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Literatura

Escritora ressalta nuances do Brasil em novo romance

Escrita pela baiana Manuela Marques Tchoe, obra “Encontro de Marés” aborda temas como prostituição infantil no Nordeste e retorno às próprias origens

Por Marina Zanaki

08 de fevereiro de 2020, às 08h34 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 11h10

Foto: Divulgação
carrega nuances do Brasil, trazendo do mais belo ao mais terrível que está entranhado na sociedade brasileira

Voltar para casa pode ser feito de muitas maneiras. É algo que pode acontecer de forma literal, usando um voo ou uma passagem de ônibus. Contudo, a saudade de casa não deixa de ser um sentimento que pode ser satisfeito de forma simbólica, principalmente para aqueles que carregam consigo a arte. A escritora baiana Manuela Marques Tchoe, que mora na Alemanha há 15 anos, decidiu escrever um livro para aplacar a falta do país onde nasceu.

A obra “Encontro de Marés” (Editora Pendragon), carrega nuances do Brasil, trazendo do mais belo ao mais terrível que está entranhado na sociedade brasileira. A obra faz um mergulho na cultura baiana, mas também passeia por diferentes cenários como Rio de Janeiro (RJ), Ouro Preto (MG), Chapada Diamantina (BA) e Blumenau (SC).

Mesmo trazendo beleza, o livro não foge das mazelas sociais do país. A escolha da autora foi por retratar a prostituição infantil, tema ainda pouco explorado dentro da literatura nacional.

O livro acompanha Rosa, uma criança que vive com sua avó em Salvador e que tem a infância interrompida quando seu pai a sequestra para obrigá-la a se prostituir.

Adotando uma escrita crua e em primeira pessoa, a autora trouxe o testemunho da personagem em uma tentativa de dar voz às vítimas desse crime.

“Foi difícil escrever certas cenas, tive que passar por cima do desconforto pessoal para poder escrever isso. A escolha da primeira pessoa se deu porque queria que o sofrimento que ela passa não fosse transmitido por um narrador invisível, queria trazer a baianidade e também o sofrimento através do discurso em primeira pessoa da Rosa”, explicou a autora, que orgulhosamente carrega o sotaque baiano em sua fala.

RETORNO. Manuela contou que o livro foi, essencialmente, uma forma de voltar para casa. Esse retorno encontra ecos na obra através da personagem Mariana, deixada em um orfanato na infância e adotada por um casal de alemães. Já adulta, é obrigada a retornar ao Brasil e aos poucos vai reconectando-se com o país.

Na trama, as histórias de Mariana e Rosa se cruzam, mesclando amargo e doce na trajetória das personagens.

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