19 de setembro de 2024 Atualizado 00:00

Notícias em Americana e região Notícias em Americana e região

Tempo a favor - O Liberal

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Tempo a favor - O Liberal

Publicidade

Compartilhe

Cultura

Tempo a favor

Na pele da psiquiatra Lígia de “Elas por Elas”, Paula Burlamaqui fala sobre maturidade artística e envelhecer diante das câmeras

Por GERALDO BESSA - TV PRESS

25 de dezembro de 2023, às 09h32 • Última atualização em 25 de dezembro de 2023, às 09h33

Paula Burlamaqui vive uma relação dúbia com a maturidade. Ela tinha apenas 20 anos quando apareceu pela primeira vez na tevê como vencedora do concurso “Garota do Fantástico”, mítico quadro exibido pelo dominical que alçou diversas mulheres ao posto de musa. Sem grandes incômodos, a alcunha de sex symbol guiou boa parte de suas escalações para séries e novelas e persiste até hoje. Mesmo saudosa das idiossincrasias da juventude – “e também do colágeno” –, Paula acredita que só perto dos 40 anos conseguiu conquistar personagens mais diversificadas, que a instigariam como intérprete. Esse é o caso da psiquiatra Lígia, de “Elas por Elas”.

“Para mim, envelhecer traz mais coisas ruins do que boas. Vivo da minha imagem e é um processo muito cruel. Porém, hoje sou mais feliz no trabalho com os convites que chegam dos autores e diretores, que passaram a me observar melhor. Ao mesmo tempo, a pele não é mais a mesma, fico mais inchada, cansada”, compara, entre risos.

A diversidade de papéis fica bem nítida ao comparar suas personagens de “Verdades Secretas II” e “Elas por Elas”. Na trama de Walcyr Carrasco de 2021, Paula viveu a Aline, uma ex-modelo que mantinha uma problemática relação de disputa com a própria filha, Chiara, de Rhay Polster. Agora, na pele de Lígia, a atriz entrega uma atuação mais séria ao ter de ajudar no tratamento psiquiátrico de Natália, personagem cheia de segredos e dilemas vivida por Mariana Santos.

“A teledramaturgia me leva para lugares muito surpreendentes e eu amo viver essas vidas que os personagens colocam diante de mim. Psiquiatria é um assunto que sempre me interessou muito. Na preparação para a Lígia, tive a oportunidade de conversar com profissionais e entender um pouco sobre como funciona a relação entre médico e paciente. O cuidado é essencial, mas é preciso equilíbrio também”, pontua.

Desde que foi escalada, Paula soube que entraria apenas no terceiro mês de exibição da trama. Por isso, assistir aos capítulos e se inteirar sobre a vida das sete protagonistas também fez parte de sua preparação. “É um elenco muito especial e bem selecionado. Eu fiquei fã da novela antes mesmo da chegada da minha personagem. É sempre complicado entrar em uma obra que já está em desenvolvimento, mas fui muito bem acolhida e logo me senti parte da equipe”, valoriza a atriz.

O trabalho na atual novela das seis celebra também sua parceria e amizade com a diretora Amora Mautner, um dos nomes mais recorrentes da trajetória recente de Paula, que foi dirigida pela amiga em produções como “Cama de Gato”, “Cordel Encantado”, “Avenida Brasil” e “Joia Rara”. “A televisão é um lugar de bons encontros. Fico muito contente quando profissionais que não conheço me chamam para trabalhar e isso tem acontecido bastante. Porém, também é incrível estar entre amigas”, avalia.

Natural de Niterói, cidade vizinha ao Rio de Janeiro, a vitória de Paula no “Garota do Fantástico” a levou diretamente para o elenco de “O Outro”, sucesso de Aguinaldo Silva exibido em 1987. Após viver personagens secundárias em sucessos como “Pedra Sobre Pedra” e “Explode Coração”, ela teve uma breve passagem pela Band, retornando à Globo no final dos anos 1990. Em 2005, o convite de Glória Perez para viver a batalhadora Islene, de “América”, acabou por renovar sua relação com a tevê e exibir sua maturidade artística.

Na trama, a personagem lidava com os dilemas e cuidados da cegueira de sua filha, Flor, papel de Bruna Marquezine. A bandeira social foi tratada com altas doses de realismo, o que colocou a pauta da acessibilidade na ordem do dia e ainda conquistou o público. “Até esse momento, minhas personagens eram bem superficiais e tinham poucos conflitos. A Glória me deu a chance de mostrar que eu poderia ir além. A partir daí, as pessoas tiveram mais confiança na minha atuação”, destaca.

Hoje, do alto de seus insuspeitos 56 anos, Paula segue feliz com as oportunidades da vida. Porém, sempre muito autocrítica, mantém uma rotina de cuidados estéticos para se sentir bem à frente das câmeras. “O ideal seria ter o corpinho de 20 e a mentalidade dos 50 anos. Mas como não se pode ter tudo, a gente trabalha com o que tem”, diverte-se.

“Elas por Elas” – Globo – de segunda a sábado, às 18h20.

Publicidade