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Ritmo

Pioneiros da Catira: pé firme na tradição

Grupo mantém expressão cultural viva na região, mesmo contando atualmente com poucos integrantes

Por Luciano Assis

11 de dezembro de 2019, às 09h19 • Última atualização em 27 de abril de 2020, às 09h51

Os pés batem forte marcando o ritmo no chão, enquanto as mãos acompanham batendo palmas. O complemento é dado pela dupla de violeiros que distribuem acordes para ajudar na animação da dança. Apesar da beleza da coreografia, restam poucos grupos que se dedicam a manter viva a Catira, uma dança tipicamente brasileira que hoje corre o risco de desaparecer em razão do minguado número de grupos que a dançam.

Um desses nomes que compõem a resistência para a não extinção da catira é o grupo Pioneiros da Catira, de Hortolândia. Criado em 2006, hoje o grupo se apresenta com apenas seis membros. “Em 2019 fizemos alguns trabalhos em escolas aqui da cidade, tentando mostrar a beleza da catira para as novas gerações”, conta Francisco Aparecido Borges, Mestre Chiquinho, idealizador do grupo.

Foto: Prefeitura de Hortolândia / Divulgação
Apresentação do grupo Pioneiros da Catira em eventos da prefeitura de Hortolândia neste ano de 2019

Chiquinho lembra que há outras iniciativas da região nesse sentido, mas todas lutam por mais apoio. “Em Santa Bárbara tem os grupos de folia de reis e a Orquestra de Viola, que muitas vezes nos chamam para se apresentar”, ressalta.

Para quem nunca ouviu falar, dá para descrever a Catira como uma espécie de “sapateado brasileiro”, onde os componentes dançam ao som da viola, e usam passos ritmados pelas palmas e sapateados de suas botas numa sincronia perfeita. Sua origem é incerta, pois há historiadores que defendem sua origem na África, outros falam da Espanha e ainda há alguns que encontram traços dela em Portugal.

Segundo o historiador Braz Chediak, apenas uma coisa é certa: Ela chegou ao Brasil ainda no período colonial. “O Padre José de Anchieta, por volta dos anos de 1563 a 1597, incluiu a catira nas festas de São Gonçalo, São João, Santa Cruz, Espírito Santo e Nossa Senhora da Conceição”, discorre Chediak.

Mestre Chiquinho lembra que catira era forte na década de 1960 aqui na região. Todas as cidades tinham muitos catieiros que se apresentam em festas de igreja e eventos públicos.
Aos poucos, a partir dos anos 1980, esses grupos foram sumindo.

Mas nem tudo é pessimismo. Os responsáveis pelo grupo Pioneiros da Catira estão cheios de planos para 2020, incluindo uma série de apresentações de uma ala feminina de catira e um convite da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde há grupos de estudo desta tradição. “Uma coisa é certa: vamos lutar com todas as nossas forças para manter a catira viva e passando-a para outras gerações”, avisa o velho catieiro.

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