INIVESTIGAÇÃO
Americana é alvo de operação da PF contra quadrilha que movimentou R$ 7,5 bilhões em fraudes financeiras
Polícia Federal de Campinas investiga lavagem de dinheiro de grupo que utilizava bancos digitais para movimentar dinheiro de facções
Por Paula Nacasaki
28 de agosto de 2024, às 09h40 • Última atualização em 28 de agosto de 2024, às 10h46
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/americana-e-alvo-de-operacao-da-pf-contra-quadrilha-que-movimentou-r-75-bilhoes-em-fraudes-financeiras-2242133/
A Polícia Federal de Campinas realiza, na manhã desta quarta-feira (28), em Americana e outras cidades da região, uma operação contra uma quadrilha que movimentou R$ 7,5 bilhões em fraudes financeiras e lavagem de dinheiro. O grupo utilizava bancos digitais para movimentar os valores ilícitos de facções criminosas, empresas com dívidas trabalhistas e fiscais, dentre outros.
De acordo com a PF, são cumpridos nesta manhã 10 mandados de prisão preventiva, sete de prisão temporária e 60 mandados de busca e apreensão nas cidades de Americana, Campinas, Valinhos, Paulínia, Jundiaí, Sorocaba, Votorantim, Embu Guaçu, Santana do Parnaíba, Osasco, São Caetano do Sul, São Paulo, Barueri e Ilha Bela (todas no estado de São Paulo) e Belo Horizonte (MG).
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Não foram divulgados os endereços da ação e nem especificados quais mandados estão sendo cumpridos em Americana. A operação foi denominada Concierge (entenda o nome abaixo).
Investigação
As investigações que impulsionaram a operação desta quarta dão conta de que a organização criminosa, por meio de dois bancos digitais – denominados fintechs –, oferecia abertamente contas clandestinas que permitiam transações financeiras dentro do sistema bancário oficial e de forma oculta.
Essa “manobra”, segundo a PF, possibilitou que empresas de fachada e facções utilizassem essas contas para lavagem de dinheiro e movimentação do dinheiro ilícito. Foram movimentados R$ 7,5 bilhões, o que possibilitou uma vida luxuosa aos envolvidos da quadrilha.
Ainda de acordo com a PF, os dois bancos digitais não autorizados pelo Banco Central e hospedados em bancos regulares se mantinham por conivência de instituições financeiras de grande porte.
“As contas eram anunciadas como contas garantidas, porque invisíveis ao sistema financeiro e blindadas contra ordens de bloqueio, penhora e rastreamento, funcionando por meio de contas-bolsões, sem conexão entre remetentes e destinatários e sem ligação entre correntistas e bancos de hospedagem”, detalhou a PF em nota distribuída à imprensa.
Durante a investigação, a própria Febraban (Federação Brasileira de Bancos) chegou a denunciar a situação ao Ministério Público Federal, informação que foi juntada aos autos do inquérito policial.
Os investigados responderão, na medida de suas condutas, pelos crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, ocultação de capitais (lavagem de dinheiro), crimes contra a ordem tributária e organização criminosa.
Suspensão de atividades
Além das prisões e buscas, cumpridas por 200 policiais federais, também foram determinadas judicialmente a suspensão das atividades de 194 empresas usadas pela organização criminosa para dissimular as transações; a suspensão da inscrição de dois advogados junto à OAB (um em Campinas e um em Sorocaba); a suspensão do registro de contabilidade de quatro contadores (dois em Campinas, um em São Paulo e um em Osasco); e o bloqueio de valor de R$ 850 milhões em contas associadas à organização criminosa.
Entre as buscas estão as sedes dos bancos que hospedam as fintechs ilegais e que não notificaram o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão do Ministério da Fazenda, quanto às transações suspeitas, bem como de instituições administradoras de cartões de crédito.
“O trabalho investigativo identificou e vinculou todos aqueles que, de alguma forma, relacionaram-se com as atividades ilícitas da organização, seja no apoio logístico, financeiro ou operacional, atingindo o núcleo de funcionamento criminoso e viabilizando a responsabilização tanto daqueles que efetivamente comandam o esquema, como daqueles que dão todo o suporte logístico para execução da atividade fim”, informou a PF.
Operação Concierge
Segundo a PF, “concierge”, palavra originária do francês e que denomina o profissional que atende necessidades específicas de clientes, faz alusão à oferta de serviços clandestinos a quem procurasse os suspeitos na cidade de Campinas para ocultação de capitais.