Turismo
Austrália atrai trabalhadores e estudantes do Brasil apesar do custo de vida alto
Por Amanda Fuzita
11 de setembro de 2024, às 21h59
Link da matéria: https://liberal.com.br/mais/turismo/australia-atrai-trabalhadores-e-estudantes-do-brasil-apesar-do-custo-de-vida-alto-2250780/
A Austrália atrai brasileiros que buscam por oportunidades de viver no exterior. O país precisa de mão de obra de trabalhadores estrangeiros e por isso facilita a entrada de imigrantes em seu território. Mas como é morar na Austrália, o custo de vida, os salários, o processo para imigrar e o trabalho no país? Brasileiros que vivem e trabalham na Austrália contam sua experiência.
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De acordo com o governo australiano, brasileiros formam o maior grupo de imigrantes da América Latina para a Austrália. Os mais recentes dados do Censo australiano de 2021 apontam que existem cerca de 46,7 mil brasileiros morando por lá. Desses, 20 mil são estudantes.
A Austrália está no 10.º lugar no ranking de países mais felizes. Os dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que o país tem um dos índices de desenvolvimento humano (IDH) mais altos do mundo.
Por que a Austrália?
O país apresenta algumas semelhanças com o Brasil. O casal paulista Victoria e Gabriel Magliani, ambos com 27 anos, escolheu a cidade de Gold Coast por ser semelhante ao clima da Baixada Santista, onde moravam. “O clima daqui foi o que mais nos chamou atenção. Gostamos de calor, e queríamos uma experiência de morar fora sem uma mudança climática drástica”, explica Victoria.
Eles também destacam a diversidade cultural do país. “É difícil você encontrar um australiano, há muitos imigrantes de todos os lugares: japoneses, indianos, brasileiros”, afirma Gabriel.
Segundo o casal, no início, é difícil aproveitar a qualidade de vida do país devido à carga de trabalho intensa. “A gente mal aproveita a qualidade de vida no início porque você trabalha de segunda a segunda,” explica Victoria.
Ela e Gabriel sabiam, antes de se mudarem, que teriam de aceitar todo tipo de trabalho disponível, como faxina e mudanças, e que os fins de semana livres seriam raros. “No início, é difícil para qualquer imigrante”, diz Victoria.
Gabriel, que chegou sem falar inglês, trabalhou bastante fazendo mudanças e entregas de comida, enquanto Victoria atuou como faxineira.
Hoje, Victoria trabalha como consultora de vendas em uma agência de intercâmbio local, e Gabriel é motorista. Para quem já possui um nível razoável de inglês, as oportunidades iniciais incluem empregos em bares e restaurantes.
Os setores de construção civil e saúde também demandam muitos trabalhadores estrangeiros, oferecendo diversas oportunidades devido à grande necessidade de profissionais qualificados.
Qualidade de vida
A Austrália tem benefícios atraentes para os trabalhadores. Os australianos conseguem aproveitar a vida porque muitos trabalham em horários flexíveis e home office, além de geralmente possuírem suas próprias casas, o que reduz o custo de vida.
“Eles ganham bem e não pagam aluguel como a gente. Normalmente, eles têm o próprio imóvel, então conseguem usufruir do melhor da Austrália”, conta Victoria.
A Austrália é conhecida por oferecer uma das melhores qualidades de vida do mundo. Está em 10.º lugar segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da ONU. De acordo com o casal de brasileiros, “a Austrália é uma mãe para os australianos”.
No entanto, para os imigrantes, essa realidade pode ser um pouco diferente. Eles usufruem parcialmente dessa qualidade de vida até se estabelecerem no país.
A infraestrutura de lazer na Austrália é excelente tanto para imigrantes quanto para os locais. Existem muitos eventos gratuitos, feiras, shows e campeonatos, como o mundial de surfe, que são acessíveis a todos.
Segurança
A combinação de qualidade de vida e oportunidades na Austrália são algumas das razões que motivaram a administradora Thainan Brito, 30, a se mudar de São Paulo para Sydney. A sensação de segurança e o poder de compra também são apontados por ela.
Thainan destaca a eficiência do transporte público como uma notável vantagem em relação a São Paulo. Ela afirma que os trens estão sempre vazios, além de terem dois andares e serem rigorosamente pontuais. “Enquanto em São Paulo eu gastava até duas horas no trajeto, aqui o cenário é bem diferente, em 20 minutos você consegue chegar”, afirma.
A jornada de trabalho na Austrália é bastante respeitada em comparação com o Brasil, especialmente São Paulo. “Na Austrália, a prioridade é a qualidade de vida. Os australianos iniciam o expediente cedo e encerram mais cedo, respeitando o horário à risca” diz Victoria. Em média, o horário comercial na Austrália vai das 7h30 às 15h30.
De acordo com dados da OCDE e do Banco Mundial, a Austrália ocupa o 4.º lugar no ranking global de salários mínimos. O país estipula um mínimo de 24,10 dólares australianos (AUD) por hora para trabalhadores com mais de 21 anos, o que equivale a R$ 90. Mensalmente, o salário bruto para uma jornada de 40 horas semanais gira em torno de AUD 964 (R$ 3.596).
“Para trabalhos braçais, como faxina e mudanças, é comum receber de AUD 30 a 35 (de R$ 112 a R$ 130) por hora”, afirma Gabriel.
“Como faxineira, ganhava inicialmente AUD 25 (R$ 93) por hora. Atualmente, ganho AUD 50 (R$ 186) por hora. Geralmente, para um trabalho de limpeza, o pagamento varia entre AUD 30 e 35 (R$ 108 a R$ 126) por hora”, acrescenta.
O custo de vida na Austrália é elevado. Quem deseja migrar para o país também deve ficar atento aos gastos da região em que pretende morar. Cidades como Sydney e Melbourne têm alto custo de vida, especialmente em relação à moradia.