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Resenha: ‘As Correções’, de Jonathan Franzen
Por Marina Zanaki
01 de julho de 2023, às 09h34 • Última atualização em 01 de julho de 2023, às 09h35
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/resenha-as-correcoes-de-jonathan-franzen/
Definido pela revista Times como o “grande romancista americano”, Jonathan Franzen concedeu uma entrevista ao programa Roda Viva no início de junho. Partindo do lançamento de seu novo livro, o autor respondeu a perguntas sobre diversos assuntos, como desafios sociais e ecológicos, redes sociais e a função da literatura. Depois de assistir à entrevista, que está disponível na íntegra no canal no Youtube do Roda Viva, resolvi ler “As Correções”, publicado em 2001 e considerado um dos mais importantes livros do autor, responsável por consagrá-lo.
A obra conta a história da família Lambert, formada pelos pais e três filhos. O pai Alfred está sofrendo do mal de Parkinson, e a mãe Enid quer juntar a família para o que ela chama de “último Natal”. Essa reunião só acontece no penúltimo capítulo do livro, depois do escritor esmiuçar cada um desses personagens com sua escrita caleidoscópica e frenética, feita de frases longas e ácidas.
“As Correções” é uma história sobre a desfacelamento desta família a partir da doença do patriarca. Ao mesmo tempo que se aprofunda na vida de cada personagem, Franzen faz um retrato da sociedade americana, com todas suas complexidades e camadas. Mais do que uma metáfora, Alfred é o conservadorismo americano que está em derrocada e não faz mais sentido para nenhum de seus filhos, mas que não deixa de entrar em conflito com eles e nem de assombrar a vida doméstica de sua esposa.
As correções do título podem ter múltiplos significados, mas para mim elas apontam para todas as formas que aqueles personagens tentam corrigir o mundo e as outras pessoas à sua própria visão, com todas as deturpações que isso significa.
No Roda-Viva, Jonathan Franzen defendeu que a literatura consegue estabelecer uma sensação de conexão entre os personagens e os leitores, transcendendo as diferenças. Para ele, “uma das funções do escritor de ficção é ajudar a entender como é ser alguém muito diferente de nós” – e é exatamente esse mergulho vertical nos personagens o aspecto mais brilhante de “As Correções”.
Repórter do LIBERAL, a jornalista Marina Zanaki é aficionada pela literatura e discutirá, neste blog, temas relacionados ao universo literário.