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Cultura

Série ‘Colônia’ recria a dolorosa história de hospício em Minas Gerais

De 1903 a 1980, mais de 60 mil pessoas morreram no Hospital Colônia, manicômio localizado na cidade de Barbacena

Por Caroline Borges / TV Press

24 de junho de 2021, às 07h17

Ao longo dos anos, as áreas da psicologia e da psiquiatria evoluíram bastante. No entanto, em um passado não tão distante, a realidade dos hospitais psiquiátricos era completamente sombria e dolorosa. De 1903 a 1980, mais de 60 mil pessoas morreram no Hospital Colônia, manicômio localizado na cidade de Barbacena, em Minas Gerais.

A história real, aflitiva e angustiante da instituição é retratada na série “Colônia”, do Canal Brasil, que estreia na próxima sexta-feira, dia 25, e também estará disponível nos serviços de “streaming” dos Canais Globo e Globoplay.

Criada por André Ristum, que também assina a direção e o roteiro, a trama é livremente inspirada no livro “Holocausto Brasileiro”, de Daniela Arbex. “Quando tomei contato com a história do Colônia, em primeiro lugar, fiquei profundamente impactado pelas histórias de tantas pessoas que tiveram suas vidas violentadas por serem de alguma maneira indesejáveis pela sociedade da época”, afirma Ristum, que também assina o roteiro ao lado de Marco Dutra e Rita Gloria Curvo.

A história real, aflitiva e angustiante da instituição é retratada em nova série do Canal Brasil – Foto: Divulgação

“O processo de gravação foi intenso, de uma profunda colaboração de todos os envolvidos, com muito afeto e parceria em todas as etapas do processo. Só foi possível realizar ‘Colônia’ por conta de um processo cooperativo do qual todos os envolvidos participaram ativamente”, completa.

A produção conta a história de Elisa, interpretada por Fernanda Marques. A jovem de 20 anos chega ao Hospício Colônia no começo dos anos 1970. Ela está grávida de quatro meses de sua grande paixão juvenil e foi enviada para o local pelo pai, que fica enfurecido ao descobrir que a filha arruinara seus projetos de casá-la com um rico vizinho de fazendas. “Assim que surgiu o teste para a série, comecei a pesquisar e assistir a documentários sobre o antigo Hospital Colônia. Fiquei extremamente chocada com o tratamento desumano, com todo histórico de torturas de pessoas e ainda o recorte de presos políticos na época da ditadura. Fiquei com uma necessidade artística de ajudar a contar essa história. Fiquei muito feliz de poder fazer parte desse projeto tão necessário”, defende Fernanda.

No Hospital Colônia, Elisa percebe que, assim como ela, muitas outras pessoas não têm nenhum tipo de diagnóstico de doença mental. Lá, ela conhece o alcoólatra Raimundo, a prostituta Valeska, o homossexual Gilberto e Dona Wanda, vividos por Bukassa Kabengele, Andréia Horta, Arlindo Lopes e Rejane Faria, respectivamente. Todos enviados para lá por serem considerados incômodos para a sociedade.

“O Colônia foi fundado para receber pessoas que necessitavam de tratamento psiquiátrico em um espaço recluso e agradável. Mas, ao contrário disto, o local se tornou um cárcere do Estado para onde eram enviados toda ordem de indesejados, de discriminados e vítimas de preconceitos. A série expõe questões morais, éticas, raciais, humanas, sociais, econômicas e políticas”, explica Rejane.

A série foi rodada toda em preto e branco, em locações entre Campinas e São Paulo. O hospício foi reconstituído em um edifício antigo no bairro do Ipiranga, na capital paulista. Além do elenco principal, a produção também conta com as participações especiais de Rafaela Mandelli, Eduardo Moscovis e Nicola Siri. “Ao me aprofundar na pesquisa e conhecendo um vasto material histórico que existia a respeito, não consegui enxergar a série feita de outra maneira, a não ser em preto e branco. A vida dessas pessoas era tão sem cor, sem brilho, que, para mim, não fazia sentido rodá-la colorida”, define Ristum.

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