HABITAÇÃO
Ações de despejo por falta de pagamento cresceram 21% em Americana, em 2023
Número passou de 376, em 2022, para 456, no ano passado, segundo cartórios da cidade
Por Ana Carolina Leal
08 de julho de 2024, às 08h09
Link da matéria: https://liberal.com.br/cidades/americana/acoes-de-despejo-por-falta-de-pagamento-cresceram-21-em-americana-em-2023-2207582/
O número de ações de despejo por falta de pagamento em Americana aumentou 21% no ano passado em comparação com 2022. O total saltou de 376 para 456, conforme dados dos cartórios judiciais do município compilados no Informativo Socioeconômico da prefeitura.
Quando comparado com 2020, ano em que teve início a pandemia do coronavírus, o aumento é ainda mais significativo, chegando a 72%. Naquele ano foram assinados 264 processos de despejo na cidade.
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Uma ação de despejo ocorre sempre que o locatário descumpre alguma cláusula do contrato, sendo a falta de pagamento tanto do aluguel quanto do IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), consumo de água, energia e condomínio, ou qualquer outra obrigação contratual, o motivo mais comum.
“A ação de despejo pode ser feita no dia seguinte ao atraso, a lei não impõe tempo. Cada locador avalia junto ao seu corretor ou imobiliária a forma mais eficaz de cobrança e os prazos”, explica Kelly Curciol Ferreira, da Lumes Gestão Imobiliária.
Segundo ela, o aumento nas ações de despejo é reflexo da crise econômica enfrentada pelo País nos últimos anos, que tem levado a reajustes salariais bem abaixo dos índices de inflação, resultando em uma alta inadimplência.
“Até o momento, não percebo por parte do governo, em especial no âmbito de planos econômicos, que haverá alguma mudança nesse cenário de forma responsável ou definitiva. Faltam políticas econômicas sustentáveis e realistas. É muita ação para apagar incêndio, o que pode nos render uma conta maior para pagar no futuro”, comenta Kelly.
Denis Paulo Rocha Ferraz, professor de direito civil da Faculdade de Direito da PUC-Campinas, aponta que o aumento das ações de despejo reflete a maior dificuldade financeira dos inquilinos.
Ele destaca que a manutenção de uma casa é uma das principais preocupações das pessoas, e a incapacidade de pagar pelo aluguel pode causar um estrangulamento financeiro indesejável para a sociedade.
O professor também menciona a superação da fase mais crítica da pandemia de Covid-19 como um fator relevante. Durante a pandemia, uma legislação suspendeu os despejos em locações de até R$ 600 se residencial ou R$ 1,2 mil se comercial, proporcionando algum alívio temporário para os inquilinos.