19 de maio de 2024 Atualizado 18:43

Notícias em Americana e região

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Pelas Páginas da Literatura

Resenha: Trilogia de Rachel Cusk

Trilogia é formada pelos livros "Esboço", "Trânsito" e "Mérito"

Por Marina Zanaki

15 de abril de 2023, às 10h51

Quando “Esboço” foi publicado originalmente, em 2014, um pequeno furor tomou conta do mundo literário. É assim que o primeiro livro da trilogia da canandense Rachel Cusk aparece em pesquisas na internet. A excitação se justifica – o trabalho reinventa o conceito do romance e, ao mesmo tempo, faz profundas reflexões sobre a vida.

Publicada no Brasil pela editora Todavia, a trilogia é formada pelos livros “Esboço”, “Trânsito” e “Mérito”. As obras são estruturadas com diálogos que a escritora Faye estabelece com amigos, conhecidos e pessoas que ela conhece de passagem. Nessas conversas, o interlocutor de Faye sempre tem mais espaço do que ela mesma, que acaba fica em segundo plano, mesmo sendo a protagonista. As três obras são unidas também pelo contexto literário, já que Faye sempre está às voltas com cursos, feiras, eventos, entrevistas e encontros desse universo.

📲 Receba as notícias do LIBERAL no WhatsApp

Acredito que o tema principal da obra é o sentido narrativo que cada um busca dar para a vida. Em “Esboço”, a autora apresenta esse conceito, mostrando como as pessoas contam sua própria história para si e para os outros, e dessa forma buscam dotar suas trajetórias de significado.

Já “Trânsito” traz histórias de vida marcadas por transformações. Isso acontece por mudanças (voluntárias ou não) que alteram a ordem daquela narrativa, e o livro mostra pessoas se adaptando ao caráter volátil de suas experiências enquanto seres humanos.

Siga o LIBERAL no Instagram e fique por dentro do noticiário de Americana e região!

Encerrando a trilogia, “Mérito” reflete sobre as histórias pessoais a partir do ponto de vista das bênçãos e castigos que acontecem a cada um, resultados que parecem acontecer de forma arbitrária. É como se toda a obra falasse sobre o sentido narrativo e, ao final, a autora provocasse o leitor a pensar se o mérito de uma vida existe de forma objetiva ou se ele só está na narrativa que contamos dela.

Essa última parte também traz um toque de bizarrice, que se consagra com um final enigmático, indicando talvez para o caráter surreal da experiência humana. A leitura da trilogia é um desafio, mas achei excepcional e deixo a forte recomendação.

Marina Zanaki

Repórter do LIBERAL, a jornalista Marina Zanaki é aficionada pela literatura e discutirá, neste blog, temas relacionados ao universo literário.