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Bem-Estar

Como ensinar as crianças a valorizar o essencial

Educador financeiro orienta pais sobre como ajudar os filhos a evitarem o materialismo desde cedo

Por Ana Carolina Leal

20 de outubro de 2024, às 08h16

Em uma sociedade cada vez mais movida pelo consumo, pais e educadores enfrentam o desafio de ensinar as crianças a diferenciar o que é essencial do que é supérfluo.

Com a facilidade crescente para comprar e o bombardeio constante de publicidade, as crianças são expostas desde cedo à ideia de que felicidade está diretamente ligada a bens materiais.

Em entrevista ao LIBERAL, o educador financeiro Thiago Godoy compartilhou estratégias e reflexões sobre como os pais podem ajudar seus filhos a evitar o materialismo, focando em valores mais profundos e experiências significativas.

Segundo Godoy, o primeiro passo para ensinar as crianças a diferenciarem necessidades de desejos é refletir sobre o próprio comportamento dos pais. “Os filhos são espelhos. Eles replicam o que veem. Por isso, é essencial que nós, adultos, tenhamos clareza sobre o que é uma necessidade e o que é um desejo”, explica.

Ele sugere que os pais aproveitem situações cotidianas para demonstrar a diferença. “Necessidades são coisas essenciais para viver, como comida, roupa e moradia, enquanto desejos são coisas que queremos, mas podemos viver sem, como brinquedos ou doces”.

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Para Godoy, não basta apenas ensinar sobre consumo consciente, é necessário também introduzir valores que combatam o consumismo.

“Vivemos em um mundo que valorizou demais o consumo, e, por isso, precisamos reforçar a importância de valores como gratidão, generosidade, empatia e simplicidade”, afirma. Ele sugere que os pais incentivem as crianças a valorizar experiências, momentos e relacionamentos, em vez de acumular bens materiais.

Uma das práticas recomendadas é incluir as crianças em atividades que promovam a solidariedade e o desapego, como doações de brinquedos. “Se a criança ganha um presente de aniversário, podemos incentivá-la a doar um brinquedo que já não usa. Isso ensina a importância de compartilhar e a alegria que vem de ajudar os outros”, exemplifica Godoy.

Publicidade infantil

A publicidade infantil desempenha um papel central na criação de desejos, muitas vezes levando as crianças a acreditarem que precisam de determinado produto para serem felizes.

“A publicidade é feita para criar desejos constantes por novidades, o que leva a criança a associar felicidade ao consumo”, alerta Godoy. Os pais, portanto, precisam estar atentos ao conteúdo que os filhos consomem e ao impacto que isso pode ter em suas expectativas de vida.

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Além da publicidade, existe também a pressão social, especialmente no ambiente escolar, onde as crianças podem sentir a necessidade de seguir tendências e padrões. “É importante trabalhar a autoconfiança da criança, ensinando-a a ser autêntica e genuína, sem precisar se adequar ao que os amigos têm ou fazem”, orienta Godoy.

Ele ressalta que os pais podem ajudar seus filhos a entender que cada família tem suas prioridades, e nem sempre é necessário ter tudo o que os outros possuem.

Como evitar o consumo exagerado

Para reduzir o consumo excessivo, Godoy sugere incluir as crianças em práticas sustentáveis e criativas, como reciclar ou reutilizar materiais. “Transformar uma calça em bermuda, consertar objetos em vez de comprar novos, tudo isso ensina que nem sempre precisamos de coisas novas para sermos felizes”, afirma.

Ele também defende a ideia de equilibrar presentes materiais com experiências. “Ao invés de acumular brinquedos, podemos oferecer viagens, visitas a parques ou atividades que criem memórias. Isso tira o foco do consumo e reforça a importância das experiências e do tempo em família”, sugere.

O consumo excessivo, segundo o educador, pode gerar um ciclo perigoso de busca incessante por dopamina — o neurotransmissor ligado ao prazer. “A criança pode acabar frustrada quando seus desejos não são atendidos o tempo todo. Ensinar desde cedo que nem tudo que queremos é necessário ajuda a criar adultos mais equilibrados”, conclui.

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