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Meio Ambiente

Aguapés escondem represa na orla da Praia dos Namorados, em Americana

Falta de chuvas e poluição estariam agravando a situação ao longo das últimas semanas no local

Por Gabriel Pitor

15 de setembro de 2024, às 08h46 • Última atualização em 15 de setembro de 2024, às 09h34

Quem acordou cedo nas últimas semanas para fazer uma caminhada na orla da Praia dos Namorados, em Americana, foi surpreendido com o horizonte tomado pelos aguapés. É praticamente impossível ver o espelho d’água na extensão da Avenida José Ferreira Coelho, desde uma lanchonete no cruzamento com Rua Antônio Corrêa até a Associação Barco Escola da Natureza.

De dentro da represa dá para ter uma noção melhor da quantidade de macrófitas. O barco-escola, por exemplo, só pode navegar no sentido do Iate Clube de Americana, porque do outro lado até a barragem da PCH (Pequena Central Hidrelétrica) a água está escondida pelas plantas aquáticas.

Espelho d’água está completamente tomado em algumas áreas – Foto: Marcelo Rocha / Liberal

Segundo João Carlos Pinto, idealizador e coordenador da associação, a falta de chuvas nos últimos meses agravou a situação. “Não tem como limpar o corpo d’água, e como o esgoto continua chegando, por meio do Rio Jaguari, ele fica parado no tanque e aumenta os aguapés.”

Mas a chuva também não resolve todo o problema. Ao LIBERAL, João Carlos contou que nos períodos chuvosos, agrotóxicos utilizados em plantações de cana-de-açúcar, que ficam no lado contrário à orla da praia, são levados até a represa e também se tornam um desafio para a remoção das macrófitas.

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“É preciso fazer alguma coisa para parar o uso desses agrotóxicos, porque não adianta conter e tirar os aguapés da água se continuam despejando coisas que fazem elas nascerem de novo. Os aguapés são difíceis de controlar. Se você tiver um metro quadrado dessas plantas, em 15 dias viram três”, apontou.

A CPFL Renováveis, empresa que pertence à CPFL Paulista, é responsável tanto pela administração da PCH quanto pela remoção das macrófitas. Segundo ela, as atividades de manejo continuam normalmente e o reservatório segue monitorado.

No entanto, recentemente os cabos náuticos sofreram vandalismo por três vezes, sendo que esses materiais são utilizados para confinar os aguapés e mantê-los próximos à barragem (onde a remoção é feita por meio de um barco-trator).

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“Esses atos de vandalismo permitiram que, devido aos ventos contrários, as macrófitas se espalhassem novamente pelo reservatório. Isso gera uma percepção visual de maior ocupação do espelho d’água. As cordas de contenção já foram reparadas e as equipes da CPFL estão trabalhando intensamente para adensar novamente as plantas.”

Também foram citados pela CPFL Renováveis as condições climáticas dos últimos meses e o lançamento contínuo de esgoto na represa.

Já a Prefeitura de Americana confirmou que os atos de vandalismo aconteceram e disse que reforçou o patrulhamento, embora seja difícil fazer o flagrante. Além disso, a administração afirmou que tem cobrado e fiscalizado a CPFL, que só em agosto retirou 21 hectares de plantas em 1.846 viagens.

Praia dos Namorados, em Americana – Foto: Marcelo Rocha / Liberal

Quanto ao despejo de esgoto, a prefeitura alegou que tem uma elevatória em funcionamento, que faz o tratamento e o bombeamento dos efluentes, por isso a contribuição do município para a carga poluidora “é muito pequena” diante de outras cidades.

“Essa é uma cobrança de muitos anos de Americana, inclusive em encontros regionais com prefeitos e autoridades estaduais”, afirmou. Por fim, a prefeitura disse que os agrotóxicos têm baixa contribuição na poluição da represa.

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O problema com a quantidade de esgoto na Represa do Salto Grande vem de anos. O Ministério Público já cobrou municípios que têm feito despejos in natura nos rios para que tomem providências.

De acordo com o ex-superintendente do DAE (Departamento de Água e Esgoto) e secretário-adjunto de Meio Ambiente de Americana, Carlos Cesar Gimenez Zappia, as construções das barragens de Pedreira e de Duas Pontes, em Amparo, no Rio Camanducaia, poderão melhorar a qualidade da água no Rio Jaguari.

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