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Celebridades

Poder da criação

Produzida para o sucesso, “Pantanal” recupera prestígio do horário das nove e eleva o nível dos “remakes”

Por Geraldo Bessa - TV Press

15 de outubro de 2022, às 08h58

A Globo tem boas e péssimas experiências com “remakes”. Por conta do risco que esse tipo de produção envolve, os títulos ficavam restritos aos horários das seis e das sete. A pompa em torno do nome de “Pantanal”, entretanto, quebrou esse paradigma. A aposta da nova direção de teledramaturgia, depois da dispensa de Silvio de Abreu e da promoção de José Luiz Villamarin, foi focada em tirar a faixa das 21h da letargia após a repercussão mediana de “Amor de Mãe”, reprises de tramas antigas e, especialmente, o fracasso de “Um Lugar ao Sol”.

Acostumada a ver suas novelas serem assistidas sem grande esforço, a emissora sentiu que teria de criar uma conexão não apenas com os saudosos que assistiram à versão original da obra de Benedito Ruy Barbosa – exibida em 1990 pela Manchete -, mas também tornar o produto instigante para uma nova geração de telespectadores. Desta forma, a Globo investiu alto na publicidade de todos os detalhes referentes ao “remake” cerca de seis meses antes da estreia.

A estratégia deu certo. Em pouco tempo, criou-se um ambiente perfeito para o lançamento, com inserções de marketing em diversas redes sociais, sites de entretenimento e ações presenciais nas principais cidades brasileiras. Nos bastidores, o alto padrão técnico logo chamou a atenção de uma vasta gama de telespectadores. A promessa de uma superprodução se confirmou e “Pantanal” só cresceu. Após uma belíssima primeira fase, a transição para a fase dois teve seus problemas iniciais solucionados, caso de personagens que ficaram sem função ou a mistura bagunçada dos núcleos da cidade e do ambiente rural, sem que a qualidade fosse colocada à prova. Apesar de fazer reverência ao trabalho do avô em muitos aspectos, o autor Bruno Luperi fez uma novela aos olhos e dinâmicas do agora. Por mais contemplativo que o texto possa parecer, a ação evolui e se desenvolve sem a impressão de que a novela estivesse enrolando o público.

É fato que a novela foi feita para nomes como Marcos Palmeira, Murilo Benício, Dira Paes, Jesuíta Barbosa e Alanis Guillen brilharem. E de fato, eles tiveram diversos momentos de grandes destaques ao longo da exibição. Porém, o texto também foi muito gentil com seus coadjuvantes. De forma orgânica e antenada com o que acontece no cotidiano, a Maria Bruaca de Isabel Teixeira acabou roubando a cena com sua fome de viver depois de tantos anos oprimida em um casamento falido. Em um grande desempenho, Isabel ganhou ares de protagonista ao longo dos capítulos, onde sua transformação “de dentro para fora” acabou atraindo mais atenção do que Juma se transformando em onça.

Apesar da falta de sintonia entre Jove e Juma, o casal jovem da trama, há de se considerar o empenho de Jesuíta e Alanis em seus personagens, tipos complexos que poderiam estacionar nas alcunhas de chatos e enfadonhos, mas que aos poucos ganharam compreensão e bons momentos em cena. Sucesso que a Globo esperava e precisava, “Pantanal” termina renovando o fôlego dos “remakes” e recuperando o prestígio perdido da faixa mais nobre da emissora.

“Pantanal” – Globo – de segunda a sábado, às 21h.

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