No domingo (12) tive a oportunidade de assistir ao monólogo “Virginia”, com a atriz Claudia Abreu, no Sesc Piracicaba. A peça é inspirada na vida e obra de Virginia Woolf, uma das mais importantes escritoras do século XX e uma das autoras que mais admiro.

O texto foi escrito pela própria Claudia Abreu e marca sua estreia na dramaturgia. A peça começa logo após Virginia entrar no rio onde cometeu suicídio, em 28 de março de 1941, e se propõe a imaginar como foram os últimos momentos de vida da autora, recordando sua história desde a infância. A interpretação de Claudia Abreu é incrível, segurando durante uma hora a atenção e emoção do público. Sem jamais apelar para o melodrama, ela consegue traduzir toda a profundidade dos sentimentos de Virginia, fazendo o público se sentir mais próximo da mulher que existia por trás da brilhante escritora.

O texto é primoroso ao criar momentos de puro lirismo que emulam e homenageiam a escrita de Virginia Woolf. Costuradas de forma precisa, estão presentes passagens originais de livros da autora. O fluxo de consciência, grande marca da escritora inglesa, também é referenciado na forma como os temas vão se intercalando.

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Assim como em algumas das obras de Virginia, a perspectiva alterna entre outras pessoas, como os pais, irmãos, o marido Leonard e a amante Vita.

A iluminação é essencial para entender rapidamente as trocas de personagens interpretados pela atriz, já que sua atuação não é caricata, mas trabalhada com sutilezas. Só senti falta de mais espaço para o processo criativo de Virginia e da inserção de outros livros na peça. Houve destaque apenas para suas duas obras mais famosas – “Orlando” e “Mrs. Dalloway”.

Mas entendo que o foco foi na biografia de Virginia e não em seus livros, e de forma alguma acho que essa escolha prejudica a peça, que é excepcional.

“Virginia” fará uma temporada no Teatro Tuca (Teatro da Universidade Católica), em São Paulo, entre 24 de março a 16 de abril, sempre às sextas, sábados e domingos. Os ingressos custam entre R$ 60 e R$ 120.