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MEIO AMBIENTE

Ambientalista de Americana registra animais selvagens e alerta para caça ilegal na região

Com câmeras trap, Rodrigo Ribeiro flagra rotina de onças e outros animais em matas locais

Por Laís Seguin

22 de setembro de 2024, às 08h55 • Última atualização em 22 de setembro de 2024, às 08h58

Desde pequeno, Rodrigo Ribeiro, de 41 anos, sempre esteve em contato com a natureza. Criado no Jardim Guanabara, em Americana, ele cresceu explorando matas e pescando nas proximidades, o que despertou seu amor pelos animais e pelo ambiente natural.

Atualmente, Rodrigo tem se dedicado a um projeto pessoal: o registro de animais selvagens nas matas de Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Limeira, utilizando câmeras instaladas na mata – as câmeras trap.

O ambientalista Rodrigo Ribeiro – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

A paixão pelo meio ambiente o motivou a investir em equipamentos que capturam imagens de espécies que habitam essas áreas, especialmente nas proximidades dos rios Piracicaba e Jaguari.

“Eu sempre via pegadas e rastros de animais, e foi quando resolvi comprar a câmera trap. Me surpreendi muito com o que encontrei”, relata.

Seus registros revelam uma fauna rica, com espécies raras e impressionantes como onças-pardas, jaguatiricas, pacas, gatos-do-mato, guaxinins, entre outros.

“A onça-parda com filhote foi a que mais me impressionou. Só em Americana, já registrei pelo menos cinco onças diferentes”, conta ele, com entusiasmo.

Felinos flagrados em mata de Americana – Foto: Rodrigo Ribeiro

Apesar das belezas que as matas ainda oferecem, Rodrigo alerta para um problema grave: a caça ilegal. “Infelizmente, encontrei várias armadilhas. Muitas pessoas me perguntam por que revelo esses registros, se isso pode atrair caçadores, mas a verdade é que eles já sabem onde estão os animais. Quem não sabe são as pessoas que gostam de natureza”, lamenta.

Em diversas ocasiões, ele acionou as autoridades locais, como a guarda municipal e a Polícia Ambiental, mas também tomou medidas por conta própria.

“Eu quebrei várias armadilhas e descartei, mas é um problema recorrente. Precisamos de mais fiscalização e placas de sinalização nessas áreas.”

Rodrigo destaca que a região do antigo lixão de Americana, desativado há anos, e o entorno da Represa do Salto Grande possuem potencial para se tornarem reservas ambientais.

Rodrigo usa câmera trap para registrar espécies selvagens – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

“É a maior área verde de Americana. Seria um local perfeito para a criação de uma reserva, como a Mata de Santa Genebra, em Campinas. Poderia haver aulas de educação ambiental para ensinar as crianças sobre a importância da preservação”, sugere.

Além das armadilhas, outro sinal de interferência humana são os animais domésticos abandonados nas matas, como cachorros e gatos.

“Esses animais acabam aprendendo a caçar e podem transmitir doenças para a fauna local”, alerta. Rodrigo também menciona as queimadas que têm ocorrido na região, agravando ainda mais a situação da fauna e flora.

Hoje, ele diz se considerar um ambientalista. Com seis câmeras espalhadas em diferentes pontos das cidades de Americana, Santa Bárbara e Limeira, ele segue registrando e divulgando as imagens na esperança de conscientizar a população.

Rodrigo usa câmera trap para registrar espécies selvagens – Foto: Marcelo Rocha/Liberal

“Cada pedacinho de mato tem vida. Quando registro esses animais, quero que as pessoas entendam isso e parem de destruir o que resta”, explica. Seu objetivo é expandir o trabalho, instalando câmeras em outras áreas, como em Cosmópolis, e intensificando o monitoramento.

Mesmo com a sensação de perigo em algumas ocasiões, como ao destruir armadilhas de caça, Rodrigo segue com a missão.

“Já me deparei com caçadores armados. Uma vez, um deles me perguntou se podia descer do barco para caçar capivaras. Eu disse que a guarda municipal estava por perto, e ele ficou assustado. São momentos tensos, mas sei que é necessário”, conta. Além dos desafios com os caçadores, ele também aponta a falta de apoio governamental.

Flagrantes incluem animais de diversas espécies – Foto: Rodrigo Ribeiro

“Faltam placas de aviso, redutores de velocidade em áreas de passagem de fauna e mais ações concretas para proteger esses locais. A área de Salto Grande, por exemplo, precisa urgentemente ser transformada em uma reserva ambiental antes que seja tarde demais”, adverte.

Rodrigo faz questão de deixar claro que seu trabalho é movido pelo amor à natureza e pelo desejo de preservar o que ainda resta da fauna local.

“Cada registro é uma emoção. Ver uma onça-parda com seus filhotes ou um raro gato-mourisco é indescritível. Faço isso pelos animais, e espero que as autoridades façam sua parte para garantir que essas áreas verdes e espécies possam continuar existindo.”

Por fim, ele faz um apelo. “O poder público precisa agir. Placas, rondas e até a plantação de árvores frutíferas são medidas que podem ajudar a preservar esses ambientes. Sem isso, corremos o risco de perder tudo. Eu vou continuar fazendo a minha parte, mas precisamos de mais apoio.”

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