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Televisão

Paolla Oliveira vê papel em ‘A Força do Querer’ como tema de reflexão

De volta ao ar , a atriz exalta temáticas sociais e questionadoras da trama

Por Caroline Borges / TV Press

04 de dezembro de 2020, às 20h21 • Última atualização em 04 de dezembro de 2020, às 20h23

Paolla Oliveira se mantém próxima do universo de suas personagens. Em um primeiro momento, a atriz chegou a pensar que não tinha nenhum tipo de relação com a policial militar e lutadora de MMA Jeiza, de “A Força do Querer”, que voltou ao ar no horário nobre. Porém, ao longo das gravações, ela foi percebendo que a policial era uma representação muito fiel de variadas mulheres brasileiras.

No próximo ano, Paolla irá estrear como apresentadora. Ela comandará o programa “Curti Seu Look”, do GNT – Foto: Divulgação / TV Globo

“Essa novela reforça o papel de mulheres fortes. Achei que era algo muito distante de mim, mas a Jeiza sempre esteve próxima. Apesar de você saber que o contexto e a personagem são ficcionais, a gente também é atravessado pela realidade. A realidade toma conta da gente durante o processo. ‘A Força do Querer’ foi um trabalho muito intenso física e emocionalmente”, defende.

Na história de Gloria Perez, Jeiza é policial do Batalhão de Ação com Cães e lutadora de MMA. Namorada de Zeca, papel de Marco Pigossi, ela sonha em conquistar fama dentro do universo do UFC. A personalidade forte, garra e atitude não escondem seu lado sensual e feminino.

“O que eu gosto nessa segunda exibição é ver como o olhar de fora mudou. Em três anos muita coisa mudou, mas, ainda assim, são histórias muito atuais. Acho legal o público rever e a gente perceber como nossas referências mudaram e o que a gente encara de forma diferente agora”, valoriza.

Como você recebeu a notícia da reexibição de “A Força do Querer” no horário nobre?

Paolla Oliveira: Olha, eu fiquei muito feliz. “A Força do Querer” é a junção de muitos elementos de sucesso. Não veio na minha cabeça uma cena específica, mas uma sensação de um grupo bom. Juntar um grupo é um abismo. Pode dar certo ou não. Esse projeto foi excepcional e muito bem recebido pelo público. Tantos trabalhos têm autores maravilhosos, mesma produção e muito dinheiro envolvido e não são tão bem recebidos. Voltou uma novela boa não só para mim, mas para a minha galera. É tão difícil sobreviver de arte no nosso país que dirá falar de sucesso.

A exibição de “A Força do Querer” completou três anos. Você acredita que a novela segue atual?

Paolla: Claro. Falar da Jeiza nesse momento é importante. A novela tem três protagonistas mulheres muito fortes, lutadoras e com bravura. Quando eu fui criar a Jeiza, as primeiras características que a Gloria me deu foram a profissão e o MMA. Inicialmente, parecia algo tão distante de mim, mas eu fui percebendo que essa mulher existia o tempo inteiro. A Jeiza é uma mulher livre para decidir a profissão que ela quer, o esporte que ela quer. Como há três anos, ela segue representando milhares de mulheres brasileiras. O romance dela com o Zeca acabou indo para a comédia, mas a questão do poder de escolha dela nunca foi anulada.

A Jeiza tinha duas características muito específicas em sua composição: ser policial militar e lutadora de MMA. Você teve alguma preocupação de não cair em algum estereótipo?

Paolla: Sim! Todo mundo, inclusive, fala muito da minha transformação física para viver a Jeiza. Mas a transformação física foi só meu ponto de partida para encontrar essa mulher. O físico não era o principal. Isso eu já mudei inúmeras vezes para outros personagens. Logo no começo, muitas pessoas falavam que eu não ia combinar com uma policial e lutadora. Falavam que não ia dar certo. Colocam uma expectativa e um questionamento em cima do ator. Algumas coisas ele tem de atender, outras não é capaz. Vi um pouco desse movimento dentro da própria Globo.

Como assim?

Paolla: Quando estávamos montando o figurino, trouxeram um estilo mais despojado, com capuz e tênis. Não que ela não pudesse usar, mas onde está escrito que, por estar inserida em um contexto mais masculino, ela teria de ser masculinizada? Acreditava que ela podia ser feminina e forte. Sugeri de tentarmos outras coisas. Foi legal me transformar e transformar as opiniões das pessoas envolvidas nesse trabalho. Essa mulher forte e vaidosa é mais presente do que a gente imagina. O mais legal era que a Jeiza tinha características de mocinha que as pessoas tanto reclamam. É legal ver a mocinha mudando de compasso, mas também ainda tendo suas características originais, como boa filha, boa profissional. A Jeiza era geniosa e generosa.

Tem alguma cena específica que você espera rever nessa reprise?

Paolla: Todas as sequências que eu tinha de subir o morro (risos). Foi uma novela muito divertida, mas muito intensa. Eu tive muitas cenas que exigiam física e emocionalmente de mim. A cena do parto da Ritinha (Isis Valverde) foi muito intensa. A sequência em que a Jeiza resgata um grupo de crianças de um sequestro. A morte de um policial amigo da Jeiza também foi muito importante. Era uma época em que se falava muito da morte de bons policiais em serviço. Foi muito duro. As investidas no morro eram gravações que contavam com muita gente. Eu percebia que estar ali não era só ficção.

Em que sentido?

Paolla: É uma realidade que atravessa a gente. Não tem como sair imune. A gente tem a realidade que toma conta da gente por mais distante que seu universo seja daquele contexto. A gente buscou passar nossa mensagem da melhor forma possível. Essa novela nos exigiu estudar valores e temáticas novas. Com a ajuda da Gloria, nós tínhamos de atingir as famílias. A Gloria foi muito destemida em passar todas essas mensagens em uma linguagem muito clara.

Em três anos, o País passou por uma profunda transformação a partir de uma forte onda conservadora. Você acredita que o público possa receber a novela de uma nova forma?

Paolla: O legal dessa reprise é ver como as pessoas estão em relação aos debates da trama. O que realmente mudou? O que não é mais tão novidade assim? O que a gente já consegue ver com um olhar de mais naturalidade? A gente vive um momento muito turvo. Vai ser curioso ver se caminhamos para frente ou para trás. Em alguns aspectos, com certeza, a gente andou para trás. Mas, ao mesmo tempo, vemos pessoas com um poder de voz enorme na sociedade atualmente. A luta não para nunca, a intolerância sempre existiu, mas antes era sinônimo de vergonha. É bom ver essa podridão aparecer porque assim temos como lutar contra com mais clareza.

Outras amizades

A trama de “A Força do Querer” marcou o reencontro de Paolla com Emílio Dantas, que interpretou o traficante Rubinho. Os dois haviam trabalhado juntos em “Além do Tempo”, em que viveram o casal de vilões Melissa e Pedro. Durante as gravações, eles convenceram o diretor Pedro Vasconcelos a colocar alguns elementos da trama de Elizabeth Jhin no folhetim das nove.

Paolla viveu a Policial Jeiza – Foto:

“Em ‘Alem do Tempo’, o personagem do Emílio havia me matado com uma espadada. Em uma cena que a Jeiza encontra o Rubinho em um restaurante, eu coloquei a mão onde ele havia me matado com a espada. O Emílio refez o tique nervoso do personagem. Uma loucura nossa. Algumas pessoas na internet perceberam na época (risos)”, explica.

O ambiente leve e animado de trabalho, inclusive, é uma das principais lembranças de Paolla durante as gravações. Quando acabava sua sequência de gravações, Paolla gostava de permanecer nos estúdios para observar os trabalhos dos colegas. “Eu sempre corria para assistir a meus colegas. É muito legal quando isso acontece em um trabalho. Lembro de uma cena do Dan (Stulbach) e da Carol (Duarte) que foi muito emocionante. O abraço dos dois não saiu da minha cabeça”, valoriza.

Realidade no vídeo

Paolla Oliveira conheceu diferentes universos em “A Força do Querer”. O MMA, por exemplo, foi um novo mundo que se abriu para a atriz. Ela chegou a gravar sequências durante a pesagem dos atletas e também no octógono da competição oficial do UFC. “Foram muitas porradas e sai de lá toda ralada. Achava que o chão do UFC fosse mais emborrachado para amortecer a queda, mas era bem áspero. Espero rever todas as lutas da Jeiza”, afirma.

As cenas também contaram com as participações do árbitro Mario Yamasaki e do apresentador do evento Bruce Buffer. “Acho incrível quando ele grita ‘Iiiiiiiit’s time!’”, diverte-se a atriz, imitando o bordão.

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