação que nunca foi confirmada.
O crime, ocorrido em 2018, é descrito pela polícia como um “tabuleiro”, espécie de julgamento próprio que a facção criminosa promove em regiões em que atua.
A descoberta do caso é parte de uma das maiores investigações promovidas pela Polícia Civil de Americana contra integrantes do PCC no município e em Santa Bárbara d’Oeste.
A operação Jus Puniendi, deflagrada pela Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) em junho, identificou e processou pelo menos 15 pessoas suspeitas de integrarem a facção ou estarem ligadas a membros dela na região e crimes como homicídio e tráfico de drogas.
A ação da polícia resultou em dois processos que tramitam no Fórum de Americana. Em um deles, uma decisão do dia 24 de outubro mandou quatro homens para o tribunal do júri.
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Eles são acusados de participarem de um tabuleiro da facção no Jardim dos Lírios, em outubro de 2018. O crime teria sido motivado após uma “denúncia” feita a membros do PCC sobre um estupro de uma criança de 2 anos.
O suposto estuprador foi sequestrado no Jardim Europa, em Santa Bárbara, e levado para um cativeiro, inicialmente, no bairro Mathiensen, em Americana. No local, ele foi ameaçado, agredido e torturado por diversas pessoas – outras nove pessoas respondem pelo caso em outro processo.
De acordo com o depoimento da vítima, os agressores cobravam que ela admitisse o crime e ameaçavam matá-la a marretadas.
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Um dos participantes do tabuleiro, uma mulher, teria inclusive negociado o aluguel de uma chácara na região da Ponte do Funil, no limite entre Santa Bárbara e Limeira. Espaços do tipo são comumente usados pela facção para promover os julgamentos particulares, matar e enterrar as vítimas.
No meio do sequestro, houve uma tentativa de fuga frustrada, que foi punida com mais agressões, segundo depoimento da própria vítima.
O episódio terminou quando a Polícia Militar foi acionada e conseguiu encontrar o jovem em uma casa na Rua das Emas, no Jardim dos Lírios, 18 horas depois após o sequestro.
O envolvimento dos acusados com o PCC deve elevar a gravidade do júri popular e movimentar um forte aparato de segurança, como já ocorreu no Fórum de Americana em 2015, durante uma audiência com supostos membros de integrarem a facção na cidade.
Os acusados ainda podem recorrer da decisão que determinou que eles sejam julgados em júri popular. Em defesas apresentadas à Justiça, advogados apontam a não individualização das condutas de cada um dos envolvidos, que negam os crimes. A data do julgamento não está definida.