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Americana

Justiça do Trabalho determina penhora e intervenção na Nardini

Grupo tem R$ 121 milhões em dívidas trabalhistas, relacionadas a 442 ex-funcionários

Por Ana Carolina Leal

20 de outubro de 2021, às 07h31 • Última atualização em 20 de outubro de 2021, às 17h13

A Justiça do Trabalho determinou a penhora das Indústrias Nardini, em Americana, e nomeou um interventor para acompanhar e fiscalizar o trabalho do administrador da empresa, Antonio Manuel Saldanha Pereira Lopes. O grupo tem R$ 121 milhões em dívidas trabalhistas, relacionadas a 442 ex-funcionários.

O pedido de intervenção foi feito pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) e ex-funcionários da empresa. A Nardini é fiscalizada por peritos desde 24 de maio por ordem da 1ª Vara do Trabalho de Americana com o objetivo de levantar a atual situação econômica do grupo.

Em despacho nesta segunda-feira (18), a juíza do Trabalho, Bruna Müller Stravinski, afirma que a partir do laudo pericial preliminar apresentado pelo perito e criteriosa auditoria, foi possível perceber que a administração atual conta com uma série de irregularidades graves, que prejudicam a satisfação das execuções atuais, além de ensejar descumprimentos contratuais e legais dos trabalhadores que atuam hoje no grupo.

No documento, a magistrada determina que seja estabelecido um plano de administração capaz de assegurar a quitação das execuções trabalhistas e demais despesas decorrentes da atividade econômica praticada pelas indústrias.

A juíza explica que com a penhora da empresa e com a intervenção, é necessária a suspensão de todas as execuções cíveis e fiscais em andamento para que as indústrias voltem a movimentar suas contas bancárias.

O que não quer dizer, no entanto, que os processos ganhos contra o grupo não serão pagos. Eles serão inclusos nesse plano de administração que será estabelecido com o intuito de solucionar todos os processos em que a Nardini figure como devedora.

No documento, a juíza afirma ainda que a administração atual da empresa será exercida sob a fiscalização do perito interventor nomeado pela Justiça, Renato Baptista. “Todas as decisões atinentes à gestão da empresa Indústrias Nardini deverão ser tomadas em conjunto pelo administrador e interventor”, afirma.

O perito será remunerado pelo grupo, sendo que seus honorários serão incluídos no plano de administração a ser apresentado. Inicialmente, ele receberá R$ 48 mil mensais. O valor poderá ser alterado dependendo da complexidade do encargo atribuído.

O plano de administração deverá ser apresentado no prazo de 120 dias. Nele, deve constar entre outras informações, um levantamento detalhado de cada um dos processos em que o grupo é devedor, indicação de todas penhoras feitas em face das indústrias e comprovação da receita das empresas e apresentação de estimativa de receita para os próximos anos, até 2024.

Advogada que representa a maioria dos funcionários, Keyla Caligher Neme Gazal, comemorou a decisão da Justiça. “O importante é que de fato com  a perícia contábil, comprovou-se todas as minhas denúncias, o desvio de dinheiro da Nardini para empresas que estão em nome de ‘laranjas’. E com essa decisão ao que tudo indica os desvios cessarão e os funcionários finalmente irão receber”, declarou ao LIBERAL.

Contatada pela reportagem às 16 horas desta terça-feira, a advogada que representa as Indústrias Nardini, Marcia Correia, respondeu que não poderia se manifestar porque não teria tempo hábil para isso.

Tradicional fábrica de máquinas de Americana, a Nardini tem atualmente 244 funcionários na ativa. Os trabalhadores passaram a receber em dia com o início dos trabalhos dos peritos, em maio.

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