Celebridades
Hora da colheita
Autor de “Fuzuê”, Gustavo Reiz enfrenta percalços até ver no ar sua primeira novela na Globo
Por GERALDO BESSA - TV PRESS
24 de novembro de 2023, às 09h55
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Depois de tantas incertezas, é nítido o alívio de Gustavo Reiz em ver “Fuzuê” na grade da Globo. Contratado da emissora e com a sinopse aprovada desde 2019, o novelista enfrentou reveses que quase levaram ao cancelamento de sua estreia na casa. Além das complicações na pré-produção, a novela chega ao ar com a missão de substituir “Vai na Fé” e manter o bom momento da faixa das sete. Apesar da responsabilidade, Reiz encara o momento com tranquilidade e acreditando no potencial de suas apostas. “O caminho até aqui foi de muita emoção. Tenho em mãos um texto que, a partir do tom de comédia romântica, trata de diferentes relações sociais e mostra os anseios de personagens que vivem em um mundo de contrastes. Fora isso, tenho um diretor e uma equipe muito parceira, além de um elenco primoroso”, valoriza.
Natural de Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Reiz é um dos poucos novelistas que conseguiu se firmar na televisão à margem da Globo. Após escrever alguns êxitos no teatro, em 2007, estreou na tevê adaptando a trama mexicana de “Os Ricos Também Choram” para o SBT. Na sequência, assinou com a Record, onde foi colaborador de “Luz do Sol” e logo se tornou autor principal de produções como “Sansão e Dalila”, “Dona Xepa” e “Escrava Mãe”.
“Tive a oportunidade de conceber coisas bem diferentes na Record. Fiz tramas bíblicas, de época e urbanas. Foi uma relação muito rica artisticamente”, avalia o autor, que deixou a emissora após divergências quanto aos rumos de “Genêsis”, de 2019, projeto que acabou sendo desenvolvido por Emílio Boechat.
Foi justamente a versatilidade do texto de Reiz que chamou a atenção de Silvio de Abreu, à época, diretor de teledramaturgia da Globo. “Ele foi a primeira pessoa a acreditar no projeto de ‘Fuzuê’. É um trabalho que inaugura uma nova etapa da minha carreira como novelista e espero realmente que dê outros frutos. Ideias não me faltam”, avisa.
A sinopse de “Fuzuê” foi aprovada em 2019, mas a produção sofreu com adiamentos, troca de diretor e elenco. Como você encarou esses problemas?
Nunca perdi a fé no projeto. Considero “Fuzuê” um trabalho de muita força, que atravessou uma pandemia e acompanhou mudanças nos bastidores e na sociedade em geral. Naturalmente, muitas tramas e personagens foram revistos ao longo desse processo de quase quatro anos. Fico muito feliz em ver no ar uma novela pensada para entreter e emocionar quem gosta de folhetim. Ter essa possibilidade de revisitar e repensar personagens e histórias foi muito rico e diferente.
Como assim?
Não é sempre que temos essa possibilidade. Tive a chance de curtir cada momento dessa engrenagem, ver cada pecinha se encaixar, rever coisas que não faziam mais sentido e participar de cada escolha com o Fabrício Mamberti (diretor artístico), que abraçou o texto com muita propriedade e trouxe uma visão única da obra.
A trama tem muitas referências a clássicos da teledramaturgia. É uma forma de marcar sua estreia na Globo?
Cresci vendo novela e trabalhar na emissora que me formou como telespectador é gratificante. Apesar de completar 18 anos de carreira este ano e ter passado por muitas experiências, é emocionante chegar em um lugar onde a magia ganha forma, um lugar de excelência, onde habitam todas as referências que fazem parte da minha formação como autor. Sou um novelista-noveleiro. Então, “Fuzuê” vai fazer muitas homenagens ao longo dos capítulos e promover também o resgate de um estilo.
Qual?
Esse trabalho surgiu da vontade de escrever uma novela divertida e que trouxesse algo curioso ao público, mas que também resgatasse um pouco do clima dos folhetins mais antigos. Novelas de Cassiano Gabus Mendes e Silvio de Abreu, por exemplo, mesclavam sempre muita comédia com mistério, o que me agradava muito como telespectador. Sou historiador por formação, sempre parto de pesquisas para escrever uma novela. E pesquisando sobre o Centro do Rio, que é um lugar muito rico culturalmente, berço da boêmia carioca, fiquei fascinado por histórias que envolviam tesouros escondidos, passagens subterrâneas e objetos antigos encontrados em escavações.
“Fuzuê” tem a missão de substituir “Vai na Fé”, que revitalizou a faixa das sete. Quais são suas apostas para manter o sucesso do horário?
Além de ter personagens carismáticos e tramas de apelo popular, a gente tem em mãos uma obra que resgata muito daquele folhetim clássico, dos romances arrebatadores, dos triângulos amorosos, das vilãs icônicas, das rivalidades de bairro, das disputas e confusões entre personagens, dos ganchos e surpresas, mas sempre com o viés cômico, romântico, sem temas mais densos. Sucesso é algo imponderável. No momento, o que eu desejo é que a novela seja uma boa companhia para quem está assistindo.
“Fuzuê” – Globo – de segunda a sábado, às 19h.