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Liberal explica

Manipulações em jogos de futebol

Segundo denúncia do MP, jogadores teriam recebido dinheiro para influenciar em determinadas situações, como gols tomados por seu time, expulsões e até mesmo derrotas

Por Agência Brasil e Estadão Conteúdo

23 de abril de 2023, às 08h28 • Última atualização em 23 de abril de 2023, às 08h30

Contexto. Nos últimos dias, o Ministério Público iniciou uma série de investigações sobre supostas manipulações de resultados em jogos do Campeonato Brasileiro e de alguns estaduais. Jogadores teriam recebido dinheiro para influenciar em determinadas situações, como gols tomados por seu time, expulsões e até mesmo derrotas, beneficiando apostas esportivas realizadas com estes cenários.

Casos de influência externa em situações de jogo vêm crescendo a cada dia – Foto: Imagem de master1305 no Freepik

O MP-GO (Ministério Público de Goiás) deflagrou na última terça-feira, dia 18, uma operação para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão em 16 municípios de seis estados (Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), a fim de acabar com uma associação criminosa especializada em manipulação de resultados de jogos de futebol para favorecer apostas esportivas.

Segundo as investigações realizadas na Operação Penalidade Máxima II, “há suspeitas de que o grupo criminoso tenha concretamente atuado em pelo menos cinco jogos da Série A do Campeonato Brasileiro de 2022, bem como em cinco partidas de campeonatos estaduais”.

O zagueiro Eduardo Bauermann, do Santos, é um dos jogadores investigados na ação.

O MP informou que um atleta do clube praiano havia sido aliciado para levar um cartão vermelho na derrota por 3 a 0 para o Botafogo, no Engenhão, em 10 de novembro do ano passado, pela 37ª rodada do Brasileirão de 2022, e o Peixe confirmou que Bauermann é esse jogador. Naquela partida, ele foi expulso depois do apito final.

De acordo com o clube, o zagueiro revelou a tentativa de aliciamento em conversa com o presidente Andres Rueda, o técnico Odair Hellmann e o coordenador de esportes, Paulo Roberto Falcão. O Santos afirmou que o jogador “negou prontamente a proposta e já se colocou à disposição da Justiça”.

Além dele, entre os atletas investigados, dois são de Santa Catarina, dois de Pernambuco, três do Rio Grande do Sul e um de Goiás. O zagueiro Victor Ramos (Chapecoense), o lateral Igor Cariús (Sport), o meia Gabriel Tota (ex-Juventude e atualmente no Ypiranga) e o zagueiro Kevin Lomónaco (Red Bull Bragantino) são outros alvos desta operação do Ministério Público.

COMO FUNCIONA? O esquema de manipulação funciona, primeiramente, com o aliciamento de jogadores profissionais de futebol que estejam em determinada partida escolhida pelos criminosos. Uma vez que o atleta concorda em participar do esquema, os apostadores informam o que esperam que ele faça em campo, com base no que foi apostado, como marcar um gol contra, realizar determinada quantidade de chutes para fora do gol, fazer uma ou várias faltas e muitas outras situações possíveis.

Por exemplo, o aliciador pode apostar que um atleta vai ser expulso nos minutos finais, ou após o final da partida, como a situação investigada no caso de Bauermann. Quando isso acontece, ele ganha a aposta realizada em alguma das várias plataformas existentes no Brasil, causando prejuízo para a empresa de apostas e, principalmente, para o esporte, por conta do resultado manipulado.

O problema se agrava em caso de tentativa de manipulação direta do resultado, como quando um jogador faz gol contra ou erra cobrança de pênalti de propósito, por exemplo, gerando lucros ainda maiores.

CBF. Após a repercussão negativa e questionamentos sobre anular jogos por conta das suspeitas, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) qualificou como “epidemia global” as interferências externas em partidas.

“Interferências externas em resultados ou em situações de jogo são uma epidemia global que, para ser solucionada, precisa punir, de forma exemplar e urgente, os responsáveis por essa prática nefasta”, diz a nota da entidade.

A CBF disse ainda que tem investido no monitoramento por meio de uma empresa “mundialmente conhecida por sua expertise neste tipo de trabalho”.

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