19 de maio de 2024 Atualizado 18:43

Notícias em Americana e região

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Pelas Páginas da Literatura

Resenha: ‘Oi, sumido’, de Dolly Alderton

Livro de ficção da jornalista inglesa cria trama sobre prática de "ghosting" nas relações contemporâneas

Por Marina Zanaki

06 de maio de 2023, às 10h16 • Última atualização em 06 de maio de 2023, às 10h17

Muitas comédias românticas contemporâneas têm adicionado drama e temas atuais para ir além da história de amor. Mas eu nunca tinha visto uma que conseguisse cumprir essa proposta com tanta competência e naturalidade quanto “Oi, sumido”, ficção de estreia da jornalista inglesa Dolly Alderton lançada em março no Brasil pela editora Intrínseca.

O livro começa no dia do aniversário de 32 anos de Nina Dean. Ela é uma escritora de culinária bem-sucedida, tem ótimos amigos, uma família amorosa e acaba de comprar um apartamento. Quando conhece Max em um aplicativo de relacionamento, se apaixona por ele e sente que todas as áreas em sua vida estão equilibradas – basicamente, o sonho de todo adulto.

É nesse momento que ela sofre um “ghosting”. Max deixa de responder suas mensagens e atender suas ligações logo depois de dizer “eu te amo” pela primeira vez. Essa atitude desestabiliza Nina, que procura as razões para ter sido cortada da vida de Max.

Além do ghosting, “Oi, sumido” traz diversos dramas ligados principalmente à passagem do tempo. Conflitos sobre casamento, maternidade, amizade, vida profissional e envelhecimento são mais do que pano de fundo para a história de amor. As pressões, expectativas e medos em diferentes fases da vida são uma constante de quase todos os personagens, assim como a percepção de que, no fundo, todos anseiam por acolhimento.

O nome “Oi, sumido” é uma tradução ruim do título original “Ghosts”, e não consegue dar a ideia do livro maduro e interessante que Dolly Alderton entrega. Pode parecer pretensioso, mas a autora realmente captura a essência de como as pessoas se relacionam no mundo contemporâneo. Ao mesmo tempo, ela tem coragem de bancar o tema que se propôs a escrever, sem procurar saídas fáceis para o conflito romântico que criou.

O livro de estreia da autora é a autobiografia “Tudo que eu sei sobre o amor”, que venceu o National Book Award de Melhor Biografia no Reino Unido. Depois do ótimo “Oi, sumido”, vou procurar sua primeira obra e ficar atenta aos seus próximos lançamentos.

Marina Zanaki

Repórter do LIBERAL, a jornalista Marina Zanaki é aficionada pela literatura e discutirá, neste blog, temas relacionados ao universo literário.