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Liberal nas Ruas

Atrasos dos Correios causam revolta em Americana

Há relatos de pessoas que tentaram, mas não conseguiram pegar as correspondências na unidade do São Manoel

Por Rodrigo Alonso

05 de agosto de 2020, às 10h51 • Última atualização em 05 de agosto de 2020, às 10h54

Moradores de diferentes bairros de Americana reclamam de atrasos de entrega pelos Correios. Há relatos, inclusive, de pessoas que tentaram pegar as correspondências diretamente no centro de distribuição do São Manoel, na Rua Santo Antônio, mas não conseguiram.

Morador do Jardim Novo Paraíso, o metalúrgico Josias da Silva, de 40 anos, afirmou ter ido pelo menos três vezes até a unidade, atrás de um cartão bancário, mas não teve sucesso.

“Eles não estão querendo fornecer para mim, porque estão em mudança. Alegam que estão mudando, com poucos funcionários. A gente até entende, está complicado, mas a minha correspondência já estourou o prazo no dia 23”, afirma sobre o caso.

Centro de Distribuição no São Manoel incorporou unidade da Vila Santa Catarina: reclamações – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Segundo os Correios, a unidade do São Manoel incorporou o centro de distribuição da Vila Santa Catarina, que ficava na Rua Tamoio. O objetivo principal é “otimizar os recursos operacionais”, conforme nota enviada pela empresa ao LIBERAL.

A estatal não informou quando a mudança aconteceu. “Todas as providências administrativas e operacionais já foram tomadas para manter a qualidade da distribuição”, comunicou.

Um morador do Conserva, de 62 anos, que pediu para não ser identificado, também não tem recebido correspondências em sua casa e, quando tentou, não conseguiu retirá-las na unidade do São Manoel. “Não entrega e não tem prazo para entregar”, afirma.

As entregas também atrasam no Nova Carioba, de acordo com a confeccionista Lurdes Pires Rodrigues, de 60 anos. Ela disse receber as faturas fora do prazo. “Você acaba tendo de pagar atrasado certas coisas. Você ainda consegue pagar, mas tem de pagar juros”.

Moradora do Jaguari, a costureira Lucinete Cristina de Araújo, de 44 anos, sofre com o mesmo problema. “Chegavam contas que já venceram, que eu já tinha pago pela internet”, conta.

Os Correios apontaram que, “em razão da sobrecarga de objetos postais, atrasos pontuais nas entregas de correspondências foram registrados nos bairros Jaguari e Jardim Novo Paraíso”. A empresa prometeu que as entregas serão normalizadas nos próximos dias.

“Os Correios lamentam os transtornos e já colocaram em prática ações como trabalho aos finais de semana, serviço extraordinário e redistribuição da carga postal, para regularizar a situação”, completou.

Paralisação
Pelo menos 100 funcionários dos Correios da RPT (Região do Polo Têxtil) devem aderir à greve nacional da categoria logo no primeiro dia, conforme estimativa do Sintectcas (Sindicato dos Trabalhadores em Correios de Campinas e Região). A paralisação tem início previsto para o próximo dia 18.

O movimento foi anunciado pela Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares) nesta segunda-feira.

Os sindicatos de todo o Brasil vão realizar assembleias no dia 17 para deflagração da paralisação – Foto: Marcelo Rocha / O Liberal

Um dos motivos, segundo a categoria, é uma proposta feita pelos Correios de exclusão de 70 das 79 cláusulas do atual acordo coletivo, válido até 2021.
Entre os direitos que seriam retirados, estão vale-alimentação, 30% do adicional de risco e licença-maternidade de 180 dias, de acordo com a federação. Os sindicatos de todo o Brasil vão realizar assembleias no dia 17 para deflagração da paralisação.

Na RPT, há cerca de 350 trabalhadores. O Sintectcas acredita que, num primeiro momento, 30% vão participar da paralisação, mas o percentual deve aumentar ao longo do tempo.

Sediado em Campinas, o sindicato atende um total de 84 municípios. A entidade estima que, nessas cidades, 1,1 mil empregados cruzarão os braços já no dia 18. Ao todo, existem 3,6 mil funcionários nessa região.

“Vai aumentando com o passar do tempo. Se a empresa continuar com a proposta de arrocho salarial e da retirada de benefícios, a tendência é a greve atingir acima de 60%”, diz Mauro Aparecido Ramos, diretor do Sintectcas.

Procurados pelo LIBERAL, os Correios apontaram que o ajuste dos benefícios “hoje concedidos fora do que está estipulado na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)” geraria uma economia de pelo menos R$ 600 milhões ao ano.

A estatal justificou que as dificuldades financeiras da empresa têm se agravado a cada ano e alegou que não pretende suprimir direitos dos trabalhadores.

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