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Celebridades

Demanda de risco

Com mais liberdade de criação, João Emanuel Carneiro exalta exibição de “Todas as Flores” pelo Globoplay

Por Geraldo Bessa - TV Press

18 de abril de 2023, às 20h06

Entre o risco e a certeza, João Emanuel Carneiro jura que prefere o primeiro. E segundo ele, é com essa vontade de experimentar que assina “Todas as Flores”, sua primeira incursão pelo streaming, cuja segunda parte acaba de chegar ao Globoplay.

“Nunca fui de respeitar muito o tradicionalismo das novelas. Essa minha impaciência narrativa me deixa muito à vontade no Globoplay e acho que valorizou muito este trabalho”, analisa o autor. Inicialmente pensada para o horário das nove, com elenco extenso e cerca de 180 capítulos de duração, a novela teve suas tramas concentradas e enxugou o número de personagens para caber em 85 episódios. “A concisão da trama com poucos personagens e o ritmo que conseguimos imprimir parecem ter casado com o que as pessoas esperam de uma novela no streaming”. avalia.

Natural do Rio de Janeiro, João já era um celebrado roteirista de cinema quando enveredou pela tevê. Primeiro, como colaborador de Maria Adelaide do Amaral, em minisséries como “A Muralha” e “Os Maias”, para depois estrear como titular em “Da Cor do Pecado”, de 2004, um dos maiores sucessos da história da faixa das sete.

A boa repercussão como autor principal o levou à faixa das nove, onde estreou subvertendo o posto de mocinha e vilã em “A Favorita”, de 2008. Quatro anos depois, criou uma das mais icônicas novelas recentes da Globo: “Avenida Brasil”. Com títulos menos incensados no currículo como “A Regra do Jogo” e “Segundo Sol”, aos 53 anos, o autor se empolga com a audiência de “Todas as Flores”.

“Fazer novela na Globo vai sempre dar o que falar, até mesmo quando a repercussão é mediana. Afinal, é um costume do brasileiro parar para ver a história que está passando. Ter êxito no streaming tem um sabor diferente, pois em meio a um vasto universo de produções para assistir, o público escolhe a sua obra. É um movimento revigorante”, valoriza.

“Todas as Flores” foi idealizada para a faixa das nove, mas depois foi encurtada e produzida diretamente para o streaming. Após a bem-sucedida exibição da primeira parte, como você analisa esse movimento?

Aconteceu tudo o que tinha de ser. Minha ida para o streaming foi muito natural. Sempre fiz novelas de uma maneira mais concisa, como se fosse uma série mais longa. Essa minha impaciência narrativa com o formato mais clássico dos folhetins me deixa muito à vontade em escrever para o Globoplay. O fato de ter 85 e não 180 capítulos torna tudo diferente.

Em que sentido?

Consigo trabalhar a trama de forma mais direta e isso valoriza muito o resultado final da obra. Além de não ter de ficar enrolado no desenvolvimento das histórias, trabalho com um número menor de personagens e consigo escrever melhor também para os atores. Só vi ganhos.

A liberdade de abordar temas é maior também?

É. E pude sentir isso durante a adaptação do texto da tevê aberta para o streaming. Tive a possibilidade de tocar em temas mais polêmicos, falar de sexualidade de um modo muito mais forte e realista. Essa ousadia reside no fato de que na tevê aberta o novelista está invadindo os lares de milhões de pessoas. Nas plataformas de conteúdo, trabalhamos com a opção do espectador por assistir à obra.

Quais suas apostas para essa segunda parte da trama?

A história ganha uma virada que seria impossível em uma novela de exibição tradicional. Não tem o famoso “quem matou?” e evitei saídas fáceis. Em “Todas as Flores”, aposto em um clímax muito fechado e confinado em poucos personagens. Figuras contraditórias e transgressoras que provocam o público.

Você acha que essa provocação foi o segredo da boa repercussão de “Todas as Flores”?

Sim. Acredito que o êxito está no fato de ser uma novela muito fora da casinha e os personagens são a base disso. As pessoas estão querendo ver coisas assim. Assisti a “White Lotus” outro dia e acho que é uma série bem transgressora também. Não acho que seja uma revolução, mas usa a dramaturgia de forma irônica e subversiva. “Todas as Flores” segue por esse caminho também.

“Todas as Flores” – Globoplay – Cinco capítulos inéditos disponibilizados às quartas.

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