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Cultura

Em ‘No Rancho Fundo’, Mário Teixeira revisita o universo nordestino de ‘Mar do Sertão’

Por Geraldo Bessa - TV Press

30 de abril de 2024, às 20h07

No momento em que o horário das seis vive uma de suas maiores crises de audiência, tudo o que a Globo quer exibir na faixa é uma novela tradicional e com apelo suficiente para chamar o público de volta para a frente da tevê. Dois anos após apresentar a nordestina “Mar do Sertão”, última trama de maior repercussão às 18h, Mário Teixeira atende exatamente à encomenda da emissora com a sertaneja “No Rancho Fundo”.

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Com ambientação semelhante e personagens resgatados, o autor não chega a tratar a nova novela como uma continuação, mas se diverte com semelhanças e diferenças em torno da questão, que tem mesmo a intenção de agradar e reconquistar o telespectador. “Estou adorando a ideia de entregar esse crossover folhetinesco. É um privilégio ter a chance de dar uma segunda oportunidade a personagens queridos e, ao mesmo tempo, criar um novo projeto. O enredo agora é mais focado na figura das mulheres e o pano de fundo é o choque cultural entre o sertão e a cidade”, explica.

Natural da cidade de São Paulo, Teixeira estreou na tevê no final dos anos 1990 como integrante da equipe de roteiristas do clássico “Castelo Rá-Tim-Bum”, da TV Cultura. Ao longo da carreira, passou por emissoras como a extinta Manchete, SBT e Band, até que se fixou na Globo, onde colaborou em novelas de Walcyr Carrasco, Alcides Nogueira e Silvio de Abreu. Após 15 anos trabalhando em novelas alheias, estreou como autor titular em “I Love Paraisópolis”, trama cômica que conquistou o público das sete e catapultou Teixeira para o primeiro time de autores da emissora. Logo depois, veio a chance de escrever uma novela das onze, no caso, “Liberdade, Liberdade”

“É ótimo ter de fazer novelas tão diferentes em um curto espaço de tempo. Atualmente, o aprendizado às seis é enorme”, garante o autor que, paralelamente ao ofício de novelista, mantém uma frutífera e premiada carreira na literatura juvenil, com títulos como “Salvando a Pele” e “A Linha Negra”.

O Nordeste é uma grande fonte de inspiração do seu trabalho e já rendeu obras como sua primeira novela, “Tocaia Grande”, e a mais recente, “Mar do Sertão”. Qual sua relação com a região?

Essa é uma parte bem pessoal da minha vida. Nasci e cresci em São Paulo, mas sou filho de retirantes que venceram a cidade grande. Meu pai era do interior do Ceará, onde morei durante alguns anos, e minha mãe, do interior de Roraima. Minha ligação é afetiva e genealógica, o que me fez amar e descobrir cedo autores nordestinos como Ariano Suassuna e Graciliano Ramos. Assim como Ariano, meu texto tem grande influência da literatura de cordel.

O horário das seis vem enfileirando tramas sem muito apelo popular. Criar no “Rancho Fundo” com ambientação e referência semelhantes a “Mar do Sertão”, de 2022, é uma forma de chamar a audiência perdida?

Na verdade, encaro como uma grande brincadeira e um afago no público. As tramas, de fato, se aproximam, quando o foco é esse olhar sobre o Brasil sertanejo, profundo. Mas é preciso lembrar que nosso país é diverso e muito rico. Então, “No Rancho Fundo” bebe dessa pluralidade, com um cenário similar, mas abordagens diferentes.

Como assim?

O enredo é comandado pelas heroínas da história. Temos uma novela guiada por uma grande trama de amor. Tão forte quanto essa parte mais romântica está a saga de mulheres potentes e da superação pessoal de cada uma delas. Se falarmos de cenários, temos um sertão menos árido, mais verde e pujante. Então, as semelhanças ficam mais no espaço da inspiração, que usa a cultura e suas referências, e em alguns personagens, que voltam para construir novas histórias.

Além dos antagonistas Deodora e Sabá, papéis de Débora Bloch e Welder Rodrigues, outros sete personagens de “Mar do Sertão” estão de volta. Qual foi o critério utilizado para essa retomada?

Eu quis fazer um crossover divertido, pegar personagens carismáticos, mesmo sendo vilões, e retratá-los novamente. Alguns vão insistir em seus erros e outros vão tentar refazer a vida. Ao final de toda novela, é inevitável a melancolia em torno da despedida de todo um universo criado. Então, ter a possibilidade de brincar novamente com esses tipos, pensando em novas articulações, amores e segredos, é muito gostoso.

O enredo de “No Rancho Fundo” também tem um viés ecológico. De onde surgiu a ideia de incluir a turmalina paraíba no texto?

É uma pedra brasileira muito valorizada. Há uns 10 anos a última pedra de que se tem notícia foi leiloada por US$ 150 milhões, nos Estados Unidos. Hoje, está extinta no Brasil, só resta na Nigéria e Moçambique. A pedra brasileira é mais cara e de qualidade superior em pureza do que nesses outros lugares. É o exemplo perfeito para mostrar o que a exploração ilegal da natureza pode causar.

“No Rancho Fundo” – Globo – de segunda a sábado, às 18h20.

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