26 de abril de 2024 Atualizado 10:18

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Boas Histórias

Estudantes da Fatec criam site para alertar sobre tráfico de pessoas

O projeto atendeu a um pedido de organização que atua no combate ao tráfico internacional de pessoas, com o objetivo de alertar famílias

Por Valéria Barreira

02 de outubro de 2019, às 09h46 • Última atualização em 02 de outubro de 2019, às 14h46

Um site falso desenvolvido por estudantes da Fatec (Faculdade de Tecnologia do Estado) Americana expõe a ingenuidade e a vulnerabilidade de usuários diante de promessas na rede. O projeto atendeu a um pedido da Asbrad (Associação Brasileira de Defesa da Mulher, da Infância e da Juventude), organização que atua no combate ao tráfico internacional de pessoas, com o objetivo de alertar famílias e jovens para anúncios de recrutamento falsos na internet.

O aliciamento cibernético geralmente é feito por criminosos para as práticas de exploração sexual, adoção de menores, venda de órgãos e trabalho escravo.

Foto: Divulgação
Rebecca Barbosa, Daniel Freire, Graziella Rocha e Eduardo Watanabe; equipe esteve em work shop e ganhou prêmio

De acordo com o Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crimes, cerca de 2,4 milhões de pessoas são vítimas do tráfico no mundo a cada ano. Os sites de emprego e perfis nas redes sociais são as ferramentas mais usadas por criminosos.

Os alunos envolvidos no projeto são do curso superior tecnológico de ADS (Análise e Desenvolvimento de Sistemas). Sob a coordenação de Graziella Rocha, da Asbrad, os estudantes Daniel Freire, Eduardo Watanabe, Maiara Martins e Rebecca Barbosa desenvolveram um site falso para uma agência fictícia de recrutamento.

O objetivo era “atrair” jovens interessados em trabalhar no exterior como forma de alertá-los para os riscos, e o resultado surpreendeu os estudantes.

Em um período de 11 dias, a página recebeu 387 acessos e 82 inscrições. As vagas mais procuradas na plataforma foram para jogar futebol na Europa e trabalhar em cruzeiros marítimos.

A estudante Rebecca Barbosa, de 30 anos, ressalta que mesmo sendo vantajosas ao extremo, as condições exigidas para as vagas não despertaram desconfiança nas pessoas e muitas acabaram caindo no falso golpe. “A incompatibilidade dos dados era muito explícita e a descrição de vagas continha alertas que não foram percebidos pelos internautas”, afirma.

https://liberal.com.br/wp-content/uploads/2019/10/02.10.19-REBECCA-BARBOSA-SITE-FAKE.mp3?_=1

Ela conta que as vagas do site não exigiam o domínio de um idioma estrangeiro e os candidatos não pagariam pela passagem, acomodação e alimentação.

Outra informação que poderia despertar suspeitas é a de que o candidato não precisava ter experiência anterior na função que almejava. Para trabalhar, por exemplo, como modelo New Face Brasileira, uma das vagas disponíveis, não era preciso prática.

Mais um fato inusitado do site é que o termo de aceite para finalizar a inscrição esclarecia que as oportunidades eram “meramente ilustrativas” e que a plataforma fazia parte de um projeto social baseado na lei nacional de combate ao tráfico de pessoas. Ainda assim, nenhum usuário se manifestou ou questionou esse aspecto.

A equipe produziu uma carta para ser enviada aos candidatos que se inscreveram no processo de seleção. Além de esclarecer que o site faz parte da campanha de conscientização contra o tráfico de pessoas, o texto visa engajar os usuários nessa luta, para que os sonhos não se transformem em armadilhas.

Reconhecimento

O projeto rendeu aos alunos um convite para participar de um talk show sobre crimes cibernéticos na Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, onde apresentaram a plataforma digital. O grupo também participou do Desafio IBM BlueHack Tráfico de Pessoas, conquistando o primeiro lugar.

Publicidade