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Histórias do Coração

Regina e Walter

Foi preciso quase quarenta anos para que a Rua Maestro Silvio Bianchi, no Cordenonsi, "presenciasse" o nascimento do amor do casal

Por Carla Moro

31 de janeiro de 2021, às 08h56 • Última atualização em 31 de janeiro de 2021, às 11h08

Uma história de amor sempre começa antes mesmo de seu começo. A Regina me conta que ela e o Walter comemoram duas datas. 1 de fevereiro de 1986 é a segunda data. A primeira, é 12 de junho de 1980, quando o Walter pediu a Regina em namoro. Embora ele me diga, um pouco sem graça, que é ruim com datas, a Regina sabe todas elas com precisão. Alguns desavisados poderiam pensar que o Walter não se importa com os começos, mas ouvindo essa história, eu acredito que se esses começos existem, foi porque o Walter soube construí-los junto com a Regina.

Regina e Walter – Foto: Arquivo pessoal

Seu Manoel e Dona Tereza moravam com os filhos em uma casa na Rua Maestro Silvio Bianchi. A Regina era a caçula desses filhos. A casa, como tantas outras do bairro, tinha uma área na frente, portão baixo e um quintal grande, tão grande que havia uma segunda casa nos fundos. Na Vila Cordenonsi, as casas sempre chamaram atenção pelo tamanho de seus quintais e pelos olhos dos vizinhos, atentos aos casais que namoravam nas áreas na frente dessas casas. A Regina e o Walter foram um desses casais.

A Vila Cordenonsi é um dos bairros mais antigos de Americana. Em 1943, aconteceu a nomeação de suas ruas, que receberam nomes de pessoas ilustres, como artistas, cientistas e professores. A rua que serviria de cenário para o primeiro encontro do nosso casal, ganharia o nome de um maestro: Maestro Silvio Bianchi. Foi preciso quase quarenta anos para que essa rua presenciasse o nascimento do amor da Regina e do Walter.

O moço alto de sorriso largo tinha acabado de se mudar para a casa em frente à casa do Seu Manoel e da Dona Tereza. Para poder se aproximar da moça baixinha de cabelo bem liso, o Walter se aproximou primeiro do pai dela, inventando conversas e jogos de baralho. A estratégia funcionou. Por quase seis anos, nosso casal namorou naquela área da casa de quintal grande na Rua Maestro Silvio Bianchi. A porta da sala ficava sempre aberta.

Seu Manoel tossia ou arrastava os chinelos para indicar aos namorados que havia chegado a hora. O Walter apenas atravessava a rua e, do outro lado, estava em sua própria casa. Amor que sabe a hora de ir, mas também a hora de voltar.

Casaram-se na igreja conhecida como Matriz Velha, que, desde a década de 1950, um pouco depois da nomeação das ruas da Vila Cordenonsi, já era a segunda matriz da cidade, uma vez que a nova Matriz do Santo Antônio já havia sido construída. Na volta da lua-de-mel, mudaram-se para a casa que ficava no quintal grande do Seu Manoel na Rua Maestro Silvio Bianchi.

Esse amor é tão grande que precisou de duas datas para ser comemorado, dois filhos, dois netos e a certeza de que uma história de amor sempre começa antes mesmo de seu começo. A história da Regina e do Walter começou em 1943, quando a Vila Cordenonsi ganhou os nomes de suas primeiras ruas. Não fosse a Rua Maestro Silvio Bianchi, não fosse a casa de quintal grande, não fosse o moço alto que se mudou para a casa em frente à casa da moça de cabelo liso. Não fossem todos esses começos antes do começo, e essa história de amor que conto agora poderia jamais ter existido.

Carla Moro

Formada em Letras pela Unesp, Carla Moro faz neste blog um registro da trajetória dos casais! Quer sugerir sua história para a coluna? Envie um e-mail para colunahistoriasdocoracao@gmail.com