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CINCO PERGUNTAS

Outro olhar

Diretor de “Pantanal”, Rogério Gomes fala da despedida da Globo e da tensão de dirigir o “remake”

Por GERALDO BESSA - TV PRESS

12 de maio de 2022, às 09h17 • Última atualização em 12 de maio de 2022, às 09h18

A história de “Pantanal” sempre cruza a vida de Rogério Gomes de forma intensa. Hoje um dos mais prestigiados diretores da tevê, em 1990 Gomes era da equipe de edição de “Rainha da Sucata”, quando a novela sentiu o impacto causado pela obra de Benedito Ruy Barbosa exibida pela Manchete.

“A equipe virava noites para dar conta das alterações que texto e cenas sofreram para tentar reconquistar o público. Depois de muitos anos de hegemonia, foi a primeira novela a balançar a audiência da Globo. Um momento de muito trabalho e aprendizado”, conta. Cerca de três décadas depois, Gomes ficou nervoso ao ser escalado pela Globo para mostrar um novo olhar para o texto icônico de Benedito. “Fiquei tremendo. A pressão e expectativa em torno desse ‘remake’ foram enormes”, conta.

Natural do Rio de Janeiro, Gomes cresceu nos estúdios da TV Tupi, onde o pai, Hilton Gomes, trabalhava como um dos principais locutores do “Repórter Esso”, o principal telejornal dos anos 1960. Na juventude, começou a trabalhar na Globo como operador de VT e, na sequência, migrou para o posto de editor de imagem de novelas. Em 1992, sob a batuta de Jorge Fernando, estreou na equipe de direção de “Deus Nos Acuda”. Com sucessos como “Império”, “Além do Tempo” e “A Força do Querer”, e “tropeços” como “O Sétimo Guardião” no currículo, “Pantanal” marca o fim do contrato do diretor com a emissora após mais de quatro décadas de vínculo.

“Só tenho gratidão por tudo que vivi na Globo. Foi onde tive meus grandes mestres, fiz meus melhores amigos e realizei meus trabalhos mais significativos. Minha decisão é de vida: cheguei na Globo com 18 anos e saio aos 60. Foram 42 anos de muitas conquistas. Entrei carregando fita e saio com um Emmy. É um ciclo que se fecha para que novos caminhos se abram”, destaca.

Como você reagiu ao ser escalado pela Globo para dirigir a nova versão de “Pantanal”?

Fiquei bem nervoso. Cheguei a tremer. O impacto que “Pantanal” causou na teledramaturgia nos anos 1990 foi enorme. Além da mensagem ecológica, a novela realmente marcou com seus personagens, histórias e trilha sonora. Já dirigi outros “remakes”, mas nenhum que fosse tão icônico na memória das pessoas.

A pressão ainda é grande?

Agora o público já está mais tranquilo e curtindo esse novo olhar sobre a novela. A pré-produção é que foi tensa. Nas redes sociais, a cobrança sobre quem interpretaria a Juma, o Velho do Rio, a Maria Marruá, foi imensa. A gente sabia dessa expectativa e aproveitamos ela para chamar mais atenção para a estreia.

Quando a versão original de “Pantanal” foi exibida, você era editor de “Rainha da Sucata”. Qual sua principal lembrança da época?

O desespero nos bastidores. Era a primeira novela do Silvio (de Abreu) na antiga faixa das oito, com um elenco de primeira e tudo feito para ser um grande sucesso, mas aí todo esse trabalho foi surpreendentemente “atropelado” por “Pantanal”. Toda a equipe teve que lutar muito por conta do público que foi conquistado pela Manchete. No fim, as duas obras tiveram êxito.

Você chegou a buscar cenas originais de “Pantanal” para se inspirar ou optou por um olhar particular para a nova produção?

Não tem como não dar uma olhadinha no que já foi feito. Fico realmente impressionado com a visão do Jayme Monjardim para a condução da novela. Ele foi extremamente ousado, fez um desenho de produção diferente do que a tevê fazia naquela época e enfrentou muitas dificuldades.

Qual você acha que é a diferença mais marcante entre o original e o “remake”?

Sem dúvida, a evolução tecnológica. As câmeras são menores, a qualidade de captação é outra, tudo muito mais moderno. As dificuldades técnicas que eles tiveram foram diferentes das que encontramos. É claro que ainda passamos por “perrengues”, já que estávamos em fazendas, locais muito distantes, para onde a gente teve de deslocar equipe e equipamentos. Mas temos a facilidade dos drones, das câmeras à prova d’água. Naquela época, por exemplo, para fazer uma imagem aérea era necessário um balão (risos).

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