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Remédios

Estoque garante intubação por mais 30 dias, diz Prefeitura de Americana

Administração garante não ter havido falta dos remédios para fazer o procedimento na rede municipal até o momento

Por Leonardo Oliveira

20 de março de 2021, às 08h17 • Última atualização em 20 de março de 2021, às 09h07

Diante de um cenário de escassez no mercado, a Prefeitura de Americana garantiu nesta sexta-feira que o estoque atual de medicamentos do Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi para intubar pacientes com o novo coronavírus (Covid-19) é suficiente para os próximos 30 dias, pelo menos.

Fármacos como Fentamil, Midazolan e Rocurônio, entre outros, estão em falta diante do aumento no número de pacientes internados em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). No HC (Hospital das Clínicas) da Unicamp, por exemplo, os medicamentos devem durar mais seis dias, somente.

A declaração foi dada pelo superintendente do hospital, Antônio Gonçalves de Oliveira Filho, durante sua participação no fórum virtual da SMCC (Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas), na noite da última quinta-feira.

É necessário o uso de remédios para sedar os pacientes, já que o procedimento de intubação é “extremamente invasivo e doloroso”, explica o médico Marcos Machado, presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo.

“Quando você faz a intubação, você coloca um tubo para chegar até as vias para que a pessoa possa  receber oxigenação. Esse tubo passa pela traqueia e vai chegar até o pulmão. O organismo não aceita. Se a pessoa não estiver sedada, não é possível fazer a intubação”, disse ao LIBERAL.

No HC da Unicamp, já admite-se a possibilidade de ter que escolher quais pacientes com quadro grave serão intubados, já que o estoque de sedativos e relaxantes musculares é baixo, situação que a Prefeitura de Americana nega que exista na cidade. “A direção do hospital está monitorando e tomando as providências necessárias para não haver falta dos produtos”, disse, em nota.

A Secretaria de Saúde de Americana também garante que equipamentos como agulhas, luvas, máscaras e álcool em gel também possuem estoque para mais um mês e que, quando necessário, faz a compra desses e outros itens através de dispensa de licitação.

Dentre os hospitais particulares, a Unimed informou que 70% das internações do hospital hoje são de pacientes com Covid-19 e que possui um plano de contingência para contemplar a compra dos itens para atendimento, enquanto que, o São Lucas, só informou que tem adotado todas as medidas e protocolos necessários. A assessoria do Hospital São Francisco não respondeu.

Em Santa Bárbara d’Oeste, a administração admite que existem “incertezas” sobre as entregas futuras dos medicamentos, mas garante que não houve desabastecimento até agora. “Há expectativa de algumas entregas dos medicamentos nos próximos dias”, informou o executivo.

O prefeito de Nova Odessa,  Cláudio José Schooder (PSD), o “Leitinho”, anunciou nesta sexta a compra de medicamentos para as unidades respiratórias e a aquisição de cinco respiradores, cinco monitores vitais, 20 bombas de infusão e insumos por R$ 630 mil.

Questionada, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Sumaré não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Hortolândia vê possibilidade de desabastecimento

O sistema público de saúde de Hortolândia não registra a falta dos medicamentos e equipamentos, garantiu a prefeitura nesta sexta-feira. Apesar disso, admitiu a possibilidade de uma deficiência nos estoques caso não haja uma intervenção dos poderes estadual e federal.

“Existe a iminência de desabastecimento destes medicamentos e a consequente falta dos mesmos no mercado, o que resultará, inevitavelmente, na limitação de sua oferta e uso no sistema de saúde do município, caso providências urgentes não sejam tomadas a nível estadual e federal a fim de se gerenciar a produção de estoques estratégicos dos mesmos”, diz a nota enviada ao LIBERAL.

Questionado, o Ministério da Saúde informou que realizou, na última quarta-feira, a aquisição administrativa de 665.507 medicamentos para intubação de pacientes e que, só esse estoque, é suficiente para um período de 15 dias.

“A pasta também entrou em contato com a Anvisa nesta quinta-feira para realização de uma consulta internacional de disponibilidade dos principais medicamentos  para verificar a possibilidade da compra dos produtos no exterior”, informa.

Uma das empresas que foi requisitada administrativamente a ceder os seus produtos ao governo foi o Laboratório Cristália, de Itapira, que cita um aumento de 400% na procura pelos medicamentos desde o início da pandemia.

Cerca de 40% da matéria-prima necessária para que o laboratório produza os fármacos vem do exterior, por isso há uma dependência de mercados como Índia e China para conseguir garantir os estoques.

Presidente de conselho descarta situação semelhante a Manaus

Em entrevista ao LIBERAL, o presidente do Conselho Regional de Farmácia de SP, o médico Marcos Machado, vê como pequenas as possibilidades da região de Campinas e do Estado de São Paulo repetirem o que foi visto em Manaus, que teve as unidades de saúde sofrendo com a falta de medicamentos.

Vídeos circularam nas redes sociais mostrando pacientes sendo amarrados em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para conseguirem suportar a dor da intubação sem os sedativos necessários.

“Ontem [quinta-feira] houve uma reunião com a Anvisa, então acho que agora nós poderemos ficar um pouco esperançosos que isso não vá acontecer [repetir o cenário de Manaus). Até essa semana eu tinha essa preocupação, agora eu acho que as autoridades estão tentando se organizar um pouco melhor”, disse o presidente.

Marcos ainda defendeu que uma centralização das demanas no Ministério da Saúde para agilizar as compras dos fármacos e garantir preços melhores.

“A situação no serviço público é muito complicada. Para comprar medicamentos, é necessário também fazer licitação e isso tem sido um fator preocupante, porque os preços estão muito altos. O que eu pude sentir de algumas autoridades é que essa centralização de licitação deveria ter sido feita pelo Ministério da Saúde. Ao fazer uma compra única, o preço cairia, então você consegue administrar melhor isso”, completa.

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